Brasil: o país do vôlei (feminino)

Publicado  domingo, 24 de agosto de 2008

A grande consagração das mulheres brasileiras nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 veio na manha desse sábado, com a esplêndida vitória sobre os EUA por 3 sets a 1. Foi uma campanha quase perfeita, que tornou o técnico José Roberto Guimarães o primeiro treinador a vencer um torneio de vôlei olímpico tanto com time masculino (Barcelona-92) quanto com time feminino (Pequim 2008).
A história recente dessas meninas foi recheada de bons resultados, mas não reconhecidos por um fato desagradável, que as acompanhava e assombrava pelos últimos grandes torneios disputados: toda vez que chegava em momentos decisivos, não conseguia manter o controle emocional e tomava viradas inacreditáveis. A mais incrível, e que tinha se tornado o grande trauma, foi na semifinal de Athenas 2004 contra a Rússia, em que a partida estava no 4º set, com 2 sets a 1 a favor e o placar de 24-19 com 6 match points para garantir no mínimo a prata. Todavia, não conseguiram concluir o jogo e perderam no tie-brake. A culpa foi recaída em cima de Mari, que na época tinha 19 anos. O time não conseguiu se reerguer a tempo e perdeu o bronze para as cubanas. No mundial em 2006, aconteceu algo semelhante contra as mesmas russas na decisão e tiveram que se contentar com a segunda colocação. No Pan do Rio-07, repetiu-se a cena, contra as cubanas na final.
Mas nesse período, Fofão, Mari, Paula Pequeno e cia. conseguiram se fortalecer, com um trabalho minucioso de toda comissão técnica e de psicólogos competentes. Para essa competição, todas vieram muito bem preparadas e animadas com a conquista recente do Grand-Prix feminino.
Nas Olimpíadas, elas vieram fazendo uma campanha irretocável, batendo todas as suas adversárias por 3 sets a 0, incluindo a temível Rússia. Veio as fases finais e continuou o ritmo massacrante, tanto contra Japão como contra as donas da casa. E assim, chegaram a final com extremo favoritismo e tendo espantado o fantasma da semifinal. Agora seria necessário o título, para livrar-se totalmente do rótulo de "amarelonas". Trataram de vencer bem o primeiro set por 25-15. Mas o segundo set, a equipe americana jogou melhor e venceu por 25-18. As brasileiras não se deixaram abalar e não tomaram mais conhecimento das oponentes. 25-13 e 25-21 foram as parciais seguintes. O Brasil conquistava sua terceira medalha de ouro, a primeira em esportes coletivos e engrandecia ainda mais essa geração que merecia um reconhecimento mais amplo. "Aqui a gente estava muito tranquilo porque todo o trabalho foi planejado e feito. Muitas das críticas que recebemos nós merecemos, porque a gente não conseguia fechar algumas partidas. Aquilo doía na gente porque a gente não queria admitir. Eu sabia que o time tinha caráter, tinha brio, tinha garra, que poderia ganhar de qualquer time do mundo, mas as derrotas aconteceram. Acho que a gente aprendeu, não adianta de sair batendo em todo mundo. Tem que se trabalhar. Só fica a história e essa medalha vai ficar pra sempre", desabafou o técnico após a partida.
Apesar dos aposentos de Fofão e Walewska, fica a certeza de um trabalho bem feito, que será prolongado e terão substitutas à altura, que darão continuidade às conquistas já obtidas e às que estão por vir.

0 comentários: