Paralimpíada de Tóquio-2020: Análise do quadro de medalhas

Publicado  quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Passado pouco mais de dez dias do fim da Paralimpíada de Tóquio, com uma soberania chinesa e uma grande exibição dos paraatletas brasileiros, é interessante avaliar alguns números comparativos com o mesmo evento realizado há cinco anos no Rio de Janeiro.

Assim como nos Jogos Olímpicos, os Jogos Paralímpicos representam a excelência do alto rendimento. São carregados de simbolismos para quem não acompanha tão assiduamente, mas leva a mesma bandeira de inclusão sem capacitismo que, por exemplo, atletas transgêneros carregam. E, da mesma forma que o outro evento maior, essa Paralimpíada foi testemunha de grandes marcas alcançadas, inúmeros recordes batidos e geradora de novos heróis e heroínas. Vale ressaltar o contexto pandêmico vivido e que trouxe dificuldades para todos durante a preparação e adiamento das competições.
Tal como para os atletas sem nenhuma restrição física ou intelectual, Tóquio presenciou mais países medalhados em suas terras do que qualquer outra edição. Foi um um recorde de nações laureadas, 86 das 161 participantes, três a mais que em 2016. Também é interessante notar que há países que são potências olímpicas e mantém o desempenho como paralímpicas. Mas é mais nítido países que são super-fortes em um, mas não em outro. Um caso é o próprio dono da casa, o Japão é uma das cinco nações mais fortes nos esportes convencionais, apesar de ter crescido consideravelmente para essa Paralímpiada, não é igualmente forte nos esportes adaptados. A Ucrânia, por sua vez, vai muito melhor entre os paraatletas, assim como a Índia. O quanto um incidente longínquo como o ocorrido em Chernobyl ainda afeta a região e "produz" paraatletas competitivos? Os casos são diferentes em cada nação, já que é mais difícil detectar uma razão para explicar o maior sucesso do Brasil, por exemplo, neste segundo evento.
O fato é que o Brasil é ainda mais protagonista entre os americanos e toma o posto de segunda potência do Canadá. Estados Unidos é o principal país no continente, mas não chega perto de rivalizar com China ou Grã-Bretanha.
A África é o continente que mais sofre modificação entre os seis primeiros se comparado com o desempenho na Olimpíada. Tunísia, Argélia e Marrocos são países próximos à Europa, isso significa que estiveram mais próximos de grandes guerras e, possivelmente, acidentes com explosões. Pode ser apenas uma hipótese vinda de uma época mais antiga, mas pode explicar o melhor desempenho do que locais como Etiópia e Quênia.
Um aspecto que sempre chama atenção em Jogos Olímpicos é como vai ser o desempenho do próximo anfitrião, principalmente se há uma melhora no número de conquistas. Não acontece da mesma forma entre os Paralímpicos, mas o caso da França intriga porque não é nem uma potência dentro do próprio continente europeu.  
Como dito anteriormente, a China é soberana com larga vantagem para os britânicos em termos mundiais. No continente asiático, nem somando todo o restante chegaria perto do país. De qualquer forma, também é interessante avaliar que o Japão saiu de zero medalhas de ouro no Rio para 13 e teve o maior ganho de medalhas totais. 
A Oceania tem o menor número de países entre todos os continentes e reflete o número de medalhistas nos dois eventos. A diferença é que Fiji não foi contemplado como no Rugby olímpico. A Austrália, no final, quase ultrapassou o Brasil na sétima colocação, ficou há uma medalha de ouro de distância.

Quase todos os países que mais subiram posições, Japão (53), Israel (52), Jordânia (30) e Venezuela (27), saíram de nenhuma medalha dourada do Rio para 13, 6 , 4 e 3, respectivamente. 
Por outro lado, Egito (-34), Croácia (-24), Letônia (-21), Hong Kong (-28), Iraque (-31), Eslovênia (-13), Kuwait (-11), Namíbia (-18), Vietnã (-20), Lituânia (-32) e Quênia (-43) tiveram as respectivas perdas de colocações entre parênteses porque deixaram de ocupar o lugar mais alto do pódio. Todas essas nações conquistaram, ao menos, um ouro há cinco anos e não repetiram seu desempenho anterior.
Mas essa mudança é mais perceptível nos andares mais baixos. A China e a Grã-Bretanha foram os que mais perderam medalhas no total e mais ouro, especificamente, 11 e 23. Mesmo assim, mantiveram suas colocações em comparação aos Jogos passados.
Por fim, mais países estrearam no quadro de medalhas e ganharam seus primeiros ouros do que na Olimpíada, tinha sido apenas três novos países novos. Agora, além dos cinco novos, dois deles já conseguiram ouro, contra nenhum dentre os olímpicos. Também outros quatro países ouviram seus hinos, contra dois dos esportes convencionais.

Tóquio 2020 - Análise do quadro de medalhas

Publicado  sexta-feira, 20 de agosto de 2021


Com o crescimento de modalidades, no meio de uma pandemia, uma nova geografia das medalhas foi escrita com quase metade dos países participantes tendo subido no pódio de Tóquio-2020. Um recorde com sete bandeiras a mais figurando entre os campeões do que há cinco anos.

Há um mês começava mais uma edição de Jogos Olímpicos tão intensa quanto emocionante. Grandes histórias foram escritas, recordes batidos e medalhas conquistadas. Agora é o momento ideal para analisar resultados, fazer balanços e matar saudades de alguns feitos antes de começar a Paralimpíada no Japão.

Quantos significados podem ter uma medalha, uma conquista? E quando dois países aceitam dividir a glória máxima, dizendo que não são inimigos, mas podem se igualar em uma disputa justa? Foram 340 medalhas de ouro, 338 pratas e 402 bronzes, 1080 atletas ou equipes contemplados com a representação máxima que o esforço pode trazer. Não que o restante não merecesse, mas o esporte premia três ou quatro (nos casos das lutas - Judô, Boxe, Luta Olímpica, Caratê e Taekwondo) por vez.

A seguir, trago uma série de infografias que analisam como ficou o quadro de medalhas em relação ao mapa geopolítico das nações e continentes.

Em termos de porcentagem de países, a Europa foi o continente que chegou mais perto de ter todas as nações com uma medalha. Mas é interessante que, se traçar as linhas imaginárias que marca a zona equatorial e tropical, os países da faixa central de todos os continentes tiveram menos representação do que países mais afastados dos trópicos.


No mapa anterior, era possível entender todos os países medalhados. Neste agora, foi dividido por metal da medalha conquistada.








Ao fazer o comparativo do quadro de cinco anos atrás foi possível verificar alguns padrões para países que melhoraram ou pioraram seus desempenhos:

  • Antes eram 29, agora apenas 25 países conquistaram dois dígitos de medalhas;
  • Rússia e Itália aumentaram suas quantidades de ouro, foram dois dos países que mais tiveram ganhos de medalhas no geral e mesmo assim, caíram no ranking (russos de 4º para 5º, italianos de 9º para 10º);
  • Países que desceram no quadro porque conquistaram número de ouros menor ou igual, mas obtiveram mais medalhas no geral: Hungria, Ucrânia, Indonésia, Fiji e Finlândia;
  • Países que mais subiram no quadro coincidentemente dobraram ou fizeram melhor ainda seu desempenho anterior: Noruega, Bulgária, Irlanda, Israel, Qatar, Kosovo, Índia, Filipinas, Áustria, Egito, Portugal e Estônia;
  • Romênia e Porto Rico mantiveram os números de ouro e medalhas totais conquistadas, mesmo assim, desceram alguns degraus;
  • Espanha, Eslováquia e Armênia mantiveram o total, mas decresceram nos ouros, o que acarretou descida para estes países;
  • É possível observar oscilações maiores em quem ganha ou deixa de conquistar um ouro nas faixas intermediárias do que no top-10. Os Estados Unidos e a Alemanha tiveram sete ouros a menos cada, os americanos mantiveram a primeira colocação e os alemães caíram do 5º para o 9º lugar. A Noruega não tinha nenhum ouro anteriormente, ganhou quatro, subiu de 74º para 20º.

