A final da Copa do Qatar dá a Messi o que lhe faltava para ingressar no Panteão do futebol

Publicado  segunda-feira, 19 de dezembro de 2022


Se alguém, em suas plenas condições mentais, tinha algo para questionar Messi ou duvidar de seu patamar perante gênios como Maradona, Zidane, Beckenbauer e até Pelé, a Copa do Qatar-2022 trouxe o aval necessário para colocar o craque argentino no devido lugar dos maiores da história.

Messi já era um jogador extraordinário por tudo o que ele conquistou e realizou no futebol nos últimos 17 anos, ou seja, de 22 anos vividos neste século, Lionel é o atleta mais longevo e espetacular desta Era. Definitivamente, o desfecho desta Copa também colocou um ponto final nas comparações com Cristiano Ronaldo, já que o argentino concretizou seu papel de protagonista ao passo que o português teve um fim melancólico, saiu pela porta dos fundos com discussões e bancos de reservas acumulados. Cabe a observação que Cristiano foi excelente em seu auge e o único que mostrou-se um rival a altura de Messi. 

A Copa deixou claro a passagem de bastão para novas lendas, como Mbappe, que já havia sido campeão mundial precocemente e mostrou seu gigantesco potencial de assombrar o mundo mais uma vez, ao marcar três gols na final. Certamente mais embates memoráveis estão previstos para 2026, com gente boa figurando nos principais gramados, com a França como grande favorita a partir de agora. Vai ser um deleite ver Upamecano, Tchouaméni, Hakimi, Gvardiol, Bellingham, Gapko, Gonçalo Ramos, Vinícius Jr, Rodrygo, assim como outros jogadores que nem estiveram no Qatar, Haaland e Salah, por exemplo.

Ilustração do site Goal.com para trazer todas as conquistas
de Messi, sejam coletivas ou individuais

Mas era preciso uma Copa para que o Messi chamasse de sua. Em 2017, este que escreve já desejava que o torneio realizado no ano seguinte na Rússia parasse nas mãos dos argentinos, é possível reler esta coluna neste link. Atualizando a situação de quatro anos para cá, muitas coisas pioraram no futebol como um todo, mais especificamente na Argentina. Inclusive a dúvida da própria coluna era se Lionel chegaria nas mesmas condições de ajudar o time dos hermanos. Obviamente, é difícil considerar o imponderável nas análises. Um dos fatores improváveis era encontrar um técnico, ex-jogador e companheiro de seleção, que montasse um time a potencializar tudo o que Messi entregou nessa Copa, com sete gols e três assistências, há um ano antes do torneio ser realizado. Outro fator é que o time venceria uma Copa América disputada no Brasil, em um contexto de pandemia, que seria realizado na Colômbia e Argentina, e traria leveza de responsabilidades ao 10 argentino.

Independentemente de acertos ou erros de prognósticos e condutas, a cereja do bolo que faltava na carreira de Lionel veio neste domingo com uma atuação magistral. Gol de pênalti, passe genial durante a jogada do segundo gol, gol na prorrogação com o pé não favorito, cobrança impecável na decisão alternada. 12 recordes quebrados e com novas marcas estipuladas por Messi nessa competição. Assim, para todos aqueles que prezam por uma "justiça histórica", a consagração do tricampeonato argentino é visto como o merecimento de uma carreira talentosa. 


Aos brasileiros que se incomodam com a veneração, vale a lembrança que, há vinte anos, era os argentinos que veneravam Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho com sua magia. Portanto, quem não sabe ver os valores e merecimentos dos que alcançaram a glória, jamais refletirá sobre os próprios erros para corrigir seu rumo. Além de ser um péssimo perdedor, não pode dizer que é o país do futebol se não sabe apreciar onde é bem jogado. A rivalidade continua a existir, contudo, a Messi e aos demais comandados por Scaloni, aplausos!

