Coluna Torcedor Olímpico - A diferença entre torcer e assistir

Publicado  quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Esta foi a quarta coluna que escrevi, ainda na semana passada:

Na última terça-feira, fui assistir partidas de tênis e torcer pela dupla brasileira formada por Marcelo Melo e Bruno Soares. Pude constatar que são ações distintas, quase antagônicas.
Veria o espanhol David Ferrer, a alemã Angelique Kerber, bastante gente que é famosa no circuito mundial e que seria excelente de vê-los em quadra, apresentando o melhor que o esporte poderia mostrar.
Como um amante do tênis, estava desde cedo no Centro Olímpico para não perder um detalhe. Por isso, pude escolher lugar onde assistir, já que não havia acento demarcado. Cada uma das três primeiras partidas, assisti de um ângulo diferente. Assim pude ter perspectivas diferentes da bola ter pingado dentro ou fora de quadra.
Tênis, assim como determinadas modalidades, tem uma etiqueta para acompanhar o andamento do jogo, não atrapalhando os atletas, astros do evento.
Os árbitros cansavam de pedir para que os espectadores sentassem logo. Até aí, aceitável, uma vez que, em outros lugares do mundo também há essas advertências.
Mas a dinâmica do jogo pede silêncio, o público pouco se manifesta durante o ponto, sempre nos intervalos. Na terceira partida, escolhi um lugar que julgava bom, para torcer depois pelos brasileiros. Atrás de mim havia uma família, pai, mãe e filho. Simplesmente não paravam de falar. Aí qualquer um diria: por que não levantei e fui procurar outro lugar, se estava incomodado com a situação?
Mas, sendo crítico e dentro do meu direito de consumidor, pedi com educação que fizessem silêncio. O cara disse que estava sendo inconveniente, mas ficaram quietos. Depois se mudaram.
Veio a partida da dupla brasileira e, com ela, outra atmosfera se formou. Virou jogo de Copa Davis. Quem acompanha, sabe que é diferente partidas assim. O Brasil perdeu, no entanto, estava com minha bandeira na mão, apoiando até o último ponto, mesmo quando já não tinha mais chances. É meu país brigando. Mas não desrespeitei nenhuma conduta do esporte ou atrapalhei os atletas.
O mesmo cara passou com o filho e citou Guia do Espectador (disponível no site dos Jogos), argumento que eu tinha apresentado para justificar seu barulho, como meio de proibir que eu torcesse.
Ao invés de dar o exemplo para o filho de entender a situação, como se portar num evento desse tipo e aceitar quando está equivocado, dá procedimento à cultura de retrucar, que só a verdade dele é a correta e que para 'ganhar' uma discussão basta igualar com um argumento já apresentado numa situação que lhe favoreça.
Assim vamos construindo o país e uma cultura esportiva baseada nos nossos bons costumes.

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