Análise tática Esporte pelo Juva - como Messi deve jogar no PSG

Publicado  quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Tóquio 2020 - Dia 16: Últimos brilhos eternos de uma mente cheia de lembranças

Publicado  domingo, 8 de agosto de 2021


Chega ao fim as disputas de Tóquio com as últimas medalhas pendurada no peito dos campeões. O Brasil esteve com a bandeira no pódio duas vezes com duas pratas. Assim, a "terra do sol nascente" carrega a melancolia de ser a "terra do brilho poente", mas deixando grandes lembranças para quem se envolveu com os XXXII Jogos da Era Moderna.


Coube à Sérvia a última vitória na Olimpíada de Tóquio-2020. Foi um 13 a 10 sobre a Grécia no Polo Aquático. Curiosamente, o país-berço dos Jogos estava presente na disputa do último ouro. Os sérvios tiveram dificuldades para confirmar o bicampeonato seguido no masculino, mas impuseram a sua maior força e técnica. A Hungria completou o pódio ao vencer a Espanha por 9 a 5, na disputa pelo bronze.

No entanto, não será o último país a ouvir seu hino em cima do degrau mais alto. Tradicionalmente, a maratona masculina do Atletismo é a última prova a ser coroada, dentro da cerimônia de encerramento. Uma novidade que essa edição trouxe, o pódio feminino da mesma prova também será consagrado durante a cerimônia. Desta forma, por duas vezes, o hino a ser tocado será do Quênia. Ontem, Peres Jepchirchir teve uma vitória apertada, com o tempo de 2h27min20, sobre a compatriota Brigid Kosquei, que chegou apenas com 16 segundos de desvantagem. Molly Seidel, dos Estados Unidos, quase fura a festa dupla do país africano. Ficou com a terceira colocação, dez segundos depois.


Hoje, o astro Eliud Kipchoge arrancou com muitos quilômetros faltando para cumprir com seu favoritismo. Chegou destacado, com 2h08min38 no percurso da cidade de Sapporo, que foi escolhida como local de competição por causa da alta umidade em Tóquio. Mais de um minuto depois, chegou Abdi Nageeye, que nasceu na Somália, mas compete pela Holanda. Imigração parecida realizada pelo terceiro colocado, Abdi Bashir, com mesma origem, mas que carrega a bandeira da Bélgica. A prova contou com a participação de três brasileiros. Daniel Chaves da Silva abandonou ainda nos primeiros quilômetros da prova. Daniel do Nascimento, chegou a liderar e sempre manteve-se no grupo da frente, mas teve um mal súbito e também não conseguiu completar o trajeto. O único que atravessou a linha de chegada, Paulo Roberto de Paula, terminou em 69º.

Resumo do dia

Considerável o número de medalhas para o último dia de competições:

  • > Basquete feminino - (EUA > JAP);
  • > Boxe peso leve fem. - (IRL > BRA) // peso leve masc. - (CUB > EUA) // peso médio fem. - (GBR > CHN) // peso super pesado masc. - (UZB > EUA);
  • > Ciclismo de Pista sprint fem. - (CAN > UCR > HKG) // keirin masc. - (GBR > MAL > HOL) // omnium fem. - (EUA > JAP > HOL);
  • > Ginástica Rítmica geral por equipes - (BUL > RUS > ITA);
  • > Handebol masc. - (FRA > RUS > NOR) e;
  • > Vôlei fem. - (EUA > BRA > SER).

Brasileiras

Outras duas participações brasileiras eram mais aguardadas. Beatriz Ferreira, no Boxe, e o time de Vôlei feminino ainda alimentavam o sonho de dois ouros, o que passaria a marca de sete obtidos na Rio-2016. Todavia, ambas tentativas fecharam a participação brasileira com duas pratas que devem ser igualmente valorizadas como as outras 19 que o país conquistou. No peso leve feminino, Bia até fez um primeiro round equilibrado com a irlandesa Kellie Harrigton, mas nos outros dois ficou mais latente a predominância da adversária no combate. Já as meminas que foram para quadra, não tiveram chances perante uma seleção americana, líder do ranking mundial e absolutamente favoritas. As parciais de 25/21, 25/20 e 25/14 não deixam margem para que o sonho fosse maior do que o alcançado.

Com isso, mais uma edição olímpica fica para trás, repleta de polêmicas, desde se deveria ter sido realizada na crise que a humanidade vive até presença de público e as influências das redes sociais. O fato é que aconteceu mais uma vez, com um ano de adiamento, os Jogos Olímpicos de Tóquio. E o que não faltará são grandes momentos, grandes personagens, grandes conquistas para que, quando olharmos a história e pensarmos "apesar de...", tenhamos a certeza que pudemos presenciar novamente grandes feitos realizados por esta espécie e cultivemos as mais lindas lembranças que a esportividade nos traz.

Tóquio 2020 - Dia 15: Receita campeã tem acarajé, azeite de dendê e vatapá

Publicado  sábado, 7 de agosto de 2021

Montagem sobre fotos de COB e CBF

Tá com fome e quer uma receita de sucesso? Mexa os ingredientes para a massa como Isaquias Queiroz mexe a pá na água, bata o recheio como Hebert Conceição e acrescente um molho experiente como Daniel Alves. Leve ao forno e sirva em uma bandeja dourada. Não tem como não fazer sucesso no fim de semana do dia dos país. Apesar de parecer culinária, essa é uma crônica de esporte.

Isaquias Queiroz, Hebert Conceição e Daniel Alves são atletas e não cozinheiros. Mas têm mais aspectos em comum desses três: todos conquistaram medalha de ouro no décimo quinto dia de competições para o Brasil (Canoagem Velocidade, Boxe e Futebol, respectivamente) e todos são orgulhosamente baianos. Se tem uma terra arretada, porreta de produzir campeões nessa edição dos Jogos de Tóquio é a Bahia. Mesmo lugar de origem de Ana Marcela Cunha, campeã da Maratona Aquática. E que pode produzir mais uma medalhista dourada, Beatriz Ferreira, no último dia de competições. O "país" baiano estaria entre as 20 potências esportivas do mundo. Além de ter uma culinária excelente que deve servir de combustível para tanto campeão. Muito axé!

Foto: Jonne Roriz/COB

Para um bom prato baiano ingredientes frescos e típicos da região são fundamentais. Muitas vezes precisa de um ingrediente úmido, leite ou água, para unir os outros ingredientes secos e deixar a massa mais macia. Esses fluídos precisam de uma batedeira bem forte e constante para deixar a massa homogênea. Tipo como o Isaquias Queiroz. Poucas vezes uma atuação individual foi tão soberana e imponente o remador de Ubaitaba. Na prova da Canoagem Velocidade C-1 1000m, venceu sua semifinal com folga e teve o privilégio de competir na raia central da final, por ter um dos melhores tempos. Desde o início foi destaque pela força e facilidade com que conduzia a canoa. Por determinado tempo, até metade da prova, esteve ao lado do chinês Hao Liu, que ficou com a prata. Serghei Tarnovschi, da Moldávia, que terminou com o bronze, não fez sombra. E por mais que sejam bons países, para a receita tem que ter resistência baiana mesmo. Então Isaquias conseguiu abrir mais de uma canoa de vantagem e terminou a massa em 4min04s408, tempo ideal para dar liga e deixar descansando até juntar com o recheio. Aqui vem uma dica fundamental para dar um diferencial ao sabor. Adicione instruções espanholas para trazer ares mediterrâneos. Isso porque Isaquias tinha o treinador Jesus Morlán, que morreu em 2018, com 52 anos, vítima de câncer no cérebro, e que deixou todo o cronograma de treinos para que seu pupilo cumprisse até os Jogos. Infelizmente, não conseguiu ver a consagração material do ouro, mas não deixou de ser lembrado nessa receita.