Comentários da Rodada da Libertadores e Sudamericana, jogos de 05/05/22

Publicado  sexta-feira, 6 de maio de 2022

Comentários da Rodada da Libertadores e Sudamericana, jogos de 04/05/22

Publicado  quinta-feira, 5 de maio de 2022

Comentários da Rodada da Libertadores e Sudamericana, jogos de 03/05/22

Publicado  quarta-feira, 4 de maio de 2022

Ser racista no futebol é o golpe mais baixo do fraco

Publicado  sexta-feira, 29 de abril de 2022

Em uma semana com muitos jogos importantes da Libertadores, o fato que marcou não foi o futebol apresentado dentro de campo, mas quatro casos de racismo que diversos países sul-americanos tiveram contra brasileiros. Ao invés de apontar tochas e lanças, cabe lamentar a fraqueza alheia e cobrar punições pela CONMEBOL.


O futebol é visto, muitas vezes, como uma batalha campal, quando não, uma guerra. E, na guerra, vale tudo? Eticamente, não deveria valer certos artifícios. Contudo, a quem é mais fraco e está perdendo bate o desespero e o instinto de sobrevivência fala mais alto. Aí, vem o golpe baixo para tentar desestabilizar o lado dominante do confronto. Assim pode ser traduzido o racismo, tanto na vida, quanto no futebol. Pare para pensar, qual objetivo de um "asno" imitar um macaco virado para a torcida adversária e nem sequer estar prestando atenção ao jogo? Na prática, isso é para irritar os torcedores, transmitir isso para os jogadores e, em uma consequência muito extrema, promover uma expulsão, "tentar igualar" a briga.
Lógico que o ato de ser racista é criminoso, ofensivo à moral da sociedade e extremamente doloroso a quem sofre essa ação. Não é preciso discutir mais do que hoje já temos de entendimento do assunto. Temos que lutar para orientar novas gerações não agir como acontece no presente. Para estes está mais do que na hora de punições severas para coibir novos atos esdrúxulos. Em quase todos os casos dessa semana foi possível identificar com imagens o criminoso. Não é caso de um país isolado. Teve argentino do Boca contra o Corinthians e outro do Estudiantes contra o Red Bull Bragantino. Mas também teve equatoriano contra o Palmeiras e, ontem (28), chileno contra o Flamengo. Há algumas semanas teve o caso do argentino do River Plate contra o Fortaleza. Antes de apontar o dedo para os outros, os próprios brasileiros são racistas entre si. O caso mais emblemático foi da expectadora do Grêmio que foi flagrada falando "MA-CA-CO" para o goleiro Aranha que defendia o Santos, mas basta fazer um exercício de busca que será encontrado inúmeras notícias sobre o tema. Também é preciso dizer que não há um mundo perfeito lá fora, a Europa deve ser campeã de casos, a cena que vem à cabeça é a banana jogada para Daniel Alves, que ia bater um escanteio para o Barcelona, e ele comeu a fruta.
Veja quantos patrocinadores estão envolvidos na Libertadores
e precisam se posicionar sobre ser conivente com racismo.
Crédito da imagem: Twitter

Retomando a linha de raciocínio, tirando o caso do Estudiantes, que é o único sem imagem e que o time argentino venceu, todos os outros estão se vendo inferiores aos brasileiros. O Boca perdeu categoricamente para o Timão por 2 a 0, em Itaquera, e quer levar esse clima hostil para a Bombonera. O Emelec tomou 3 a 1 em casa para o time misto do Palmeiras e deve sofrer uma goleada ainda maior quando vier ao Allianz. A Universidad Católica até trouxe dificuldades, mas o Flamengo venceu por 3 a 2, fora de casa, e é um dos favoritos ao título, o que não é possível dizer de nenhum chileno.
O Brasil é, inclusive, um importador de pés-de-obra desses países. O lateral direito chileno Isla, ironicamente, defende as cores do Flamengo, o argentino Calleri e o equatoriano Arboleda são muito bem quistos pelo São Paulo, o paraguaio Goméz e o uruguaio Piqueréz compõem a zaga do Palmeiras, o colombiano Cantillo já foi apontado como volante importante no Corinthians. Ou seja, os clubes brasileiros são empregadores de talentos que surgem nesses países e impulsionadores para levá-los para grandes centros.
Ao mesmo tempo que emerge um sentimento de indignação e revolta, tem um ar de coitadismo para essas cabeças pequenas e frágeis que não têm bola para competir conosco. Não há força econômica e de habilidade de bola que consiga competir contra os brasileiros nos últimos três anos dentro da Libertadores e o mesmo está começando a acontecer na Sudamericana. Quem precisa tomar uma atitude mais enérgica é a CONMEBOL, que rege essas competições. Ao culpabilizar também os clubes com multas pesadas financeiras e perdas de pontos no aspecto desportivo, deve começar a ter um efeito prático. Caso haja reincidência, eliminação direta do torneio no ano, multas ainda maiores e impedimento do clube participar nas próximas edições vai fazer os próprios torcedores inibirem esses asquerosos vermes de agirem e serão obrigados a ficar em seus ninhos quietos. Sempre serão vermes e nada além disso!

