Tóquio 2020 - Dia 11: Não deixe que eu acorde desta terça-feira olímpica

Publicado  terça-feira, 3 de agosto de 2021

Foto: Jonne Roriz/COB
O décimo primeiro dia de competições de Tóquio parecia um sonho, daqueles que, quando acorda, você tenta retornar só para curtir mais um pouco. Grande número de medalhas durante a madrugada inteira, três quebras de recordes mundiais e Brasil potência esportiva, com direito a bicampeonato olímpico e mais três bronzes.

Esse negócio de ficar acordado por muitas madrugadas seguidas e trocar o dia pela noite, dá um nó em nossas cabeças. Veja só, quando que veríamos o Brasil ter chances de conquistar ou assegurar oito ou nove medalhas no mesmo dia? Assistir muito a Olimpíada dá nessas coisas. Desta terça-feira dos sonhos, o país teve reais condições de cinco medalhas e levou um ouro e três bronzes. Ainda tinha remotas possibilidades de mais três. E poderia ter assegurado mais três e assim o fez em duas.

O sonho começou como "pesadelo", se é possível chamar um quarto lugar do mundo dessa forma. Isaquias Queiroz buscava mais uma medalha na Canoagem Velocidade K-2 1000m. Ao lado do novo parceiro Jacky Godmann, justificou o favoritismo de uma vaga na final, com o segundo tempo da bateria. Contudo, a dupla não conseguiu emparelhar com cubanos, chineses e alemães na final. Terminaram na quarta colocação.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB
A partir daí o sono passou a ficar mais profundo e tranquilo, com muitas alegrias. O jovem Alison dos Santos correu leve como uma pluma e passou pelas barreiras como nuvens que se desfaziam. Nos 400m com barreiras, ele foi um dos protagonistas de uma das provas mais tecnicamente bem disputadas e difíceis até agora. Quase todos os oito atletas estipularam novas marcas pessoais, da temporada, do país, continentais (caso dele próprio, com recorde sul-americano pelo tempo de 46s72) ou mundial. O norueguês Karsten Warholm ficou com o ouro, com o fantástico tempo de 45s94 e o americano Rai Benjamin apertou, mas acabou com a prata. O tempo de Alison foi suficiente para o bronze.

Foto: Jonne Roriz/COB
O ápice do sonho veio já na sequência, na Vela. Martine Grael e Kahena Kunze partiram para a regata da medalha da classe 49er FX em segundo na classificação. Havia possibilidade desde conquistar o ouro até ficar fora do pódio, dependendo da combinação de resultados. Felizmente para as velejadoras campeãs no Rio-2016 a combinação foi a melhor possível. Chegaram em terceiro na regata, mas com holandesas, alemãs e espanholas, que também brigavam, ficaram para trás, tornou o sonho do bicampeonato olímpico realidade com tons dourados no mar japonês.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB
Duas medalhas novas, que ainda não se sabe de qual metal, tipo quando não identifica uma pessoa ou objeto no sonho, ganharam contornos mais claros e conforme ia raiando o dia. A primeira foi garantida com Beatriz Ferreira no Boxe peso leve. Não deu margem para interpretação dos juízes contra a lutadora do Uzbequistão. Passou das quartas-de-final e já assegurou, pelo menos, o bronze. A outra teve traços de déjà-vu, com Brasil e México em decisão no futebol masculino, já que os dois países fizeram a final de Londres-2012. Desta vez, o jogo teve ares dramáticos e chegaram a perturbar o sono. O placar de 0 a 0 perdurou até a prorrogação. Mas a tranquilidade veio com os anjos, digo com o goleiro Santos e a trave, que pararam dois pênaltis mexicanos. Os quatro batedores brasileiros converteram e garantiram, ao menos, uma nova prata. É a terceira decisão seguida do país, que vai tentar o bi contra a Espanha.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB
Também aconteceu de aparecer elementos que te trazem a certeza de não estar na realidade, mas que são muito sentidos dentro do sonho. Foi assim com o segundo bronze do dia. No Boxe, peso pesado, Abner Teixeira deu a impressão que poderia vencer o cubano na semifinal e transformar o bronze garantido em um metal mais valioso. Nem nos melhores sonhos isso foi possível e o pugilista teve que contentar-se com o feito que já tinha alcançado anteriormente em sua campanha.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB
Já com o dia claro, veio aquela parte do sonho que te faz acordar bem, sorridente e satisfeito de ter sonhado tudo aquilo. Thiago Braz mostrou que é saltador de finais olímpicas e cresce nos momentos decisivos. Era muito difícil repetir o ouro do Rio por sua forma em recuperação e o favoritismo do sueco Armand Duplantis, que confirmou o ouro, e do americano Chris Nilsen, que ficou com a prata. Mas se o sonho fosse almejado com muita vontade, um lugar no pódio poderia acontecer. Assim, Braz saltou 5,87m, sua melhor marca da temporada no salto com vara, garantindo o bronze.