Foto: Wander Roberto/COB

O recheio pode ser uma carne ucraniana ao murro. É preciso ter uma mão de tijolo para esmurrar essa carne mais dura com eficiência e solte mais sabor quando for ao forno. Até irá pensar que está apanhando da carne, mas seja persistente e destemido como Hebert Conceição perante Oleksandr Khyzhniak, que batia, mas vinha perdendo a mão nos dois primeiros rounds. Faltando 1min40 a carne vai esmolecer, vai abrir a guarda. Esse é o momento de acertar um cruzado de esquerda na ponta do queixo. O bicho vai se retorcer, vai cair na lona. Quando tentar voltar, o termômetro vai indicar fim do preparo. Pode ter certeza que fez o certo e pode juntar com a massa para ir ao forno. Foi assim que o pugilista de Salvador fez no peso médio. Como uma cena de Rocky Balboa, que já daria por vencido, encontrou um golpe heroico no final e, incomumente, virou a luta com um nocaute. Fato que não acontecia em Olimpíadas há 25 anos. A vitória ficou maior ao saber que o rival não perdia a 62 lutas. Um sabor de ouro inigualável e um recheio maestral para um dia olímpico.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB

Por fim, é preciso fazer um molho que vá juntar tudo naquela garfada saborosa quando está experimentando o prato. Aqui pode variar os ingredientes que for colocar, mas é importante ter um caldo grosso, envelhecido, de boa procedência e, de preferência, bem premiado internacionalmente. Uma boa indicação é o vinho Daniel Alves, safra 83, que venha de Juazeiro. Ele fica melhor com o tempo então é importante deixa curá-lo com bastante antecedência. Assim foi o capitão do time brasileiro de Futebol. Os demais ingredientes pareciam que não trariam um bom sabor contra uma paella espanhola na terceira final seguida da seleção em Jogos Olímpicos. Mas a percepção de Daniel Alves, ao salvar uma bola e recolocá-la na área, fez o ingrediente Matheus Cunha brilhar e abrir o placar da decisão. Já vinha tensa porque Richarlison tinha perdido um pênalti no começo e poderia ter azedado a receita. O próprio lateral direito aparentou que iria desandar ao ter sido desligado do fogo e ver Mikel Oyarzabal fazer gol nas suas costas. Mas a experiência desse vinho, já tão apreciado na própria Espanha por tantos anos, deu o caminho para o chef Jardine. Como falado, é melhor com mais tempo para incorpar os outros sabores. Então uma prorrogação, apesar de angustiante para quem já está com fome, deixa o prato com um gratinado especial. Então o chef, que parecia teimar com o que começou a receita, entendeu que precisava acrescentar um Malcom, vindo do banco para dar o toque final. Assim, no segundo tempo da extensão, já com o papel alumínio aberto, um contra-ataque certeiro deu a pincelada que faltava para painho ficar feliz com prato, talheres e guardanapo dourados e se esbaldar de comer o maravilhoso resultado de tantos esforços.


A expectativa do Brasil de vitórias no dia era alta, mas dificilmente pensar que viriam três ouros no mesmo dia, fato que nunca tinha acontecido na história olímpica do país.

Resumo do dia


Duas histórias mundiais fantásticas: ontem Kiyuna Ryo foi o primeiro japonês a conquistar ouro no Caratê e levou a foto da mãe para o pódio: "Depois de vencer, eu gostaria de dizer a minha falecida mãe que eu mantive a promessa de buscar a vitória nas Olimpíadas", declarou o carateca. Não tem como não se emocionar. Hoje, ao vencer o revezamento 4x400m com a equipe americana no Atletismo, Allyson Felix tornou-se a maior medalhista da modalidade, entre mulheres e homens, de toda história. Ela soma 11 medalhas desde Atenas 2004. Superou seu compatriota Carl Lewis, que conquistou dez entre Los Angeles-84 e Atlanta-96.

As medalhas:

  • > Atletismo maratona fem. - (QUE > QUE > EUA) // salto em altura fem. - (RUS > AUS > UCR) //  10000m fem. - (HOL > BAH > ETI) // lançamento de martelo masc. - (IND > CZE > CZE) // 1500 m masc. - (NOR* > QUE > GBR) // rev. 4x400m fem. - (EUA > POL > JAM) // masc. - (EUA > HOL > BOT);
  • > Basquete masc. - (EUA > FRA > AUS) // fem. (disp. bronze FRA 91 x 76 Sérvia);
  • > Beisebol masc. - (JAP > EUA > DOM);
  • > Boxe peso mosca masc. - (GBR > FIL) // fem. - (BUL > TUR) // meio-médio fem. - (TUR > CHN)
  • > Canoagem Velocidade C-2 500m fem. - (CHN > UCR > CAN) // K-4 500m fem. - (HUN > BLR > POL) // K-4 500m masc. - (ALE > ESP > SLK);
  • > Caratê kumitê acima de 61 kg fem. - (EGI > AZE > CAZ/CHN) // acima de 75 kg masc. - (IRA > SAU > TUR/JAP);
  • > Ciclismo de Pista madison masc. - (DIN > GBR > FRA);
  • > Ginástica Rítmica geral individual - (ISR > RUS > BLR);
  • > Golfe fem. - (EUA > JAP > NLZ);
  • > Handebol masc. - (FRA > DIN > ESP);
  • > Hipismo saltos por equipes - (SUE > EUA > BEL);
  • > Luta Olímpica estilo livre até 65 kg masc. - (JAP > AZE > IND/RUS) // até 97 kg masc. - (RUS > EUA > ITA/CUB) // até 50 kg fem. - (JAP > CHN > EUA/AZE);
  • > Natação Artística equipes - (RUS > CHN > UCR);
  • > Pentatlo Moderno masc. - (GBR > EGI > KOR);
  • > Polo Aquático fem. - (EUA > ESP > HUN);
  • > Saltos Ornamentais plataforma 10m masc. - (CHN > CHN > GBR);
  • > Vôlei masc. - (FRA > RUS > ARG) e;
  • > Vôlei de Praia masc. - (NOR > RUS > QAT).
*Estabeleceu novo recorde olímpico

Brasileiros

>A equipe de Ginástica Rítmica ficou com a 12ª colocação nas apresentações iniciais e não avançou.

>Já no Hipismo saltos por equipe, os cavaleiros brasileiros ficaram com a sexta posição na final.

>Grata surpresa ao ver o jovem Kawan Figueiredo Pereira, de 19 anos, que concluiu a prova dos Saltos Ornamentais em 10º.

>O Vôlei masculino perdeu a decisão do bronze por 3 sets a 2 para a Argentina.

Tóquio 2020 - Dia 14: A "esperada" marca de 20 medalhas

Publicado  sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Foto: Gaspar Nóbrega/COB

Com a vitória do Brasil no Vôlei sobre a Coreia do Sul, o país garantiu, pelo menos, 20 medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Um recorde na história olímpica do país, superando a marca anterior alcançada em casa. É um grande feito, mas...

Infelizmente, vivemos em uma cultura de valorização de tragédias em detrimento de conquistas e espetacularização de dramas. Começo o texto com a (impopular) opinião de que o caso de doping da jogadora Tandara ganhou, desnecessariamente, mais repercussão que a classificação do time feminino de Vôlei para mais uma final. A partir do momento em que a jogadora foi desligada da delegação e pegou voo de volta para o Brasil, a questão passa a ser muito mais da esfera jurídica do que disputa esportiva, portanto não considero mais relevante para o momento.

Esportivamente, o time parece não ter se afetado além do fato de terminar a competição com uma atleta a menos. Mais do que isso, encontrou mais motivação e força para fazer uma partida impecável perante a Coreia do Sul, 3 sets a 0, com parciais idênticas de 25/16. 

Com isso, o Brasil, que efetivamente tem 16 medalhas, garantiu mais uma além de outras três que estão na conta (futebol masculino e boxe fem. e masc.). Isso significa dizer que o Time Brasil atingiu a marca de 20 pódios em Tóquio, um a mais do que teve na Rio-2016, recorde histórico de todas as edições. Ainda há possibilidades com Isaquias, na Canoagem, Vôlei masculino e, muito remotamente, no Hipismo por equipes e maratona masc. no Atletismo.

Trabalhando com o número realístico de 22 medalhas obtidas, é preciso fazer uma análise do que isso representa. Quero ressaltar que é um número excelente dentro de possibilidades que o Brasil apresenta, principalmente com falta de um Ministério do Esporte, redução de investimentos após a Olimpíada do Rio e de bolsas-atleta e com todas as adversidades que a pandemia trouxe. Mas, tanto as 19 medalhas há cinco anos, como a quantidade de agora, dão uma falsa impressão que avançamos na cultura esportiva.

