Quero a Argentina campeã da Copa!

Publicado  sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Messi pode tirar a Argentina da fila de 32 anos sem título mundial
Entre as 32 seleções classificadas para a vigésima primeira edição do maior evento esportivo do mundo, a Argentina deve ganhar a Copa na Rússia. Mesmo com toda a rivalidade criada entre brasileiros e hermanos vinda do começo do século passado, será um grande resultado. São muitos os motivos para acreditar no tricampeonato mundial dos vizinhos sul-americanos.
A começar por seu ícone máximo desta geração tão talentosa de jogadores: será, provavelmente, a última chance de Lionel Messi provar que está no mesmo patamar que Diego Maradona, acabar com o estigma de seu povo que não joga pela seleção com a mesma intensidade de suas apresentações no Barcelona e para vencer o prêmio de melhor jogador da temporada mais uma vez, deixando para trás Cristiano Ronaldo em número de conquistas individuais e se tornando o maior atleta, entre homens e mulheres, a receber esta premiação. Atenção ao advérbio da frase anterior “provavelmente”. Isso porque Lionel estará com 31 anos no Mundial e, em 2022, no Qatar, dificilmente manterá o nível de atuação que demonstra hoje em dia. Sem contar que nas Eliminatórias, Messi já foi o salvador da pátria ao marcar os três gols da vitória sobre o Equador, partida disputada na casa adversária. Em momentos de crise do time, principalmente contra a imprensa local, assumiu o posto esperado de liderança, se pronunciou e defendeu o grupo. Nada mais justo para a coroação de tamanho esforço.
Maradona celebrando a última conquista da Argentina,
no estádio Azteca, México-86
Além dele, o elenco da Argentina carregou consigo toda pressão e drama, típicos de tango, para conseguir uma classificação, sofreu nas partidas que não contou com seu camisa 10, mas mostrou a boa e velha garra, mesmo acumulando tropeços em seus domínios. A situação lembra o Brasil de 94 e de 2002, com uma classificação no último jogo e uma reviravolta de encher os olhos com uma conquista improvável. É uma geração talhada para este triunfo, que surge com um bicampeonato olímpico de 2004-2008. Mascherano, Tevéz, Saviola, Banega, Lavezzi, di María, Agüero, Sergio Romero e o próprio Messi estavam em uma ou nas duas edições que levaram o ouro e vêm encantando em gramados do mundo afora desde então, mostrará que um trabalho de base bem lapidado pode trazer ótimos resultados futuros. Vale recordar, é um time que já bateu na trave em 2014, com o vice-campeonato em terras brasileiras, depois de uma sofrida derrota para os alemães na prorrogação.
O comando técnico também se faz importante neste aspecto. Jorge Sampaoli é um treinador que vem se tornando referência nos últimos anos desde quando dirigia o Universidad de Chile, levando a uma Copa Sul-Americana e às semifinais de Libertadores. Implementou um estilo de jogo para a seleção chilena, faturando a Copa América, até ganhar notoriedade na Europa, antes de assumir a seleção de sua nacionalidade. Teve muito mais dificuldades para acertar o time que o Tite pelo Brasil, mas é considerado um técnico revolucionário, com ideias novas e que gosta de jogar para frente, mostrar bom futebol. Será interessante de acompanhar se conseguirá extrair o máximo de seus selecionados e alcançar a glória, que não vem para a seleção principal desde 1993, com a Copa América jogada no Equador.
Por fim, por se tratarem de sul-americanos, povo do mesmo continente que os brasileiros. Seria uma forma de buscar uma aproximação no continente, abaixar um pouco a rivalidade, pensando de forma utópica, e diminuir a diferença para os europeus, que está 11 títulos a 9.
Além disso tudo, o sorteio realizado hoje na Rússia não favoreceu à Argentina. Na minha concepção caiu no "Grupo da Morte" ao lado da sensação Islândia, da técnica Croácia e imprevisível Nigéria. Será fantástico ver a história de superação, passando pelos adversários mais difíceis e crescendo na competição, podendo pegar Espanha ou Portugal nas quartas, Alemanha na semi e França ou Brasil (acho que perde na semi) na grande final. Ou seja, um roteiro de passar por cima de campeões ou favoritos. Perfeito para não deixar margem para dúvidas.

Este texto foi escrito, quase em sua totalidade, em outubro, como trabalho final do curso de jornalismo esportivo do Senac com o último parágrafo acrescido com o sorteio dos grupos realizado. Houve uma votação para eleger o melhor texto, este foi selecionado pelo vencedor da votação dos alunos e pelo professor Ricardo Monzillo, ministrador do curso.