Comentários da rodada da Libertadores e Sudamericana, 13/04/22

Publicado  quinta-feira, 14 de abril de 2022

Libertadores e Sudamericana 12/04/22

Publicado  quarta-feira, 13 de abril de 2022

Leclerc tem dia de Schumacher e passeia no parque australiano

Publicado  terça-feira, 12 de abril de 2022


Na terceira corrida do ano da Fórmula 1, Charles Leclerc não encontrou adversários em Melbourne, venceu a segunda e se isolou na liderança do campeonato, que vai se desenhando com um tom de uma nota só, sinal das mudanças de regulamento.

Há duas temporadas que não era realizado um Grande Prêmio da Austrália, por causa das restrições impostas pela pandemia. Um mar de gente foi apoiar Daniel Riccardo e matar a saudade da principal categoria do automobilismo mundial. Cerca de 350 mil pessoas circularam nas dependências de Albert Park no último fim de semana. Falando em parque, a corrida foi um passeio que o monegasco propiciou com sua Ferrari, assim como Michael Schumacher fazia no começo do milênio com a mesma escuderia enquanto empilhava cinco títulos mundiais. Tal como o alemão, Leclerc foi imponente e não deu chance para os concorrentes, mesmo tendo duas entradas de Safety Car e todos se reagrupando. Foi tão dominante que deu voltas em alguns carros mais fracos e fez as voltas mais rápidas da prova seguidas vezes.

Assim, o desenho do campeonato vai traçando um rumo de campeão inédito e mais jovem da história. Contudo, isso não é uma certeza, tanto que a Red Bull aparenta estar nos calcanhares e não dá para desprezar o poder de desenvolvimento da Mercedes. O que está sendo visto por hora é uma Ferrari que conseguiu adaptar-se melhor às novas exigências e uma conjuntura de outros fatores que fizeram Leclerc somar 71 pontos e o segundo ter apenas 37.

Verstappen, que hoje é o principal concorrente e postulante ao bicampeonato, não concluiu as mesmas duas provas que Charles venceu. Assim como no Barhein, a unidade de potência não aguentou nos momentos finais e o holandês teve que abandonar pouco tempo depois de uma bandeira amarela. A Red Bull até enviou o motor de Max para os japoneses da Honda analisar, já que a fabricante tem partes do composto híbrido desenvolvido pela própria equipe austríaca. Um palpite é que ele não está sabendo administrar os componentes durante os momentos de baixa velocidade.

Outro que poderia ser apontado como favorito é Lewis Hamilton. O inglês está claramente desconfortável com sua Mercedes. Também pudera, já que não possui o mesmo desempenho de retas que as principais concorrentes e o bólido quica mais nos momentos que é mais exigido o "efeito-solo". Desde o ano passado, Lewis tem terminado algumas corridas exausto. Dirigir em alto nível com o preparo físico sendo extremamente desgastante, deve estar cobrando um preço, afinal estamos falando de um piloto de 37 anos, 15 temporadas seguidas disputando a parte da frente do grid. Alonso vai para 41 anos, mas está muito longe dessa disputa, mesmo continuando agressivo em sua pilotagem.