Naturalmente o país sede de uma edição de Jogos Olímpicos tem um desempenho acima de sua média histórica. No Brasil, isso ficou mais evidente por um grande investimento realizado para a ocasião e que ainda gerou frutos no Japão. Contudo, já é sentido agora essa falta de continuidade de política pública do esporte nacional. Isso porque só foi possível ultrapassar a marca, graças ao ingresso de novas modalidades que já tínhamos campeões mundiais e fomos como favoritos, como o Surfe e o Skate. Assim, se tirarmos as quatro medalhas obtidas nessas competições, em comparação com o Rio, ficamos com 18 conquistas. Se não é uma perda substancial, é, no mínimo, uma estagnação. 

Ao olharmos para Paris-2024 que teremos, inclusive, um ciclo menor de tempo, investimento e competições, será preciso entrar mais quantos outros esportes que temos destaque para continuar com essa tão sonhada marca de 20 medalhas que atingimos nesta edição? Ou estamos fadados ao mesmo destino da Grécia, em menores proporções? Em 2004, o país-berço das competições terminou na 15ª colocação, com 16 medalhas, sendo seis ouros, seis pratas e quatro bronzes. Na edição atual, ocupa a 36ª colocação, três medalhas, sendo dois ouros e um bronze.

Resumo do dia

Por volta de 25 pódios estiveram em disputa. Estão chegando as últimas modalidades com apenas mais dois dias de competições. Aos resultados:

  • > Atletismo marcha atlética 50 km masc. - (POL > ALE > CAN) // 20 km fem. - (ITA > COL > CHN) // lançamento de dardo fem. - (CHN > POL > AUS) // 5000m masc. - (UGA > CAN > EUA) // 400m fem. - (BHM > DOM > EUA) // 1500m fem. - (QUE* > GBR > HOL) // rev. 4x100m fem. - (JAM > EUA > GBR) // masc. - (ITA > GBR > CAN);
  • > Boxe peso médio fem. - (bronze para RUS/HOL - disp. ouro CHN x GBR) // peso leve masc. - bronze para AUS/ARM - disp. ouro CUB x EUA) // peso pesado masc. - (CUB > RUS);
  • > Caratê kata masc. - (JAP > ESP > TUR/EUA) // kumitê até 61 kg fem. - (SER > CHN > TUR/EGI) // kumitê até 75 kg masc. - (ITA > AZE > UCR/HUN);
  • > Ciclismo de Pista madison fem. - (GBR > DIN > RUS) // sprint masc. - (HOL > HOL > GBR);
  • > Escalada esportiva combinado fem. - (SLV > JAP > JAP);
  • > Futebol masc. disp. bronze - MEX 3 x 1 JAP // fem. disp. ouro - CAN 1 (3) x (2) 1 SUE (pen);
  • > Hóquei sobre Grama fem. - (HOL > ARG > GBR);
  • > Luta Olímpica estilo livre até 74 kg masc. - (RUS > BLR > UZB/EUA) // até 125 kg masc. - (EUA > GEO > TUR/IRA) // até 53 kg fem. - (JAP > CHN > MGL/BLR);
  • > Pentatlo Moderno fem. - (GBR > LIT > HUN);
  • > Tênis de Mesa por equipes masc. - (CHN > ALE > JAP) e;
  • > Vôlei de Praia fem. - (EUA > AUS > SUI).
*Estabeleceu novo recorde olímpico

Brasileiros

Uma tristeza a história de Érica de Sena na marcha atlética 20 km. Fez uma prova consistente, chegou a liderar nos quilômetros iniciais. Sempre esteve no pelotão da frente. Na última volta do circuito de um quilômetro, sofreu sua terceira penalização, o que implica em aguardar parada, em uma área específica, por dois minutos. O problema foi as circunstâncias dessa penalidade. Estava em terceiro, aproximando-se da segunda colocada, mas com pouca vantagem para as concorrentes atrás. Além disso, a área para cumprir a punição ficava cerca de 200m da chegada. Ou seja, ela deu a volta inteira acreditando em uma medalha e concluiu a prova aos prantos, já que nesse tempo, despencou para a 11ª posição.

>Isaquias Queiroz venceu sua bateria na Canoagem Velocidade C-1 1000m e foi direto para a semifinal. Jacky Godmann não teve o mesmo desempenho e tentou avançar através de uma nova bateria nas quartas-de-final. Novamente não terminou entre os primeiros e despediu-se da competição.

>Mesmo com 25 pontos de penalização, a equipe de saltos no Hipismo conseguiu a classificação para a final com a oitava colocação.

>Maria Ieda Guimarães sofreu uma queda do cavalo, durante a realização do percurso de hipismo, uma das cinco modalidades do Pentatlo Moderno. Com isso, foi eliminada antes da prova final de tiro e corrida.

>Kawan Pereira surpreendeu nos Saltos Ornamentais plataforma 10m. Somou 371,65 pontos e classificou-se para a semifinal entre os 18 melhores atletas. Isaac Souza competiu na mesma prova, mas terminou em 20º.

Tóquio 2020 - Dia 13: A arte da alquimia com medalhas

Publicado  quinta-feira, 5 de agosto de 2021


Atletas brasileiros estão empenhados em transformar um sonho em medalha, um bronze em prata ou ouro e, com seus elixires, buscam a vida eterna no Panteão Olímpico. Pedro Barros transformou suas manobras em prata, Bia Ferreira e Herbert Conceição evoluíram seus bronzes e o Vôlei masculino, perdeu a mão mágica, e voltou ao pó.

Alquimia é a prática medieval que utilizava os primeiros fundamentos da química, física, biologia, medicina, semiótica, arte, antropologia, matemática e outras ciências. Tinha dois objetivos principais: transmutação de metais de menor valor em ouro e obtenção da vida eterna, com a retirada de todos os males. Pois bem, ao chegar os momentos decisivos da Olimpíada de Tóquio, muitos competidores brasileiros estão se tornando especialistas nesta ciência mística. Alguns tiveram sucesso, outros chegaram a ver o brilho, mas amarguraram o insucesso das transformações.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB

O caso de maior sucesso comprovado foi de Pedro Barros, no Skate park. O catarinense "Super Sayajin" executou uma alquimia quase perfeita na pista de Bowl japonês. Levitou, voou, girou, saltou. E para quem já tinha um título mundial, transformou o sonho olímpico em uma prata verdadeira, além de ter conseguido a imortalidade. Seu nome estará para sempre no Hall da Fama olímpica, como um dos três primeiros a figurar no pódio da modalidade na história. Só não esteve tão encantado quanto o australiano Keegan Palmer, que encontrou a melhor fórmula logo na primeira volta e apenas aperfeiçoou seu ouro na sequência.

Por muito pouco, Luiz Francisco não encontrou o caminho para o bronze. Fez tudo o que era necessário para que surgisse o metal, mas havia o americano Cory Juneau que já tinha tocado e imantado para perto de seu peito.

Darlan Romani, no arremesso de peso do Atletismo, foi na mesma linha de Luizinho. Como ele mesmo descreveu, deu 200% na prova. Contudo 21, múltiplo dos míticos 3 e 7, não era o resultado da equação necessária para chegar ao pódio. Lançou a esfera a 21.88m de distância. Talvez fosse impossível alcançar o mais reluzente metal com o novo recorde olímpico de 23,30m obtidos pelo americano Ryan Crouser. Mas para chegar ao bronze, precisava de mais 60 cm. Ficou em quarto.



Um esporte que, assim como o Skate, tem fornecido os ingredientes ou materiais perfeitos para grandes transformações, em todos os sentidos, é o Boxe. Como se não bastasse estar transformando socialmente pessoas carentes para o lado da cidadania e capacidade, tem produzido verdadeiros campeões. Depois de Abner Teixeira ter fabricado bronze, hoje foi a vez de Beatriz Ferreira, no peso leve, e Hebert Conceição, no peso médio, transformarem o metal menos nobre. Não se sabe qual será o resultado, pois demora alguns dias a transformação completa. Venceram suas lutas nas semifinais e, se tiverem a mão de pedra filosofal certa, podem alcançar a imortalidade na final, ao lado de Servílio de Oliveira, Éder Jofre, Popó e tantos outros.