Ícones do esporte: Norberto "El Beto" Alonso

Publicado  quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Sexta coluna no Bola Parada

Beto é o segundo da esquerda para direita, na inesquecível volta olímpica na Bombonera

Estamos vivendo um grande clima de tensão na Copa Libertadores que está acontecendo esta semana. Vimos o Grêmio se classificar e ser o único brasileiro a seguir na competição. Vai enfrentar o Barcelona que, quem diria, eliminou o Santos, dentro da Vila Belmiro. Do outro lado da chave, um confronto argentino entre Lanús e San Lorenzo define outro semifinalista. O River Plate, um time que tenho grande empatia, tem uma dura missão de reverter um 3 a 0 contra o Jorge Wilstermann, jogo a ser disputado hoje à noite (21), no Monumental de Nuñez, para determinar se continua na busca pelo tetracampeonato. Falando no "Millionarios", o ícone esportivo de hoje têm grande identificação com o time, escreveu seu nome na história do clube e o ajudou a conquistar o mundo, em 1986. Estou falando de Norberto Osvaldo Alonso, ou para los hinchas de River, "El Beto".
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Norberto era o que mais se tem de clássico de um meio-campista. Canhoto, jogava com a 10, driblador, excelente passador e finalizador. Batia faltas e pênaltis com extrema maestria. Veja aqui um pouco do que estou falando. Acho que a comparação com o ex-meia Alex cabe aqui, já que tinham mesmo estilo de infiltração por dentro da zaga adversária, batiam na bola de forma colocada com força, eram mais pensadores do que corredores, geniais na faixa de campo da intermediária ofensiva até a meia-lua. A diferença é que Alonso não foi injustiçado na sua Seleção. Não tinha um porte físico avantajado, sofreu por diversas vezes com lesões e problemas de saúde. É um dos maiores ídolos do River Plate e formou, ao lado de Maradona e Bochini, a trilogia perfeita de camisas 10 do futebol argentino no final da década de 70 e 80.
Quando criança, jogava no bairro de Florida, na província de Buenos Aires, como ponta-esquerdo, mas se encontrou e ganhou destaque como meia. Estreou entre os profissionais do River em agosto de 1971, com 17 anos, pelo então técnico Didi, aquele brasileiro bicampeão mundial de 58 e 62. Esta primeira passagem pelo clube, das três que teve em sua carreira, foi a mais duradoura. Permaneceu até 1976 e conquistou os campeonatos Metropolitano e Nacional de 75 (uma espécie de primeiro e segundo turno do Brasileiro, ou o que eles têm hoje como Apertura e Clausura), fato que o River Plate não alcançava há 18 anos. Neste período há um lance marcante em sua trajetória - infelizmente não encontrei o vídeo da jogada - que Norberto fez o gol que Pelé não conseguiu. Sabe aquele drible da vaca que o brasileiro dá no goleiro uruguaio, na Copa de 70, sem tocar na bola, pega do outro lado e chuta cruzado, mas a bola sai? Pois bem, o argentino protagonizou a mesma jogada contra o Independiente, dois anos depois, e concretizou o gol, sendo um dos tentos da goleada de 7 a 2. Ele marcou 70 vezes em 174 partidas, antes de ser transferido para o Olympique de Marseille, onde permaneceu uma temporada. Não ficou mais por lá porque o então técnico da seleção argentina não convocava jogadores que atuavam fora do país. Conviveu com uma lesão no joelho e acabou jogando em poucas oportunidades.
Norberto_Alonso-ANNa volta, de 77 a 81, mostrou que vinha em uma crescente de atuações, marcando 12 gols em 14 jogos no primeiro semestre de 78, sendo suficiente para ser convocado para a Copa daquele ano, desbancando Diego Maradona. Naquele Mundial, disputou apenas as duas primeiras partidas, não foi até o final da inédita conquista como titular novamente por causa das lesões. Ajudou o River a angariar um tricampeonato seguido, os dois de 79 e o Metropolitano de 80, além do Nacional de 81. Atuou por 172 vezes com a camisa rubro-branca e 64 vezes colocou a bola na rede neste período. Depois disso, passou duas temporadas apagadas no Vélez Sarfield, antes de seu retorno aos gramados do Monumental e de conquistas mais importantes.