Dessa forma, George Russell, companheiro de Hamilton e com 13 anos a menos, surge como o segundo piloto mais consistente. Não teve nenhuma apresentação brilhante, mas fez uma boa apresentação na Austrália, com um terceiro lugar conquistado na estratégia e sorte de bandeira amarela na hora exata. 

Carlos Sainz, parceiro de equipe de Leclerc também deve figurar nos primeiros postos, se não cometer o mesmo erro desse domingo e afundar na brita. Vale lembrar que a próxima etapa, daqui duas semanas, é o GP da Emilia-Romagna, em Ímola, San Marino, uma das casas da Ferrari. Então começa a aumentar a pressão no espanhol, mesmo estando em terceiro no campeonato, com 33 pontos.

Se Verstappen não está respondendo como um campeão, Sergio Perez vai fazendo seu papel de segundo piloto e pontuando para a Red Bull, mostra uma crescente, com um quarto lugar na Arábia Saudita e um pódio no segundo lugar na Oceania. Hoje está com 30 pontos, dois a mais que Hamilton e cinco a mais que Max.

No mais, há uma interessante e intensa disputa para saber a qual a quarta equipe mais forte da temporada. Alpine, McLaren, Haas e Alfa Romeo vêm protagonizando um meio de grid animado com muitas ultrapassagens e alternando bons desempenhos de acordo com a característica de cada corrida. Até agora, um circuito nos moldes tradicionais, mas noturno. Outro que é pista de rua, também noturno. Este último, foi uma mistura de circuito com pista de rua, mas disputado à luz do dia e com um desgaste diferente de pneus. 


Tanto que Alexander Albon, com a Williams, surpreendeu largou em último, correu 57 das 58 voltas australianas com pneu duro e, só na última, colocou um composto macio. Foi premiado com o primeiro ponto da equipe no campeonato. O desgaste tem sido um fator determinante, principalmente pelo fato dos aros terem aumentado, então não tem uma equipe intermediária que tenha se mantido constantemente competitiva. É uma tendência a ser repetida nas próximas etapas.

Libertadores e Sul-americana 07/04/22

Publicado  sexta-feira, 8 de abril de 2022

Libertadores e Sul-americana 06/04/22

Publicado  quinta-feira, 7 de abril de 2022

Alemanha ou Holanda no grupo do Brasil pode ser ótimo caminho rumo ao hexa

Publicado  sexta-feira, 1 de abril de 2022


Finalmente chega o sorteio da FIFA da Copa do Mundo do Qatar/2022. O Brasil é um dos cabeças-de-chave do torneio. Há a possibilidade de enfrentar logo na primeira fase Alemanha ou Holanda, que estão no pote 2. Isso pode ser muito bom para a Seleção Canarinho na busca da sexta estrela.

Al Rihla, significa A Jornada, será a bola da Copa do Qatar

Nesta sexta-feira (1º de abril e não é mentira!), vão ser apontados os oito grupos com quatro seleções cada que disputarão o torneio mais visto e esperado da humanidade, a 22ª edição da Copa do Mundo de Futebol Masculino. As bolinhas que dirão quais os três primeiros confrontos de cada uma das 32 seleções começam a ser definidas às 13h (horário de Brasília). O sorteio acontece no país-sede, o Qatar, que será o primeiro país do Oriente Médio a receber a competição.

Por isso, o Qatar será cabeça-de-chave número 1 e estará no grupo A. É a seleção com ranking mais baixo da FIFA, ocupa a 51ª posição. Uma curiosidade: das 29 seleções já conhecidas, apenas Gana tem posicionamento pior, sendo a 60ª colocada. Falta definir três países, um da repescagem europeia que espera uma solução da guerra na Ucrânia, um do confronto Ásia-América do Sul e um entre Costa Rica x Nova Zelândia.


