Na maioria das vezes, o esporte nos emociona e nos remete ao lado positivo da vida. Contudo, esquecemos que é uma criação humana e, como tal, é imperfeita e tem seu lado insensível, principalmente quando se mistura com outros aspectos sociais, como negócios financeiros, ganância de vitória, ignorância ideológica e perdão a quem faz mal.
Nesta última quarta-feira (5), quatro exemplos, em diferentes esferas, trouxeram à tona esse tal lado insensível do esporte. É difícil até mesmo elencar uma que seria mais branda que outras.
Insensível à história
O primeiro caso é a típica situação do dinheiro passando por cima de tudo e destruindo com a imagem do herói. Refiro-me ao "novo" Cruzeiro. Ronaldo e o restante da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) que passaram a comandar a instituição mostraram o quão ruim pode deixar de ser um clube para virar uma empresa. Além de jogadores que mal chegaram já ser demitidos pela alta folha salarial não condizente com a série B, outra vítima foi o ídolo máximo Fábio. O goleiro, que defendeu o time mineiro por 17 anos e conquistou 13 títulos, foi descartado como uma engrenagem antiga e enferrujada, mesmo aceitando redução no que teria a receber. Ele tinha como objetivo duas metas antes do fim de sua carreira: ajudar o time a retornar à elite do futebol brasileiro e ultrapassar a marca de 1000 jogos defendendo o mesmo escudo. (Apenas Pelé, Roberto Dinamite e Rogério Ceni alcançaram tal feito). Fábio tem 976 partidas, faltava 24. Tudo o que um goleiro desse calibre passou nesses últimos anos merecia um final mais digno e honroso. Mas as SAFs estão entrando pelas cifras, não pelas histórias.
Insensível a quem está começando
O segundo caso aconteceu em um despretensioso jogo de segunda rodada da Copinha. É a situação de alguém que acha que iria reinventar a roda e se tornar um gênio, visando um resultado improvável. A partida era entre Atlético-MG e Andirá-AC. O Galo era muito favorito por sua estrutura. Ninguém imagina que um time com tão pouca expressão fosse fazer frente. Entretanto, o goleiro Tomate estava roubando a cena, com grandes defesas estava segurando o zero no placar, candidato a herói do empate. Teria ele a chance de ouro quando o juiz marcou pênalti para os atleticanos no meio do segundo tempo. Mas o treinador Kinho Brito resolveu trocar o arqueiro, pensando que surpreenderia o adversário e colocou o reserva Carlos no lugar de Tomate. Carlos não defendeu, Galo venceu por 1 a 0 e Tomate saiu inconsolável para o banco. Apesar de ter direito de fazer o que fez, o técnico não poderia ter dado oportunidade para Carlos na última rodada, com o time já eliminado? Se tem um lado bom, Tomate vem ganhando cada vez mais fãs em redes sociais, Richarlison, da seleção, lhe mandou mensagem de apoio e ele foi convidado para um período de testes no Atlético-MG.
Insensível à vida
O terceiro caso é quase inexplicável. Não dá para um atleta, uma pessoa que ocupa um cargo de liderança ser tão ignorante a ponto de passar vergonha mundial. Estou falando de Novak Djokovic. O tenista sérvio, número 1 do mundo, ganhador de 20 Grande Slams, foi barrado e não disputará o Australian Open. E tudo porque é um negacionista da pandemia e não quer tomar vacina contra a Covid! Não dá para acreditar na falta de respeito, empatia e noção que este atleta tem. Como é possível que um jogador, que inclusive usa a ciência a seu favor na câmara de gravidade aumentada para correr com mais esforço, adote uma posição contrária à vacinação que tem salvado inúmeras vidas ao redor do mundo? Que tipo de exemplo ele quer passar para as novas gerações, que vêm o destronando com alguma frequência? O quanto ele está disposto a perder, tanto em oportunidades de ter mais títulos que outros tenistas como em dinheiro de patrocinadores até "tomar consciência" de suas atitudes?
Insensível à instituição
Por fim, o perdão a quem não merece ser perdoado. Estou falando da relação Grêmio - Douglas Costa. Bom, a meu ver, um jogador que não sentiu a dor de um rebaixamento, fez festa no dia que o time caiu, que arranjou confusão com torcedores se dizendo mais gremista, que remarca a festa do casamento para o meio da pré-temporada e foi buscar negociações com outras equipes não merece vestir a camisa do Tricolor Imortal. Todavia, o presidente insiste em dizer que o cidadão irá defender as cores do Grêmio em 2022. O maior patrimônio de um time é sua torcida, porém, nesse caso, danem-se aqueles que pagaram ingresso e choraram na última rodada do Brasileirão. Depois não entendem porque chegaram nesta situação de chacota do rival Colorado.
 
 

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