Aí vem um marco grandioso, mas é preciso contextualizar a situação. Em 1983/84 quando regressou ao clube formador, três rivais já tinham conquistado o continente, o Independiente acabava de levar sua sétima taça de Libertadores da América e se sagrava bicampeão mundial; o Estudiantes já era tri da Liberta e campeão mundial de 68; e o arquirrival Boca Juniors já era bicampeão continental em 77 e 78 e também tinha um título mundial. Até o Argentinos Juniors venceria no ano seguinte o torneio continental. Já tinha passado da hora de um clube da grandeza do River Plate, dentro da Argentina, levar essa taça para sua galeria. Eis que vem o ano mágico de 1986, ano que inclusive encerraria a carreira de Beto.
River_Plate_campeón_de_América_1986O atleta contribuiu, e muito, para a conquista nacional daquele ano. A passagem mais simbólica é que a equipe já havia ganho o título por antecipação, mas a partida contra o Boca Juniors foi especial. Em plena Bombonera, Beto marcou os dois gols, comandou não só a vitória dos Millionarios como também a volta olímpica em torno do mítico gramado do rival. Não era suficiente. A Libertadores era disputada em moldes diferentes dos atuais. O grupo 1 tinha Montevideo Wanderers, Peñarol e Boca Juniors como adversários do River no primeiro estágio e apenas uma vaga para as fases finais. Não bastou o River se classificar, como teve a melhor campanha dessa fase, com 5 vitórias e um empate, justamente contra o Boca, na casa deles. No triangular semifinal, enfrentou o Argentinos Juniors, então campeão e o Barcelona de Guayaquil. Duas vitórias, um empate e uma derrota levaram o time da capital à inédita final, contra America de Cali. O site do River adjetiva o primeiro jogo como uma "vitória transcendental". 2 a 1 em pleno território colombiano. O segundo gol foi de autoria do capitão camisa 10. A volta, em 29 de outubro, era a elevação de patamar. 1 a 0 no Monumental, a consagração no topo da América. Já havia batido na trave em outras duas oportunidades, vinte e dez anos antes.
O que faltava? Conquistar o mundo, é claro! O adversário era a surpreendente equipe do Steaua Bucareste, da Romênia, que havia vencido o Barcelona na final da Champions League, nos pênaltis.
O estádio Nacional, em Tóquio, foi o palco da última atuação de Norberto Alonso como profissional. Ainda fizera uma partida de despedida na sua casa, no Monumental com mais de 85.000 torcedores, no ano seguinte, mas foram os japoneses os privilegiados do Grand Finale. Sua astúcia decidiu a partida. O River puxava um contra-ataque, que foi parado com falta na intermediária. Ao invés de esperar para alçar a bola na área, pegou e cobrou a falta rapidamente, lançando rasteiro o atacante Alzamendi e pegando a defesa desprevinida. O dianteiro chutou no canto esquerdo do goleiro, a bola bateu na trave, voltou e subiu após resvalar no goleio caído. O mesmo centroavante aproveitou o rebote de cabeça para determinar o placar do jogo e o título mundial ao clube argentino. Era a coroação que faltava para o jogador que havia ganho tudo o que disputara em território nacional. Até mesmo a Copa, que foi realizada em seu país, há quase uma década.
Hoje, com 64 anos, é dirigente no mesmo River Plate. Que sua linda história sirva de inspiração para os jogadores que logo mais entrarão em campo para tentar um difícil revés e continuar na caminhada de conquistar o continente mais uma vez.