Por outro lado, um laboratório que era conhecido por seus fantásticos resultados, perdeu a mão. Esse "centro de excelência", como ficou conhecido a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), depois de ver todas as suas duplas construírem castelos de areia, está vendo suas cartas marcadas da quadra se transformar em pó. Isso porque o time masculino perdeu de forma inacreditável para a Rússia na semifinal e vai disputar o bronze com a Argentina. Tinha todos os ingredientes para continuar fabricando o mesmo ouro da Rio-2016, mas distribuições erradas de jogo somadas com apatia e falta de substituições fizeram toda a receita vitoriosa ser revertida em latão, um metal usado para sucata. O único bruxo que pode salvar a credibilidade da entidade é Zé Roberto e suas feiticeiras raivosas.

Resumo do dia

  • > Atletismo salto triplo masc. - (POR > CHN > BKN [Burkina Faso]) // arremesso de peso masc. - (EUA* > EUA > NZL) // 110m com barreiras masc. - (JAM > EUA > JAM) // marcha atlética 20 km masc. - (ITA > JAP > JAP) // salto com vara fem. - (EUA > RUS > GBR) // 400m masc. - (BHM [Bahamas] > COL > GRA [Granada]) // heptatlo fem, - (BEL > HOL > HOL) // decatlo masc. - (CAN > FRA > AUS);
  • > Boxe peso leve fem. - (bronze para FIN/THA - disp. ouro BRA x IRL) // peso mosca masc. - bronze para CAZ/JAP - disp. ouro GBR x FIL) // peso médio masc. - (bronze para RUS/FIL - disp. ouro BRA x UCR) // peso pena masc. - (RUS > EUA);
  • > Canoagem Velocidade K-1 200m masc. - (HUN > ITA > GBR) // C-1 200m fem. - (EUA > CAN > UCR) // K-1 500m fem. - (NLZ > HUN > DIN) // K-2 1000m masc. - (AUS > ALE > CZE);
  • > Caratê kata fem. - (ESP > JAP > ITA/HKG) // kumitê até 67 kg masc. - (FRA > TUR > CAZ/JOR) // kumitê até 55kg fem. - (BUL > UCR > TPE/AUT);
  • > Futebol fem. disp. bronze - EUA 4 x 3 AUS;
  • > Luta Olímpica estilo livre até 57 kg masc. - (RUS > IND > EUA/CAZ) // até 86 kg masc. - (EUA > IRA > SMN/RUS) // até 57 kg fem. - (JAP > BLR > BUL/ EUA);
  • > Maratona Aquática - 10km masc. - (ALE > HUN > ITA);
  • > Saltos Ornamentais plataforma 10m fem. - (CHN > CHN > AUS);
  • > Skate park masc. - (AUS > BRA > EUA) e;
  • > Tênis de Mesa por equipes fem. - (CHN > JAP > HKG).

Brasileiros

>Os revezamentos 4x100m fem. e masc. correram para buscar uma final, mas não ficaram entre os melhores tempos. Três marchadores foram para a prova dos 20 km. Um terminou em 13º, outro 46º e o último não completou. Teve ainda Darlan Romani no arremesso já falado.

>No Pentatlo Moderno, Maria Ieda Guimarães terminou a parte de esgrima em 33º. Amanhã a prova continua.

>Três brasileiros tinham chance de medalha no Skate park. Só Pedro Barros subiu ao pódio. Luiz Francisco ficou em quarto e Pedro Quintas, em oitavo.

Tóquio 2020 - Dia 12: Ana Marcela Cunha, sinônimo de obstinação

Publicado  quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Foto: Jonne Roriz/COB

Ana Marcela Cunha conquista ouro na Maratona Aquática. Foi brilhante e obstinada em buscar um triunfo que perseguia desde Pequim-2008. Deixa gravado seu nome na história olímpica. Agora vai atrás da vitória dos 10 km em Mundiais para completar sua coleção vitoriosa. 

Imagina uma pessoa que já conquistou inúmeras vezes o mais alto posto e em provas e campeonatos diferentes. Assim é Ana Marcela Cunha, baiana de 29 anos. É tetracampeã mundial da prova dos 25 km. Atual campeã da prova dos 5 km. Atual campeã dos Jogos Pan-Americanos nos 10 km. Tem mais duas pratas e cinco bronzes em mundiais. Um currículo completo, que sempre a credencia como uma das favoritas.

Mas faltava a láurea mais importante da modalidade, a olímpica. Em 2008, na China, estreou com 16 anos e terminou em quinto. Passou pelo trauma de não conseguir a vaga para Londres-2012. Veio para o Rio-2016 como grande favorita. Teve problemas com alimentação durante a prova e terminou em décimo. Por mais que tenha ficado feliz pelo bronze de Poliana Okimoto, ainda precisava de seu momento de protagonismo.

Foto: Jonne Roriz/COB

A preparação foi tamanha que, ao ser entrevistada depois da prova, confessou, em um diálogo com seu treinador Fernando Possenti: "as outras competidoras vão ter que nadar muito para me vencer". Até nadaram bem, mas Ana Marcela se impôs já nos primeiros quilômetros da prova e não deixava a liderança nem nos momentos de abastecimento. A obstinação com a conquista foi transmitida até para os seres que habitam a marina Odaiba. Em um registro muito feliz do fotógrafo do COB, até um pequeno peixe saltou para desviar do caminho de Ana Marcela. Seu técnico ficou satisfeito mas também lembrou que o foco é buscar essa mesma conquista no Mundial de Esportes Aquáticos, adiado para 2022, novamente em águas japonesas. Dessa forma que um campeão é forjado, sempre em busca de uma nova conquista.

Foi o quarto ouro do Brasil em Tóquio e a décima quinta medalha no total até o momento.

Foto: Jonne Roriz/COB

Falando em campeã e conquistas, Rebeca Andrade foi anunciada como a porta-bandeira do Brasil na cerimônia de domingo dos Jogos de Tóquio. O que acaba sendo um triste lembrete de que já foram três quartos da Olimpíada e que, infelizmente, já está acabando. 

Resumo do dia


Uma das melhores histórias do dia foi do georgiano Lasha Talakhadze. O halterofilista já era campeão na categoria máxima do levantamento de peso no Rio-2016 (acima de 105kg). Nesta quarta-feira, repetiu o feito no tablado japonês com direito a novo recorde mundial. A categoria sofreu uma alteração para acima de 109 kg, mas não impediu o atleta da Georgia levantar 223 kg de arranque e estipular nova referência desta parte da competição. Não contente, levantou 265 kg no arremesso, também determinando novo patamar de peso a ser erguido. O total foi de 488 kg, um valor com 47 quilos a mais que o concorrente mais próximo.

Medalhas

  • > Atletismo 400m com barreiras fem. - (EUA** > EUA > HOL) // 3000m com obstáculos fem. - (UGA > EUA > QUE) // lançamento de martelo masc. - (POL > NOR > POL) // 800m masc. - (QUE > QUE > POL) // 200m masc. - (CAN > EUA > EUA);
  • > Boxe peso mosca fem. - (bronze para JAP/TPE - disp. ouro BUL x TUR) // peso meio-médio fem. - (bronze para EUA/IND - disp. ouro CHN x TUR) // peso super pesado masc. - (bronze para CAZ/GBR - disp. ouro EUA x UZB) // peso meio-pesado masc. (CUB > GBR);
  • > Ciclismo de Pista perseguição por equipes masc. - (ITA** > DIN > AUS);
  • > Hipismo saltos individual - (GBR > SUE > HOL);
  • > Levantamento de Peso acima de 109 kg masc. - (GEO** > IRA > SIR);
  • > Luta Olímpica estilo greco-romano até 67 kg masc. - (IRA > UCR > EGI/ALE) // até 87 kg masc. - (UCR > HUN > SER/ALE) // estilo livre até 62 kg fem. - (JAP > QGZ > BUL/UCR);
  • > Maratona Aquática 10km fem. - (BRA > HOL > AUS);
  • > Natação Artística duetos - (RUS > CHN > UCR);
  • > Skate park fem. - (JAP > JAP > GBR) e;
  • > Vela classe 470 masc. - (AUS > SUE > ESP) // classe 470 fem. - (GBR > POL > FRA).
**Estabeleceram novos recordes mundiais

Brasileiros

>Depois de cinco eventos no decatlo masc., Felipe dos Santos está na 12ª colocação. Dois atletas estiveram nas semifinais dos 110m com barreiras masc., mas nenhum avançou para a final.

