"Hermanos" melhores do que nós

Publicado  quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Hoje teve início o torneio masculino de futebol olímpico, com jogadores sub-23 como base do elenco e apenas três com idade acima da categoria. E no torneio, o Brasil estreou com vitória sobre o adversário mais complicado do grupo, a Bélgica, por 1 a 0. Juntamente, a Esquadra Azurra Italiana e os Hermanos Argentinos também começaram suas trajetórias com vitórias bem mais convincentes e agradáveis de se assistir do que o futebol pragmático que apresentou nossa seleção.

Os temidos africanos não tiveram bom começo nessa rodada, o melhor resultado foi o 0 a 0 da Nigéria contra a duvidosa seleção da Holanda. Esse resultado é enganoso, justamente por não saber o potencial real das duas equipes, ainda porque estão no grupo mais equilibrado das Olimpíadas e portanto não dá para prever como elas se portarão contra seus futuros oponentes. Também em partida válida pelo grupo B, os EUA venceram o Japão pelo mínima diferença, resultado magro mas suficiente para assumir a liderança do grupo e ter tranqüilidade para prosseguir com o planejamento de classificar para próxima fase.

Já pelo grupo D, os leões africanos, Camarões, apenas empataram com a Coréia do Sul por 1 a 1. E deve ficar com o segundo lugar do grupo no final das primeiras rodadas, por critérios de desempate, pois ambos devem ganhar da fraca Honduras e perder para Itália, ficando com saldo melhor do que sua concorrente direta. Falando em Itália, a Esquadra fez seu papel e dizimou a Honduras, com um imponente 3 a 0, para não deixar resquícios de dúvida e já se afirmar como uma das grandes favoritas ao ouro olímpico. A Itália, como já dito antes, deve se confirmar como primeira do grupo e assim, enfrentar o segundo do grupo do Brasil, que provavelmente deva ser a Bélgica, ou seja, o caminho até pelo menos para a semifinal quase garantido para os atuais campeões do mundo.

Outro time europeu a jogar hoje foi a Servia, que conseguiu arrancar um empate contra a Austrália no fim do jogo, deixando o placar em 1 a 1. Mas pela fraca apresentação das duas equipes, pode-se dizer que os favoritos às vagas do grupo A são Argentina e Costa do Marfim. Aliás, a melhor apresentação até agora dentre todas as equipes foi justamente a partida entre os Hermanos e os africanos. Numa exibição de gala, os argentinos, comandados pelo excelente trio de ataque, Sergio Aguero, Juan Riquelme e Lionel Messi, venceu a surpreende seleção da Costa do Marfim por 2 a 1 e encheu de esperanças sua torcida para o bicampeonato olímpico. Sempre no seu estilo de toque de bola envolvente, a Argentina sempre esteve com domínio do jogo, mas seu oponente deu trabalho em diversas horas que tinha a posse e ia em veloz contra-ataque. Com um lindo lançamento rasteiro pelo meio dos defensores, Riquelme achou Messi sozinho que com tranqüilidade, dominou a bola, já deixando o goleiro no chão e chutando no canto oposto. No começo do segundo tempo, a Costa do Marfim chegou ao empate com cruzamento na área por elevação e Cisse ganhou de cabeça do zagueiro e encobriu o goleiro. Mas a inocência africana se fez presente no lance decisivo do jogo, no qual fizeram uma falta perto da sua própria área defensiva e não acompanharam o desfecho da jogada, em que Messi tabelou com Riquelme e entrou chutando cruzado pela esquerda, o goleiro deu rebote e a bola caiu limpa nos pés de Acosta que só teve o trabalho de empurrar a bola para o fundo das redes. A Argentina não deve encontrar grandes empecilhos com os outros adversários e deve se manter em primeiro no grupo A e, assim como a Itália, deve seguir seu caminho bem até as semifinais. E a Costa do Marfim, apesar do resultado adverso, pode ser a grande surpresa e talvez se classificar. Apresentou um futebol vistoso e proporcionou grandes impressões a seu respeito. É uma seleção a prestar atenção.