Coluna originalmente publicada dia 21 de setembro de 2017

Ícones do esporte: Chris Evert

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Quinta coluna no Bola Parada

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No último final de semana acabou mais uma edição do US Open de tênis, o Grand Slam mais antigo dos quatro torneios mais importantes do circuito. Com o seu final, a consagração dos campeões. Pelo lado masculino, Rafael Nadal se tornou tricampeão e ratificou sua excelente fase de número 1 do mundo. Mas acredito que o resultado mais surpreendente foi pelas mulheres com a coroação de uma campeã inédita, a americana Sloane Stephens, principalmente depois de ter passado por nomes mais conhecidos como Venus Williams, na semifinal, e Dominika Cibulková, na segunda rodada, sem contar a forma avassaladora que passou, na final, pela compatriota Madison Keys. Faz pensar que um grande talento possa estar surgindo e quem sabe se perpetue como uma das maiores vencedoras da nova geração.
Chris Evert em ação nas quadras de Wimbledon
Chris Evert em ação nas quadras de Wimbledon
Isso faz revirar a história e procurar outros casos semelhantes. No tênis feminino não faltam exemplos. Escolhi falar de Christine Marie Evert Mill, a norte-americana que, ao lado de Serena Williams, é a maior vencedora do US Open da Era Aberta, com seis títulos entre 1975 e 1982, sendo que os quatro primeiros foram de forma consecutiva. Apenas duas tenistas superam-na em quadras estado-unidenses, Molla Bjurstedt, com oito troféus, e Helen Moody, com sete, ambas da Era Amadora.
Ela já tinha assombrado o mundo da bolinha amarela quando chegou pela primeira vez às semifinais do torneio juvenil com apenas 16 anos, em 1971, um ano antes de se tornar profissional. A partir daí, seu desempenho só melhorou pensando nos quatro Majors. Até que, menos de três anos depois, venceu pela primeira vez Roland Garros, torneio que deveria ser seu favorito, já que repetiu o feito em outras seis oportunidades, tornando-se a maior vitoriosa do saibro francês, de forma absoluta. De 74 a 86 sempre conquistou pelo menos um dos quatro Grand Slams, sendo dois Australian Open e três Wimbledon, além dos 13 já citados, totalizando 18 troféus. Isso a torna uma dos únicos sete atletas a obterem a Década Slam, seja entre mulheres ou homens, em simples ou duplas. Consiste em vencer qualquer um dos quatro torneios mais importantes por dez anos seguidos.
Evert foi capa da revista Newsweek de 1972
Evert foi capa da revista Newsweek de 1972
Se formos analisar seus números, a óbvia conclusão que foi uma das maiores de todos os tempos, já que até o momento de sua aposentadoria, em 1989, alcançou mais 16 finais nesses campeonatos de maior relevância. Em 1984, chegou à final de todos, mas "só" levou o Australian Open. Foi tetracampeã e tetra-vice do WTA Finals, que reúne as melhores tenistas da temporada. Ganhou nada menos que 157 torneios de simples em toda carreira, feito único. Teve 1304 vitórias e apenas 144 derrotas. Chegou ao posto de número 1 do mundo antes de completar 21 anos. Encerrou cinco temporadas seguidas no topo do ranking, repetindo o feito em mais dois anos e permaneceu no top 3 de 1972 a 1988. Como se não bastasse tudo isso, ainda esteve no degrau mais alto do pódio em 32 campeonatos de duplas e também alcançou o posto mais alto no respectivo ranking. Três dessas conquistas vieram de quatro finais chegadas em Grand Slams. A mais emblemática delas foi em 1975, no saibro parisiense, ao lado de Martina Navrátinová, sua maior amiga e maior rival dentro das quadras. No confronto direto, 43-37 para a tcheca que se naturalizou americana. Apenas ela, Tracy Austin e Steffi Graf têm mais vitórias que derrotas perante Chris Evert. Para se ter noção do tamanho desta rivalidade, tem um artigo considerável do duelo Evert-Navrátilová escrito na Wikipédia, em inglês, que pode ser lido aqui.
Chris e Martina prestes a iniciar mais um embate
Chris e Martina prestes a iniciar mais um embate
Outros feitos de Chris foi ser eleita por quatro vezes "Atleta do Ano" e "Esportista Feminina do Ano" de 1976, pela renomada revista Sports Illustrated. Em 1995 foi nomeada para fazer parte do Hall da Fama da modalidade. Há uma série de outros reconhecimentos que a tenista alcançou ainda enquanto competia ou depois de seu retiro. Mas tudo o que foi falado já dá para ter dimensão do que representou a "Dama de Gelo", apelido que ganhou por sua seriedade e concentração dentro de quadra. Dona de golpes precisos e um jogo profundo de direita, além de uma esquerda firme, jogada com as duas mãos, estilo comumente visto nos dias atuais, Chris Evert pode ser considerada uma referência do tênis moderno feminino. Hoje tem 62 anos e reside em Boca Raton, na Florida, mas seu talento reside permanentemente em todos os terrenos de quadras pelo mundo.