>Yuri Mansur teve duas faltas no Hipismo saltos individual, com seu cavalo Alfons, e terminou em 20º lugar.

>Nos Saltos Ornamentais plataforma 10m fem., Ingrid Oliveira ficou com a 24ª posição na fase preliminar. Apenas 18 competem na final.

>Três brasileiras competiram no Skate park. Isadora Pacheco não passou da preliminar. Dora Varella e Yndiara Asp passaram para a final, mas ficaram em 7º e 8º, respectivamente.

>Fernanda Oliveira e Ana Barbachan terminaram na 9ª colocação na Vela classe 470 fem. depois da regata das medalhas.

>O Vôlei de Praia não têm mais duplas representantes de qualquer gênero na disputa. Alison/Álvaro Filho perderam nas quartas para a dupla da Letônia.

>Já o Vôlei na quadra segue firme. O time feminino teve uma virada fantástica contra a Rússia, por 3 sets a 1 e avançou para a semifinal.

Tóquio 2020 - Dia 11: Não deixe que eu acorde desta terça-feira olímpica

Publicado  terça-feira, 3 de agosto de 2021

Foto: Jonne Roriz/COB
O décimo primeiro dia de competições de Tóquio parecia um sonho, daqueles que, quando acorda, você tenta retornar só para curtir mais um pouco. Grande número de medalhas durante a madrugada inteira, três quebras de recordes mundiais e Brasil potência esportiva, com direito a bicampeonato olímpico e mais três bronzes.

Esse negócio de ficar acordado por muitas madrugadas seguidas e trocar o dia pela noite, dá um nó em nossas cabeças. Veja só, quando que veríamos o Brasil ter chances de conquistar ou assegurar oito ou nove medalhas no mesmo dia? Assistir muito a Olimpíada dá nessas coisas. Desta terça-feira dos sonhos, o país teve reais condições de cinco medalhas e levou um ouro e três bronzes. Ainda tinha remotas possibilidades de mais três. E poderia ter assegurado mais três e assim o fez em duas.

O sonho começou como "pesadelo", se é possível chamar um quarto lugar do mundo dessa forma. Isaquias Queiroz buscava mais uma medalha na Canoagem Velocidade K-2 1000m. Ao lado do novo parceiro Jacky Godmann, justificou o favoritismo de uma vaga na final, com o segundo tempo da bateria. Contudo, a dupla não conseguiu emparelhar com cubanos, chineses e alemães na final. Terminaram na quarta colocação.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB
A partir daí o sono passou a ficar mais profundo e tranquilo, com muitas alegrias. O jovem Alison dos Santos correu leve como uma pluma e passou pelas barreiras como nuvens que se desfaziam. Nos 400m com barreiras, ele foi um dos protagonistas de uma das provas mais tecnicamente bem disputadas e difíceis até agora. Quase todos os oito atletas estipularam novas marcas pessoais, da temporada, do país, continentais (caso dele próprio, com recorde sul-americano pelo tempo de 46s72) ou mundial. O norueguês Karsten Warholm ficou com o ouro, com o fantástico tempo de 45s94 e o americano Rai Benjamin apertou, mas acabou com a prata. O tempo de Alison foi suficiente para o bronze.

Foto: Jonne Roriz/COB
O ápice do sonho veio já na sequência, na Vela. Martine Grael e Kahena Kunze partiram para a regata da medalha da classe 49er FX em segundo na classificação. Havia possibilidade desde conquistar o ouro até ficar fora do pódio, dependendo da combinação de resultados. Felizmente para as velejadoras campeãs no Rio-2016 a combinação foi a melhor possível. Chegaram em terceiro na regata, mas com holandesas, alemãs e espanholas, que também brigavam, ficaram para trás, tornou o sonho do bicampeonato olímpico realidade com tons dourados no mar japonês.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB
Duas medalhas novas, que ainda não se sabe de qual metal, tipo quando não identifica uma pessoa ou objeto no sonho, ganharam contornos mais claros e conforme ia raiando o dia. A primeira foi garantida com Beatriz Ferreira no Boxe peso leve. Não deu margem para interpretação dos juízes contra a lutadora do Uzbequistão. Passou das quartas-de-final e já assegurou, pelo menos, o bronze. A outra teve traços de déjà-vu, com Brasil e México em decisão no futebol masculino, já que os dois países fizeram a final de Londres-2012. Desta vez, o jogo teve ares dramáticos e chegaram a perturbar o sono. O placar de 0 a 0 perdurou até a prorrogação. Mas a tranquilidade veio com os anjos, digo com o goleiro Santos e a trave, que pararam dois pênaltis mexicanos. Os quatro batedores brasileiros converteram e garantiram, ao menos, uma nova prata. É a terceira decisão seguida do país, que vai tentar o bi contra a Espanha.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB
Também aconteceu de aparecer elementos que te trazem a certeza de não estar na realidade, mas que são muito sentidos dentro do sonho. Foi assim com o segundo bronze do dia. No Boxe, peso pesado, Abner Teixeira deu a impressão que poderia vencer o cubano na semifinal e transformar o bronze garantido em um metal mais valioso. Nem nos melhores sonhos isso foi possível e o pugilista teve que contentar-se com o feito que já tinha alcançado anteriormente em sua campanha.

Foto: Gaspar Nóbrega/COB
Já com o dia claro, veio aquela parte do sonho que te faz acordar bem, sorridente e satisfeito de ter sonhado tudo aquilo. Thiago Braz mostrou que é saltador de finais olímpicas e cresce nos momentos decisivos. Era muito difícil repetir o ouro do Rio por sua forma em recuperação e o favoritismo do sueco Armand Duplantis, que confirmou o ouro, e do americano Chris Nilsen, que ficou com a prata. Mas se o sonho fosse almejado com muita vontade, um lugar no pódio poderia acontecer. Assim, Braz saltou 5,87m, sua melhor marca da temporada no salto com vara, garantindo o bronze.

É claro que esse dia não passou de um delicioso sonho. Impossível ter visto tanto de um Brasil que dá certo desse jeito. Pena que só durou um dia olímpico.

Resumo do dia

Muitas medalhas:

  • > Atletismo salto em distância fem. - (ALE > EUA > NIG) // 400m com barreiras masc. - (NOR** > EUA > BRA) // salto com vara masc. - (SUE > EUA > BRA) // lançamento de martelo fem. - (POL > CHN > POL) // 800m fem. - (EUA > GBR > EUA) // 200m fem. - (JAM > NAM > EUA);
  • > Boxe peso pena masc. - (bronze para GAN/CUB - disp. ouro: RUS x EUA) // peso pesado masc. - (bronze para BRA/NZL  - disp. ouro: CUB x RUS) // peso pena fem. - (JAP > FIL) // peso meio-médio masc. - (CUB > GBR);
  • > Canoagem velocidade K-1 200m fem. - (NLZ > ESP > DIN) // C-2 1000m masc. - (CUB > CHN > ALE) // K-1 1000m masc. - (HUN > HUN > POR) // K-2 500m fem. - NLZ > POL > HUN);
  • > Ciclismo de Pista perseguição por equipes fem. - (ALE** > GBR > EUA) // sprint por equipes masc. - (HOL* > GBR > FRA);
  • > Ginástica Artística barras paralelas masc. - (CHN > ALE > TUR) // trave fem. - (CHN > CHN > EUA) // barra fixa masc. - (JAP > CRO > RUS);
  • > Levantamento de peso até 109 kg masc. - (UZB** > ARM > LET);
  • > Luta Olímpica estilo greco-romana até 77 kg masc. - (HUN > QGZ [Quirguistão] > AZE/JAP) // até 97 kg masc. - (RUS > ARM > IRA/POL) // estilo livre até 68 kg fem. - (EUA > NIG > QGZ/UCR);
  • > Saltos Ornamentais trampolim 3m masc. - (CHN > CHN > GBR) e;
  • > Vela classe 49er FX (BRA > ALE > HOL) // classe 49er - (GBR > NLZ > ALE) // classe Finn - (GBR > HUN > ESP) // classe Nacra 17 - (ITA > GBR > ALE).
*Estabeleceu novo recorde olímpico // **Estabeleceram novos recordes mundiais

Brasileiros

Mesmo com todas aquelas conquistas, ainda teve outros brasileiros em disputas com resultados diversos.