É claro que esse dia não passou de um delicioso sonho. Impossível ter visto tanto de um Brasil que dá certo desse jeito. Pena que só durou um dia olímpico.

Resumo do dia

Muitas medalhas:

  • > Atletismo salto em distância fem. - (ALE > EUA > NIG) // 400m com barreiras masc. - (NOR** > EUA > BRA) // salto com vara masc. - (SUE > EUA > BRA) // lançamento de martelo fem. - (POL > CHN > POL) // 800m fem. - (EUA > GBR > EUA) // 200m fem. - (JAM > NAM > EUA);
  • > Boxe peso pena masc. - (bronze para GAN/CUB - disp. ouro: RUS x EUA) // peso pesado masc. - (bronze para BRA/NZL  - disp. ouro: CUB x RUS) // peso pena fem. - (JAP > FIL) // peso meio-médio masc. - (CUB > GBR);
  • > Canoagem velocidade K-1 200m fem. - (NLZ > ESP > DIN) // C-2 1000m masc. - (CUB > CHN > ALE) // K-1 1000m masc. - (HUN > HUN > POR) // K-2 500m fem. - NLZ > POL > HUN);
  • > Ciclismo de Pista perseguição por equipes fem. - (ALE** > GBR > EUA) // sprint por equipes masc. - (HOL* > GBR > FRA);
  • > Ginástica Artística barras paralelas masc. - (CHN > ALE > TUR) // trave fem. - (CHN > CHN > EUA) // barra fixa masc. - (JAP > CRO > RUS);
  • > Levantamento de peso até 109 kg masc. - (UZB** > ARM > LET);
  • > Luta Olímpica estilo greco-romana até 77 kg masc. - (HUN > QGZ [Quirguistão] > AZE/JAP) // até 97 kg masc. - (RUS > ARM > IRA/POL) // estilo livre até 68 kg fem. - (EUA > NIG > QGZ/UCR);
  • > Saltos Ornamentais trampolim 3m masc. - (CHN > CHN > GBR) e;
  • > Vela classe 49er FX (BRA > ALE > HOL) // classe 49er - (GBR > NLZ > ALE) // classe Finn - (GBR > HUN > ESP) // classe Nacra 17 - (ITA > GBR > ALE).
*Estabeleceu novo recorde olímpico // **Estabeleceram novos recordes mundiais

Brasileiros

Mesmo com todas aquelas conquistas, ainda teve outros brasileiros em disputas com resultados diversos.

>Wanderson de Oliveira poderia ter garantido a quarta medalha do Boxe brasileiro nessa edição dos Jogos, caso tivesse vencido o cubano Andy Cruz no peso leve. Parou nas quartas.

>Outra remota chance de medalha foi na despedida da Ginástica Artística. Flávia Saraiva competiu contundida na final da trave, mas terminou com a sétima colocação.

>No Hipismo saltos individual, Yuri Mansur zerou o percurso com o cavalo Alfons e está na final. Marlon Zanotelli derrubou um obstáculo com o cavalo Edgar M e ficou em 31º. Classificam 30.

>Samuel Albrecht e Gabriela Nicolino tinham chances quase nulas na regata da medalha da classe Nacra 17. Terminaram na décima colocação.

>Laís Nunes não foi párea para a búlgara na Luta Olímpica estilo livre até 62 kg. Perdeu a luta e parou nas oitavas da categoria. 

>O time masculino de Vôlei não enfrentou grandes dificuldades contra o Japão. Venceu por 3 sets a 0 e está na semifinal contra a Rússia.

>Já a dupla Rebecca e Ana Patrícia até engrossaram contra a dupla alemã no Vôlei de Praia, mas perderam por 2 a 1 e se despediram nas quartas. Ana Patrícia já veio de alguns dias de mal súbito e, depois da partida, desmaiou novamente.

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