Coluna publicada originalmente em 13 de setembro de 2017

Ícones do esporte: Luisinho

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Quarta coluna no Bola Parada


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Semana passada o Sport Clube Corinthians Paulista comemorou mais um ano de vida. Fiquei pensando aqui com meus botões: "quem que eu poderia trazer de ícone de um dos maiores clubes do país com uma história tão rica? Poderia ser Rivelino, tido como o maior de todos a passar pelo Timão, mas prefiro guardar para outra ocasião. Poderia ser Sócrates, mas achei batido demais. Poderia ser Marcelinho, mas é muito recente e tem um pênalti..." Fui pesquisar um pouco mais para trás na história e cheguei a este grande personagem: Luís Trochillo, ou mais conhecido como Luisinho.
Luisinho é o segundo da esquerda para direita do esquadrão corinthiano
Luisinho é o segundo da esquerda para direita do esquadrão corinthiano
A história que lhes conto hoje é de um atacante que tem alta identificação com o time da Zona Leste de São Paulo e é um daqueles casos que a Fiel adora por sua origem e seus feitos no clube. A começar por onde nasceu. O bairro do Brás, que faz parte da mesma região da cidade, foi onde tudo começou, em 7 de março de 1930. Lá, jogou em campos de várzea e aprendeu as técnicas e malícias do jogo, desenvolveu sua notável habilidade com a bola. Foi direto para o Corinthians com 18 anos e permaneceu, em sua primeira passagem, 14 anos seguidos no clube, de 1948 a 1962. Durante este período, em uma excursão que o time fez pela Europa em 1952, ganhou apelido de "Pequeno Polegar", devido a seus 1,64 m, uma alusão ao herói do livro que facilmente se desvencilhava dos ogros, tal como o atacante fazia com os brutamontes europeus.
Nesta época também que ganhou todos os títulos de sua carreira, fosse pelo clube paulista que defendia fosse pela sua breve passagem na Seleção. Os principais foram os Campeonatos Paulistas de 1951, no qual fez parte do ataque dos sonhos corinthiano, ao lado de Cláudio e Baltazar, ataque responsável por marcar 103 gols em uma edição do torneio, recorde que dificilmente será alcançado; de 1952, o bicampeonato; e 1954, esta edição especial do IV Centenário da cidade e ele foi o autor do gol de cabeça da vitória sobre o maior rival, Palmeiras. Rival este que ele adorava marcar seus tentos, ao todo foram 21 bolas postas nas redes alviverdes, o maior carrasco da história do Derby. Diz a lenda que, de tão habilidoso e atrevido, pôs um marcador palmeirense para dançar, colocando a redonda através das pernas do adversário algumas vezes, que acabou caindo no chão. Luisinho resolveu esperar sentado na bola para continuar driblando o jogador, tamanho era o deboche. Além destes Paulistas, destaca-se os Torneios Rio-SP de 1950, 53 e 54. Depois disso até ganhou outros troféus de menor expressão, mas amargou boa parte do que é considerado o período de maior jejum da história do clube, que só seria sanado em 77.
Raro registro de Luisinho (direita) com a camisa do Juventus, ao lado de Joaquimzinho
Raro registro de Luisinho (direita) com a camisa do Juventus, ao lado de Joaquimzinho
Só saiu do time porque teve um desentendimento com o técnico que o comandava na época. Teve uma passagem de dois anos pelo Juventus da Moóca, mas não há muitos registros a respeito de seus jogos com o clube.
Regressou em 1964 para o Timão e encerrou sua carreira três anos mais tarde. Ao todo, disputou 603 partidas com a camisa alvinegra, é o segundo atleta que mais vezes vestiu essa camisa, tendo sido superado apenas por Wladimir nos anos 80. Fez 175 gols, o que o torna o sétimo maior artilheiro da história corinthiana. Nunca se desligou do clube, foi chamado para ser técnico interino em algumas oportunidades. Em 1994, ganhou um busto dentro do Parque São Jorge.
Despedida no Pacaembu
Despedida no Pacaembu
Uma curiosidade interessante foi que, em 25 de janeiro 1996, quando já tinha 65 anos, na partida amistosa entre Corinthians e Coritiba, disputada no Pacaembu, ele foi chamado para jogar e esteve em campo por cinco minutos, se tornando o jogador mais velho a atuar pelo time. Esta partida marcou a estreia do atacante Edmundo pelo Timão.
Serviu à Seleção brasileira em onze oportunidades e marcou um gol, justamente contra a Argentina, em 1956, e pôs fim a dez anos sem vencer os hermanos. Com a amarelinha conquistou quatro títulos de pouca expressão, o mais conhecido a Copa Rocca de 57. Até chegou a ser cotado para o Mundial de 58, mas não entrou na lista final.
Morreu com 67 anos, em janeiro de 1998, por conta de complicações respiratórias. Mas certamente está vivo na memória dos torcedores mais antigos do time de Itaquera e é um dos mais queridos. Sua história está devidamente guardada e reconhecida. É um grande personagem que serve para homenagear um pouco dos 107 anos recém completados do "time do povo".