>Wanderson de Oliveira poderia ter garantido a quarta medalha do Boxe brasileiro nessa edição dos Jogos, caso tivesse vencido o cubano Andy Cruz no peso leve. Parou nas quartas.

>Outra remota chance de medalha foi na despedida da Ginástica Artística. Flávia Saraiva competiu contundida na final da trave, mas terminou com a sétima colocação.

>No Hipismo saltos individual, Yuri Mansur zerou o percurso com o cavalo Alfons e está na final. Marlon Zanotelli derrubou um obstáculo com o cavalo Edgar M e ficou em 31º. Classificam 30.

>Samuel Albrecht e Gabriela Nicolino tinham chances quase nulas na regata da medalha da classe Nacra 17. Terminaram na décima colocação.

>Laís Nunes não foi párea para a búlgara na Luta Olímpica estilo livre até 62 kg. Perdeu a luta e parou nas oitavas da categoria. 

>O time masculino de Vôlei não enfrentou grandes dificuldades contra o Japão. Venceu por 3 sets a 0 e está na semifinal contra a Rússia.

>Já a dupla Rebecca e Ana Patrícia até engrossaram contra a dupla alemã no Vôlei de Praia, mas perderam por 2 a 1 e se despediram nas quartas. Ana Patrícia já veio de alguns dias de mal súbito e, depois da partida, desmaiou novamente.

Tóquio 2020 - Dia 10: Grandes vitórias que significam o progresso da humanidade

Publicado  segunda-feira, 2 de agosto de 2021


Para aqueles mais pessimistas que só olham as ações ruins feitas pela humanidade e pensam que o mundo está perdido, os Jogos Olímpicos de Tóquio são um banho de renovações de esperanças em todos os continentes. São conquistas de diversos tamanhos, que mostram a constante superação de obstáculos e a escritura de novas e bonitas páginas.

Miltiadis Tentoglou ganhou o primeiro ouro para a Grécia no salto em distância.

Porto Rico ganhou seu primeiro ouro no Atletismo em toda história com Jasmine Camacho-Quinn nos 100m com barreiras.

O francês Jean Quiquampoix foi prata no Tiro Esportivo no Rio-2016 e ouro em Tóquio-2020.


O recorde mundial batido pelo chinês Changhong Zhang no Tiro Esportivo.

A vitória do time feminino de Ciclismo de Estrada por 15 milésimos de segundo de diferença.

A jovem ginasta americana Jade Carey ganhou ouro no solo ao estrear com 16 anos de idade.

Canadá avança para sua primeira final do Futebol feminino com a vitória sobre os Estados Unidos por 1 a 0.

Demorou 49 anos para a Grã-Bretanha voltar a ganhar ouro no CCE do Hipismo por equipes.


Mijaín Lopez Nuñez, cubano, é tetra-campeão olímpico na Luta greco-romana até 130 kg.

A primeira vez que Marrocos ganha os 3000m com obstáculos foi com Soufiane El Bakkali.

A Indonésia não ganhava medalhas no Badminton desde Atenas-2004, ganhou duas hoje.

Nunca uma mulher tinha ganho no Hipismo CCE individual desde quando a prova passou a ser mista até o feito da alemã Julia Krajewski.

Viktor Axelsen quebrou a banca e ganhou ouro no Badminton individual.

Sifan Hassan caiu durante a prova dos 5000m fem., levantou e ganhou o primeiro ouro para Holanda no Atletismo desde Barcelona-92.

A Índia avançou pela primeira vez à semifinal do Hóquei sobre Grama feminino.


Quem estipulou que um país não é capaz de ganhar determinada prova? Quem falou para se contentar com aquilo que já alcançou no passado? Quem determinou que um recorde é inalcançável e insuperável? Quem limitou o esforço ao 100% e que não dá para fazer um pouco a mais? Quem acreditou que as vitórias só vem com a experiência? Quem colocou determinada equipe como imbatível? Quem não pode se reerguer depois de um passado glorioso? Quem disse que uma hegemonia tem tempo certo para cair? Quem decretou que países pobres não podem ser tão bons quanto os ricos? Quem mentiu que mulheres não podem competir no mesmo nível de homens? Quem desacreditou da capacidade de seguir em frente depois de sofrer um tombo?

Estas histórias, além de ser um bom resumo do décimo dia de competições, estão sublinhadas por dois motivos: são conquistas pequenas, médias, grandes ou gigantescas para seus atletas ou países representados e representam diversas quebras de paradigmas. São as mais diversas provas de força de vontade e superação, que trazem alegria, esperança e calor ao coração daqueles que torcem o nariz para grandes feitos da humanidade.

Resumo do dia


Medalhas

  • > Atletismo salto em distância masc. - (GRE > CUB > CUB) // 100m com barreiras fem. - (PUR > EUA > JAM) // lançamento de disco fem. - (EUA > ALE > CUB) // 3000m com obstáculos masc. - (MAR > ETI > QUE) // 5000m fem. - (HOL > QUE > ETI));
  • > Badminton duplas fem. - (INA [Indonésia] > CHN > KOR) // individual masc. - (DIN > CHN > INA);
  • > Ciclismo de Pista sprint por equipes fem. - (CHN > ALE > RUS);
  • > Ginástica Artística argolas masc. - (CHN > CHN > GRE) // solo fem. - (EUA > ITA > JAP) // salto masc. - (KOR > RUS > ARM);
  • Hipismo CCE equipes - (GBR > AUS > FRA) // CCE individual - (ALE > GBR > AUS);
  • Levantamento de Peso até 87 kg fem. - (CHN > EQU > DOM) // acima de 87 kg fem. - (CHN* > GBR > EUA);
  • Luta Olímpica estilo greco-romana até 60 kg masc. - (CUB > JAP > RUS/CHN) // até 130 kg masc. - (CUB > GEO > RUS/TUR) // estilo livre até 76 kg fem. - (ALE > EUA > CHN/TUR) e;
  • Tiro Esportivo pistola tiro rápido 25m masc. - (FRA > CUB > CHN) // carabina 3 pos. 50m masc. - (CHN** > RUS > SER).
*Estabeleceu novo recorde olímpico // **Estabeleceu novo recorde mundial

Brasileiros

>Izabela da Silva participou da final do lançamento de disco do Atletismo. No entanto, terminou na 11ª colocação. Outras duas atletas participaram das eliminatórias dos 200m rasos, mas nenhuma avançou para as semifinais.

>Na Canoagem Sprint, aconteceu a tão esperada estreia de Isaquias Queiroz. Ele competiu no C-2 1000m, junto com Jacky Nascimento. Não ficaram entre os dois primeiros de sua bateria, mas venceram nas quartas-de-final e seguiram para a próxima fase. O mesmo não aconteceu com Vagner Souta, que não foi adiante no K-1 1000m.

>Os três representantes em finais da Ginástica Artística ficaram fora do pódio: Arthur Zanetti, nas argolas; Rebeca Andrade, no solo; e Caio Souza, no salto.

>O time feminino de Handebol perdeu para a França e ficou fora das fases decisivas. Terminou a competição em 11º, apenas à frente do Japão.

>O melhor cavaleiro brasileiro no concurso completo de equitação, do Hipismo, terminou na 32ª posição. A equipe finalizou sua participação em 12º.

>Jaqueline Ferreira somou 215 kg nas duas provas do Levantamento de Peso até 87 kg, deixando-a com a 12ª colocação.

>No Tênis de Mesa, foi a vez do time masculino perder para os sul-coreanos e se despedirem do torneio.

>Com a vitória do time feminino de Vôlei por 3 a 0 sobre o Quênia, a equipe garantiu a primeira colocação do grupo A e enfrentará as russas nas quartas-de-final.

>Caso Alison/Álvaro Filho e Bruno Schmidt/Evandro vencessem seus confrontos no Vôlei de Praia, se cruzariam na próxima fase. A primeira dupla bateu os mexicanos (2 sets a 0), mas enfrentarão a dupla da Letônia, que superou a segunda dupla pelo mesmo resultado.