O Brasil se beneficiou do empate entre seus futuros oponentes, Nova Zelândia e China, por 1 a 1 e assumiu a primeira colocação do grupo C com 3 pontos, após a vitória sobre a Bélgica por 1 a 0, como era esperado. Outro fato não esperado era que a seleção brasileira jogasse bem, pois tinha tido pouco tempo para treinar e sabidamente teria um jogo mais difícil contra um adversário alto e forte na estréia, além do calor intenso e as más condições do gramado. Contudo o Brasil jogou muito mal, apresentou um futebol pragmático, sem grande eficiência e sem grandes riscos também. Com isso, encerrou o primeiro tempo sem alterações no placar. Na segunda etapa o Brasil melhorou um pouco, mas era barrado pela forte e, muitas vezes exagerada, marcação belga. O trio ofensivo do time, Diego, Pato e Ronaldinho Gaúcho pouco funcionava e as jogadas ofensivas eram basicamente criadas de investidas dos laterais Rafinha e Marcelo. Foi então que o árbitro da partida, o sr. Khalil Al Ghamdi, entrou em cena e deu uma "ajuda" para nossa seleção e deu uma falta que não existiu em cima de Diego e deu cartão amarelo para o zagueiro belga Vincent Kompany, que já tinha um, recebido no primeiro tempo, e foi expulso. Com um jogador a mais, o Brasil conseguiu partir para o ataque e aos 33 minutos da fase complementar, o volante Hernanes fez uma bela jogada, premiada com um lindo gol. Depois de Diego brigar pela bola no lado direito da área adversária, o lance seguiu com Hernanes. O volante do São Paulo puxou a bola para o centro e enganou o marcador fingindo que bateria de direita, trouxe para a perna esquerda e fuzilou no ângulo superior direito do goleiro. Finalmente o peso da estréia saiu e puderam jogar melhor. Ainda houve outro jogador belga expulso e um gol anulado de Jô. Resultado final 1 a 0 Brasil.


Analise geral: lógico que a torcida é por um futebol bonito e convincente, mas é uma competição de tiro curto e o mais importante, talvez, nesse momento era conquistar três pontos, adquirir confiança e mais entrosamento. Agora faltam cinco jogos para o sonho olímpico. Os próximos duelos serão mais fáceis contra Nova Zelândia e China, portanto servirá como bom preparo para o que vem pela frente, que pode ser Camarões novamente em quartas-de-final. Mas em contrapartida, é ruim ter oponentes tão fracos, pois exige um nível menor de concentração e habilidade para vencer, isso pode ser maléfico para seleção que pode não adequar-se rapidamente as diferentes situações e entra nas fases finais mais relaxados do que deveriam. Enfim, a esperança é que seja diferente, o trio ofensivo e o Brasil em geral desencante, vença bem, se possível com espetáculo e se encaminhe com confiança para as demais fases da competição.

Escalações:


Brasil:Renan; Rafinha, Alex Silva, Breno, Marcelo; Lucas, Hernanes, Anderson (Thiago Neves), Diego (Ramires); Ronaldinho e Alexandre Pato (Jô)
Técnico: Dunga
Bélgica:Bailly; De Roover, Kompany, Vermaelen; Pocognoli, Fellaini, Vertonghen, Martens (De Smet), Tom de Mul (Vanden Borren); Mirallas (Simaeys) e Dembele
Técnico: Jean-François Desard


Data: 07/08/2008 (quinta-feira)
Local: estádio Olímpico de Shenyang (China)
Arbitragem: Khalil Al Ghamdi
Auxiliares: Mohammed Al Ghamdi (SAU) e Hamdi Al Kadrie (SIR)
Cartões amarelos: Hernanes, Anderson, Breno (BRA); Mirallas, Kompany, Pocognoli (BEL)Cartão vermelho: Kompany e Fellaini (BEL)
Gols:Hernanes, aos 33min do 2º tempo

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