Coluna publicada originalmente em 7 de setembro de 2017

Ícones do esporte: Rocky Marciano

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Terceira coluna publicada no Bola Parada

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No último sábado, pudemos assistir ao circo - quase pode-se dizer a luta - entre o boxeador norte americano Floyd Mayweather e o lutador de artes marciais irlandês Conor McGregor, que resultou na esperada vitória do pugilista. Com isso, "Money" Mayweather somou sua 50ª vitória na nobre arte e concluiu sua carreira de forma invicta com o cartel de 50-0-0, sendo 27 dessas vitórias por nocaute.
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Mas venho aqui trazer um nome que é uma lenda no esporte e que é muito mais representativo. Estou falando de Rocco Francis Marchegiano, ou simplesmente Rocky Marciano. Ele pode não ter alcançado as cifras que Floyd tem, mas o ítalo-americano foi muito mais avassalador em sua época. Conquistou 49 vitórias e também encerrou sua carreira sem sequer empatar um embate. No entanto, superou 43 de seus oponentes nocauteando-os, o que significa aproximadamente 70% de seus combates tiveram que ser interrompidos pelo árbitro, uma vez que o outro lutador não tinha mais condições de continuar.
Nasceu no dia 1º de setembro de 1923, em Brockton, no estado de Massachusetts, e morreu um dia antes de completar 46 anos, num desastre aéreo, em Iowa. Mesmo assim, seu 94º aniversário vem ser recordado nesta semana. É tido como um dos maiores peso pesados de toda história, faz parte do Hall da Fama do Boxe desde 1990, quando foi criado este memorial. Pode ser colocado na mesma prateleira de Joe Frazier, Mike Tyson, Joe Louis (a quem, inclusive, venceu por nocaute em 1951), George Foreman e Evander Holyfield. Só não o coloco no mesmo patamar de Muhammad Ali, por acreditar que este foi o maior de todos os tempos.
18119350_1255299524569336_7702770856492960824_nEra dono de um estilo destemido, concentrado e respeitoso para com os adversários. Quem viveu nesta época, diz que, apesar de não ter um corpo tão característico de lutadores da categoria, tinha uma das mãos mais pesadas de toda história. Veja aqui um compilado de suas lutas e entenda a potência de seus golpes. Tanto fazia qual era a mão, seus diretos causavam grande estrago em quem subia no ringue para enfrentá-lo. Ele também tinha uma alta capacidade de resistir às pancadas que sofria.
Começou a lutar profissionalmente com 23 anos. Em 17 de março de 1947 fez sua primeira vítima, Lee Epperson. Lutou em alguns lugares importantes, como no templo da modalidade, o Madson Square Garden, e o Yankee Stadium. Em setembro de 1952 superou Jersey Joe Walcott, no Municipal Stadium, na Philadelphia e passou a ser detentor do cinturão, status que não o deixou até o fim de sua carreira. Sua última luta foi quatro anos mais tarde contra Archie Moore, no bairro do Bronx. Parou de lutar por conta das marcas em seu rosto e em consideração à esposa Barbara e à filha Marie Anne, fato que é comum em tantos lutadores.
g1_u5989_rocky_marcianoA Philadelphia é o local onde morava o personagem que Marciano serviu de inspiração. Sim, ele é o responsável por Sylvester Stallone protagonizar Rocky Balboa em sete filmes no cinema. [Aquele momento em que vem à cabeça a música e a cena clássica de subir as escadarias correndo até o topo]. Todo mundo já assistiu ou ouviu falar na franquia que tanto fez sucesso e impulsionou ainda mais o esporte. Outra curiosidade sobre Rocky é que ele foi imortalizado também em uma edição de selos postais dos correios americanos.Tirando o personagem, tem um filme de 1999 chamado "Rocky Marciano", alguns DVDs e pelo menos sete livros que contam mais sobre sua carreira. Nada mais justo para ícone que está no Olimpo daqueles que usaram luvas para fazer arte.

Coluna publicada originalmente em 29 de agosto de 2017

Ícones do esporte: Gylmar dos Santos Neves

Publicado  terça-feira, 29 de agosto de 2017

Ícones do esporte: Usain Bolt

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Tem surgido alguns projetos em paralelo com o Esporte pelo Juva. Um deles é uma coluna que tenho escrito semanalmente desde o meio deste mês de agosto, no site Bola Parada. Replicarei aqui as colunas como forma de manter atualizado o blog, assim como tenho feito com a coluna Lógos Olympikos, que escrevo para o Surto Olímpico. O primeiro personagem que escolhi foi o velocista jamaicano que deixou as pistas após o mundial de Londres deste ano.