Tóquio 2020 - Dia 09: O ouro da excelência e o bronze da persistência

Publicado  domingo, 1 de agosto de 2021


Como nas manhãs vitoriosas de domingo de algumas décadas atrás, o brasileiro acordou hoje mais cedo e orgulhoso de novas conquistas olímpicas. Primeiro, com o bronze raçudo de Bruno Fratus, na prova mais rápida da Natação. Depois, com Rebeca Andrade, colocando a bandeira no lugar mais alto do pódio na Ginástica Artística prova do salto.

Brasileiros acordaram cedo no domingo para ver outra brasileira no alto do pódio. Já que hoje também foi dia de Fórmula 1, ao melhor estilo Ayrton Senna, Rebeca Andrade mostrou que está entre as melhores ginastas da atualidade e já pode ser considerada a melhor brasileira em Jogos Olímpicos. O ouro no salto confirma o que já tinha sido visto dias antes. 

Foto: Miriam Jeske/COB

A excelência da jovem de 22 anos de idade tem sido apresentada ao mundo a cada prova, a cada exibição de gala da brasileira. Para quem esperava ver Simone Biles, está se deleitando com os movimentos, saltos e acrobacias de Rebeca. Fez uma média de 15.083 pontos com seus dois saltos. Foi a terceira a executar suas tentativas. Teve que esperar pacientemente suas outras cinco adversárias para comemorar. A diferença técnica das atletas traduziu-se nas notas. A média da brasileira foi mais um décimo maior que da americana MyKayla Skinner, que ficou com a prata, e três décimos maior que a sul-coreana Seo-jeong Yeo.

Rebeca já tinha sido a primeira brasileira medalhista da Ginástica Artística. Agora é a primeira a conquistar um ouro e a primeira a levar duas medalhas na mesma edição de Olimpíada. Amanhã ainda pode levar sua terceira conquista para casa na prova de solo. Volto a repetir, apenas 22 anos.

Outra característica de Senna era sempre persistir em melhorar, nunca era suficiente se não fosse a vitória. Bruno Fratus precisou de três Jogos Olímpicos para subir no pódio dos 50m livre da Natação. Em Londres-2012, fez o tempo de 21s61 e ficou na quarta colocação, dois centésimos atrás de César Cielo. No ano de 2015, fez a melhor marca de sua carreira, com 21s37. Caso tivesse repetido esse tempo no Rio-2016, teria ganhou ouro na prova. Mas piorou suas marcas e, com 21s79, amargou o sexto lugar da final.

Foto: Jonne Roriz/COB

Hoje brigou braçada a braçada com nadadores mais altos e com mais desenvoltura na água. Caeleb Dressel, dos Estados Unidos, bateu o recorde olímpico com 21s07. O francês Florent Manaudou alcançou a borda da piscina dois centésimos antes que os 21s57 que deram o tão esperado bronze ao brasileiro. Desta vez, Bruno que ficou três centésimos à frente da marca de corte dos que formaram o pódio. Última medalha brasileira na Natação, já que foi o último dia de competições da modalidade (ainda tem Maratona Aquática, que é natação em águas abertas, mas é considerado outra modalidade).

Resumo do dia


Entre tantas modalidades diferentes, destaque para o Atletismo. A venezuelana Yulimar Rojas bateu o recorde mundial do salto triplo. Já com o ouro garantido, saltou para 15,67m, 17 centímetros a mais que a marca anterior, que era mais velha que a própria atleta. 

E no salto em altura masculino, um caso raro, mas não inédito. Os saltadores do Qatar e da Itália chegaram empatados em primeiro para superar a marca de 2,39m de altura. Até então, ambos precisaram de uma tentativa em cada altura anterior para passar o sarrafo. Nenhum conseguiu avançar sobre a marca, como o atleta da Bielorrússia, terceiro colocado, também não passou, o que deixou a cargo deles escolherem se continuavam saltando para um desempate ou dividiriam a medalha de ouro. Foi escolhido a segunda opção, então não houve medalha de prata.


Além de Rebeca e Yulimar, Neisi Dajomes, do Equador, foi campeã do Levantamento de Peso. Ou seja, uma semana depois da celebração da Mulher Negra, Latina e Caribenha (25 de julho), três representantes deste segmento podem dizer que são as melhores do mundo em suas provas. A equatoriana dedicou o ouro à sua mãe e irmão, que faleceram em 2019 e 2020. 

Outras medalhas:

  • > Ainda no Atletismo arremesso de peso fem. - (CHN > EUA > NLZ) // salto triplo fem. - (VEN** > POR > ESP) // salto em altura masc. - (QAT = ITA > > BIE) // 100m rasos masc. - (ITA > EUA > CAN);
  • > Badminton individual fem. - (CHN > TPE > IND);
  • > Boxe meio-médio masc. CUB e GBR avançam para final, RUS e IRL ficam com o bronze // meio-pesado masc. CUB e GBR avançam para a final, RUS e AZB;
  • > Ciclismo BMX freestyle fem. - (GBR > EUA > SUI) // freestyle masc. - (AUS > VEN > GBR);
  • > Esgrima florete por equipes masc. - (FRA > RUS > EUA);
  • > Ginástica Artística solo masc. - (ISR > ESP > CHN) // cavalo com alças masc. - (GBR > TPE > JAP) // barras assimétricas fem. - (BEL > RUS > EUA);
  • > Golfe individual masc. - (EUA > SLK > TPE);
  • > Levantamento de Peso até 76 kg fem. - (EQU > EUA > MEX);
  • > Natação 50m livre fem. - (AUS* > SUE > DIN) // 1500m livre masc. - (EUA > UCR > ALE) // rev. 4x100 medley fem. - (AUS* > EUA > CAN) // rev. 4x100m medley masc. - (EUA** > GBR > ITA);
  • > Saltos Ornamentais trampolim 3m fem. - (CHN > CHN > EUA);
  • > Tênis dupla fem. - (CZE > SUI > BRA) // individual masc. - (ALE > RUS > ESP) // dupla masc. - (RUS > RUS > AUS) e;
  • > Vela Laser - (AUS > CRO > NOR) // Laser Radial - (DIN > SUE > HOL).
*Estipularam novos recordes olímpicos // ** Estabeleceram novos recordes mundiais

Brasileiros

>No Atletismo, quatro atletas estiveram em eliminatórias. Nenhum avançou. Assim como ficou pelo caminho, Paulo André na semifinal dos 100m rasos. Alison dos Santos venceu sua bateria nos 400m com barreira e está na final da prova.

>Hebert Conceição venceu o lutador do Cazaquistão, no Boxe peso médio, por decisão dividida. Com isso, já garantiu uma medalha ao chegar à semifinal.

>O time do Handebol masculino encerrou sua participação nos Jogos de Tóquio com uma derrota para a Alemanha por 29 a 25. Ficou na 10ª colocação geral.

>No Hipismo curso completo de equitação, Rafael Losano se retirou na prova de cross-country. Os outros cavaleiros estão em 24º e 33º. Por equipes, o time brasileiro é 12º.

>A Luta Olímpica começou com duas participações brasileiras. No estilo livre até 76 kg fem., Aline Silva perdeu nas oitavas para a lutadora da Turquia. Na greco-romana até 130 kg masc., Eduard Soghomonyan também saiu derrotado.

>As equipes feminina e masculina do Tênis de Mesa estrearam na competição conjunta. As mulheres perderam para Hong Kong por 3 partidas a 1 e foram eliminadas. Já os homens, viraram para cima da Sérvia, 3 vitórias a 2, e classificaram para as quartas-de-final.

>Na Vela, Robert Scheidt foi para a regada da medalha da Laser ainda com chances de pódio. Mas dependia de combinação de resultados. Não fez uma volta final boa e terminou em 8º na classificação final. Outras classes: Nacra 17 (dez regatas) - 10º // 470 fem. (oito regatas) - 7ª // 470 masc. (oito regatas) - 15º // Finn (dez regatas) - 14º.

>O time masculino do Vôlei venceu os franceses por 3 sets a 2 e terminou a primeira fase em segundo do grupo B. O adversário das quartas foi definido por sorteio entre Itália e Japão e enfrentaremos os donos da casa.

>As duas duplas do Vôlei de Praia feminino entraram para decidir seus destinos nas oitavas-de-final. Rebecca/Ana Patrícia venceram a dupla chinesa, 2 sets a 0, e seguem. Já Ágatha/Duda perderam para as alemãs por 2 sets a 1 e disseram adeus à competição.