Os outros cabeças-de-chave seguem a ordem dos primeiros no ranking: Brasil, Bélgica, França, Argentina, Inglaterra, Espanha e Portugal. Significa dizer que essas seleções apenas se enfrentarão a partir das oitavas-de-final, contando que se classifiquem. Eles serão distribuídos e determinam certas particularidades para os times dos potes 2, 3 e 4.

A regra do sorteio é não enfrentar seleção do mesmo continente que o seu, com exceção da Europa, que tem 13 representantes, ou seja, cinco grupos terão dois europeus. Então, por exemplo, onde cair Argentina (pote 1) não pode ter Uruguai nos representantes do pote 2 e Equador e repescagem, do pote 4.


Assim, há possibilidades do Brasil ter um grupo muito fácil (México, Tunísia e Gana, por exemplo) ou um eventual "grupo da morte" (Alemanha, Polônia e Camarões, em um exercício de futurologia).

Idealmente, fala-se de ir em uma crescente na competição, então nenhum desses grupos estaria no melhor dos pensamentos de Tite. Buscar equilíbrio nos estilos de adversários e que consiga uma classificação tranquila, mas que possa ser desafiado para um ritmo mais forte para as fases seguintes.


Pensando em uma situação atrativa para a Copa já começar com expectativas altas, não seria ruim que tivesse em um grupo com Brasil e Alemanha ou Holanda. É a garantia de um grande jogo a ser assistido já na primeira fase e que, não necessariamente, elimine uma forte concorrente. Para o Brasil, defendo que seria o melhor cenário. Já que passou quase o ciclo inteiro sem enfrentar europeus, então teria um duelo bem considerável para se testar e ter parâmetro de forças, além de garantir que um desses não estaria no caminho já nas oitavas. Basta lembrar 2014, foram as duas derrotas da seleção (semifinal e disputa de terceiro). Claro que neste cenário seria interessante uma composição com Marrocos e Arábia Saudita ou Coreia do Sul e Gana, por exemplo. Outra curiosidade, o Brasil pode enfrentar os mesmos adversários da primeira fase da Copa da Rússia/2018: Suíça, Sérvia e Costa Rica.


De qualquer forma, acredito que o mais interessante seja "fugir" do grupo vizinho enroscado. Já que há o enfrentamento de primeiro de um grupo enfrentando o segundo do outro (A com B, B com A, C com D, D com C e assim até H com G). Então não adianta muita coisa um grupo relativamente tranquilo e esperar um adversário das oitavas que saia de um grupo com França e Holanda ou Inglaterra e Alemanha, por exemplo.

As primeiras impressões da nova Fórmula 1 e as perspectivas para temporada 2022

Publicado  quarta-feira, 23 de março de 2022

 

A corrida inaugural da Fórmula 1 da atual temporada, às beiras do Golfo Pérsico, trouxe novidades visuais dos carros e possibilidades diferentes no que diz respeito a competição

No último domingo (20), começou a temporada 2022 da Fórmula 1 com a vitória de Charles Leclerc, da Ferrari, no GP do Barhein. A escuderia italiana fez a dobradinha com o espanhol Carlos Sainz chegando em segundo, fato que não acontecia desde Singapura 2019 ou desde 2010 no circuito bareinita. Lewis Hamilton completou o pódio, após uma boa dose de sorte nas voltas finais.

A expectativa dos amantes do automobilismo elevou-se à máxima potência depois de um final apoteótico e polêmico da última temporada com Max Verstappen conquistando o título na volta derradeira de Abu Dhabi em cima de Hamilton. Muito também era aguardado pela nova mudança de regulamento técnico dos carros, que, de tempos em tempos, a FIA promove para combater monopólios competitivos.

Para quem não viu os lançamentos dos bólidos e não acompanhou os treinos de pré-temporada, muitas surpresas foram vistas no primeiro Grande Prêmio do ano. Além de mais robustos, com pinturas mais identificáveis de cada equipe e piloto, e mais bonitos (por causa da asa traseira maior e envolvente nas rodas e das próprias, com calotas e aros maiores), os carros estão "mais grudados" na pista devido ao efeito solo da nova aerodinâmica. Com isso, uma cadeia de consequências: está melhor para quem vem atrás buscar o vácuo para facilitar a ultrapassagem, aconteceu um desgaste mais elevado dos pneus - que será um fator interessante de alternância de estratégias em cada circuito - e as suspensões terão que trabalhar mais nas retas para compensar as "golfinhadas" que as máquinas estão sofrendo ao se deslocar, isso pode significar desgastes e quebras.