O jamaicano, natural de Sherwood Content, que irá completar 31 anos na próxima semana, teve um fim de carreira melancólico, com suas últimas atuações na pista do Estádio Olímpico de Londres um tanto quanto decepcionantes para quem se acostumou a vê-lo superar adversários e pulverizar marcas, abdicou de correr os 200 metros livres, calculou mal na final dos 100 metros livres, ficando com o bronze, e no revezamento 4x100 metros não completou a prova devido a uma cãibra no músculo posterior da coxa esquerda.

Rio de Janeiro - O jamaicano Usain Bolt, garantiu o ouro e fez história ao conquistar pela terceira vez o título de homem mais rápido do mundo nos 100 metros rasos em uma Olimpíada (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Rio de Janeiro - O jamaicano Usain Bolt garantiu o ouro
  e fez história ao conquistar pela terceira vez
  o título de homem mais rápido do mundo nos 100 metros rasos
em uma Olimpíada (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Nada disso, no entanto, apaga os feitos históricos que essa lenda cheia de carisma escreveu para sua modalidade e para o mundo esportivo como um todo. Um cara que ganhou medalha de ouro em todas as finais olímpicas que disputou, só não ficou com a medalha do 4x100 metros de Pequim, porque um de seus companheiros foi pego no doping. Feliz daqueles que estiveram em Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016 e puderam acompanhar Bolt conquistar nove láureas douradas ou daqueles que estiveram presentes em uma das onze vitórias e  14 medalas em provas de Mundiais. Afortunado daqueles que viram in loco as quebras de recordes mundiais e olímpicos, fosse em Pequim, Berlim, Daegu ou Londres. Deve ter sido incrível ver aquele 9s58 dos 100 metros rasos ou aquele 19s19 dos 200 metros.
18 de Agosto de 2016 - Rio 2016 - Usain Bolt na prova dos 200m Foto: Roberto Castro/ Brasil2016
18 de Agosto de 2016 - Rio 2016 -
Usain Bolt na prova dos 200m
Foto: Roberto Castro/ Brasil2016
Ele elevou o patamar dos velocistas e deve se manter com o nome no topo das provas mais rápidas por muito tempo, me arrisco a dizer que não imagino estar vivo para acompanhar a quebra destas marcas. Até hoje ninguém sequer chegou perto. Ele revolucionou a "bio-lógica" que era acreditada de ser a melhor para correr essas distâncias, afinal como era possível um cara com 1,96m ganhar de atletas baixos e troncudos? Ele se tornou objeto de estudo da dinâmica de movimento, com uma largada que sempre foi sua deficiência, mas que compensava com suas passadas largas. Ele mudou o jeito dos atletas se apresentarem antes das provas, antes todos tinham que estar sérios, de cara fechada e ele veio com sua descontração e irreverência, até como forma de desestabilizar seus adversários, e hoje todo mundo procura fazer uma graça e mostrar que está focado mesmo assim.
Somos privilegiados em acompanhar a brilhante carreira do homem mais rápido da Terra bem de perto. Sabe quando ouvimos falar de algum atleta que nunca vimos mas aprendemos a respeitar? Este é um caso que nós contaremos para as próximas gerações, um herói olímpico do século 21. Uma pena que o tempo é implacável para todos e obrigou o "Raio" a encerrar sua trajetória tão precocemente.
Para quem se interessar mais sobre a vida deste ícone do esporte recomendo o livro 'Usain Bolt: Mais Rápido que um Raio', uma autobiografia lançada em 2014, e o documentário 'I am Bolt', lançado no final do ano passado. Importantes relatos da vida do astro das pistas que deixou seu brilho intenso em pistas do mundo inteiro.

Coluna publicada originalmente em 14 de agosto de 2017.

Pista de Arranque - Bobsled

Publicado  quinta-feira, 24 de agosto de 2017



Aqui foi o dia que fui conhecer de perto um pouco mais sobre esse esporte que parece tão distante dos brasileiros e que batalha por um lugar ao sol, ou melhor, ao gelo.