Claramente, a Ferrari foi a que melhor adaptou-se às mudanças propostas. Muito era falado que o carro do ano passado era uma causa perdida e quanto mais cedo investisse recursos, melhor seriam os resultados. Dito e feito. Os italianos, que completam 75 anos de competições, largam na frente em 2022. Os dois pilotos têm habilidades semelhantes, mas o monegasco deve ter prioridade nos momentos decisivos do campeonato, já que é cria da academia de pilotos da equipe e mais promissor por mais temporadas.

Christian Horner e a Red Bull mostram novamente sua força e aparentam ser os únicos, no momento, a incomodar os "Tifosi". Contudo, a unidade de potência (antes visto apenas a montadora do motor) híbrida da Honda e com componentes próprios, ainda não é a mais confiável. Tanto que, foi a única equipe a não completar a prova, Verstappen e Sergio Perez abandonaram nas voltas finais.

A Mercedes, que dominou os últimos campeonatos de construtores, está claramente um degrau abaixo e com problema de velocidade máxima nas retas. Contar apenas com o talento de Hamilton e George Russell vai lhe permitir pontos e, com sorte, como no Barhein, algum pódio. Já foi dito que irá demorar algumas corridas para voltar a ser competitiva, resta saber se será o suficiente e terá tempo hábil para a recuperação.

A grata surpresa foi a Haas com um desempenho ótimo, principalmente com Kevin Magnussen, aparentemente sendo a quarta escuderia mais ajeitada, um grande salto para quem amargurava posições no fim do grid até ano passado. Um pouco abaixo, mas impulsionado pela unidade de potência Ferrari, vem a Alfa Romeo e a curiosidade do que o primeiro chinês da categoria, Guanyu Zhou, pode aprontar.

Quem mantém-se nos intermediários e podem sonhar com esse quarto posto são a Alpine e AlphaTauri. Pierre Gasly teve problemas e seu carro teve um princípio de incêndio, por isso a equipe italiana não esteve melhor. A consistência de Fernando Alonso pode garantir pontos para o time francês e, em uma situação muito adversa, pode pensar em postos mais altos.

No pelotão de trás, Aston Martin e Williams já estavam nessa situação e não devem surpreender, mesmo com mais 22 provas pela frente. A tristeza fica por conta da McLaren, que se juntou a esse grupo e parece ter regredido mais abaixo do que poderia se esperar. Dá impressão de ser a pior equipe neste primeiro momento da temporada.

A próxima corrida será no circuito de rua de Jeddah, na Arábia Saudita, já neste fim de semana. Uma corrida nova, que estreou no fim do ano passado, terá modificações para amenizar os problemas de estreia, não dá para apontar a Ferrari como única favorita, mas pode confirmar a ótima fase.

O lado insensível (e não tão incomum) do esporte

Publicado  quinta-feira, 6 de janeiro de 2022


Na maioria das vezes, o esporte nos emociona e nos remete ao lado positivo da vida. Contudo, esquecemos que é uma criação humana e, como tal, é imperfeita e tem seu lado insensível, principalmente quando se mistura com outros aspectos sociais, como negócios financeiros, ganância de vitória, ignorância ideológica e perdão a quem faz mal.


Nesta última quarta-feira (5), quatro exemplos, em diferentes esferas, trouxeram à tona esse tal lado insensível do esporte. É difícil até mesmo elencar uma que seria mais branda que outras.

Insensível à história

O primeiro caso é a típica situação do dinheiro passando por cima de tudo e destruindo com a imagem do herói. Refiro-me ao "novo" Cruzeiro. Ronaldo e o restante da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) que passaram a comandar a instituição mostraram o quão ruim pode deixar de ser um clube para virar uma empresa. Além de jogadores que mal chegaram já ser demitidos pela alta folha salarial não condizente com a série B, outra vítima foi o ídolo máximo Fábio. O goleiro, que defendeu o time mineiro por 17 anos e conquistou 13 títulos, foi descartado como uma engrenagem antiga e enferrujada, mesmo aceitando redução no que teria a receber. Ele tinha como objetivo duas metas antes do fim de sua carreira: ajudar o time a retornar à elite do futebol brasileiro e ultrapassar a marca de 1000 jogos defendendo o mesmo escudo. (Apenas Pelé, Roberto Dinamite e Rogério Ceni alcançaram tal feito). Fábio tem 976 partidas, faltava 24. Tudo o que um goleiro desse calibre passou nesses últimos anos merecia um final mais digno e honroso. Mas as SAFs estão entrando pelas cifras, não pelas histórias.

Insensível a quem está começando

O segundo caso aconteceu em um despretensioso jogo de segunda rodada da Copinha. É a situação de alguém que acha que iria reinventar a roda e se tornar um gênio, visando um resultado improvável. A partida era entre Atlético-MG e Andirá-AC. O Galo era muito favorito por sua estrutura. Ninguém imagina que um time com tão pouca expressão fosse fazer frente. Entretanto, o goleiro Tomate estava roubando a cena, com grandes defesas estava segurando o zero no placar, candidato a herói do empate. Teria ele a chance de ouro quando o juiz marcou pênalti para os atleticanos no meio do segundo tempo. Mas o treinador Kinho Brito resolveu trocar o arqueiro, pensando que surpreenderia o adversário e colocou o reserva Carlos no lugar de Tomate. Carlos não defendeu, Galo venceu por 1 a 0 e Tomate saiu inconsolável para o banco. Apesar de ter direito de fazer o que fez, o técnico não poderia ter dado oportunidade para Carlos na última rodada, com o time já eliminado? Se tem um lado bom, Tomate vem ganhando cada vez mais fãs em redes sociais, Richarlison, da seleção, lhe mandou mensagem de apoio e ele foi convidado para um período de testes no Atlético-MG.

Insensível à vida

O terceiro caso é quase inexplicável. Não dá para um atleta, uma pessoa que ocupa um cargo de liderança ser tão ignorante a ponto de passar vergonha mundial. Estou falando de Novak Djokovic. O tenista sérvio, número 1 do mundo, ganhador de 20 Grande Slams, foi barrado e não disputará o Australian Open. E tudo porque é um negacionista da pandemia e não quer tomar vacina contra a Covid! Não dá para acreditar na falta de respeito, empatia e noção que este atleta tem. Como é possível que um jogador, que inclusive usa a ciência a seu favor na câmara de gravidade aumentada para correr com mais esforço, adote uma posição contrária à vacinação que tem salvado inúmeras vidas ao redor do mundo? Que tipo de exemplo ele quer passar para as novas gerações, que vêm o destronando com alguma frequência? O quanto ele está disposto a perder, tanto em oportunidades de ter mais títulos que outros tenistas como em dinheiro de patrocinadores até "tomar consciência" de suas atitudes?

Insensível à instituição

Por fim, o perdão a quem não merece ser perdoado. Estou falando da relação Grêmio - Douglas Costa. Bom, a meu ver, um jogador que não sentiu a dor de um rebaixamento, fez festa no dia que o time caiu, que arranjou confusão com torcedores se dizendo mais gremista, que remarca a festa do casamento para o meio da pré-temporada e foi buscar negociações com outras equipes não merece vestir a camisa do Tricolor Imortal. Todavia, o presidente insiste em dizer que o cidadão irá defender as cores do Grêmio em 2022. O maior patrimônio de um time é sua torcida, porém, nesse caso, danem-se aqueles que pagaram ingresso e choraram na última rodada do Brasileirão. Depois não entendem porque chegaram nesta situação de chacota do rival Colorado.