Vem chegando a temporada de Mundiais

Publicado  sexta-feira, 9 de junho de 2017

Não tem nada mais chato para os amantes dos esportes olímpicos que o período pós-Jogos, já que é um tempo no qual os atletas se retiram para o merecido descanso, depois de terem se preparado para mostrar o melhor da sua forma e técnica no principal evento do planeta. Nessa época as entidades máximas de cada modalidade não promovem grandes competições, fica um hiato até podermos vê-los novamente em ação. Finalmente esse recesso chegou ao seu término. Claro que já temos acompanhado grandes esportistas correndo, lutando, nadando, saltando. Mas agora está aberta a temporada de campeonatos mundiais e poderemos matar saudades do clima do Rio-2016.
Deste fim de mês de maio até o final do ano, pelo menos um campeonato mundial por mês estará em disputa. Será campeonatos acontecendo ao redor do mundo de esportes olímpicos e paralímpicos, trazendo os melhores para saber quem será consagrado o número 1 individual ou coletivamente. O Brasil estará representado e com chances de pódio em alguns deles.

Trago aqui a sequência que virá para o deleite nosso, dos fãs esportivos:

Tênis de mesa – do dia 29 de maio até 5 de junho – O Mundial já está sendo disputado em Düsseldorf, na Alemanha. O Brasil terá representantes nos dois gêneros, em simples e duplas, além de duplas mistas. A questão é como bater os asiáticos, principalmente, os chineses. Vale acompanhar pela rapidez e plasticidade das jogadas e comparar com aquela atividade de recreação que muitos já tiveram oportunidade de jogar.

Golfe – de 15 a 18 de junho – Não é campeonato mundial, mas o US Open é um dos Majors do ano, então somente a nata vai competir nos gramados de Erin Hills, em Wisconsin, na 117ª edição de um dos mais importantes torneios do circuito PGA.

Tae kwon do – de 22 a 30 de junho – Talvez seja um dos mais esperados Mundiais nesse começo de novo ciclo. Ver os chutes voadores sendo desferidos no tatames da cidade de Muju, na Coreia do Sul vai ser interessante. Mas quem quiser acompanhar, terá algumas madrugadas em claro, principalmente para acompanhar a renovada seleção brasileira. Os 16 atletas tiveram um Camping de Treinamento no Rio de Janiero recentemente visando a preparação final. Maicon de Andrade, medalhista no Rio, é o principal nome da delegação, mas temos destaques entre as mulheres também, como Milena Titonelli, que vai para seu primeiro mundial adulto.

Vela – de 29 de junho a 9 de julho – Os Mundiais são fragmentados nas diversas categorias de barcos. Este primeiro será da classe Star, disputado nas águas de Svendborg, Dinamarca.

Vôlei – de 4 a 8 de julho – Na ausência de um Mundial este ano, a torcida é para que os comandados do novo técnico Renan Dal Zotto vençam a Liga Mundial em casa, jogando no estádio da Arena da Baixada, em Curitiba. A equipe já está na Itália para disputar os jogos de primeira fase, que usará para ganhar entrosamento, uma vez que está classificada às finais por ser país sede.

Atletismo paralímpico – de 14 a 23 de julho – Quer ver o hino nacional ser tocado em muitas competições? Essa foi uma das modalidades que mais trouxeram medalhas para o Brasil na Paralímpiada e certamente dará muitas alegrias, num cenário especial: estádio olímpico de Londres, revivendo 2012.

Esportes aquáticos – de 14 a 30 de julho – A capital da Hungria, Budapeste, irá receber os mais rápidos nadadores, os mais habilidosos saltadores, os mais fortes jogadores de polo aquático, os mais resistentes maratonistas aquáticos, as mais precisas nadadoras sincronizadas. É um evento grandioso que traz consigo astros famosos de diversos países. Talvez seja o mais esperado dos campeonatos. Resta saber como o Brasil será representado com a crise da Confederação que rege os esportes na água.

Esgrima – de 19 a 26 de julho – As velozes espadas vão tilintar na cidade de Leipzig, na Alemanha. Italianos e franceses dominarão o pódio ou terá outras nações capazes de destronar os europeus neste nobre embate?

Ciclismo – de 25 a 29 de julho – Radical. Esta é a palavra para acompanhar os principais ciclistas de BMX que competirão em Rock Hill, nos Estados Unidos, em busca da coroa com as pequenas magrelas.

Vôlei de praia – de 28 de julho a 6 de agosto – Deixo para o fim desta coluna, o Mundial mais interessante para os brasileiros em termos de possibilidade de vitória. As areias de Viena, na Áustria, receberão as melhores duplas do circuito, tanto no masculino como no feminino para saber quem serão os reis e rainhas da praia. Como sempre, o Brasil é muito forte e tem possibilidades de ter duas duplas em cada pódio.

Como disse, haverá Mundiais até o fim do ano. Em agosto, trago um balaço do que foram esses que trouxe hoje e conto a expectativa dos próximos. Até lá, aprecie sem moderação!

Coluna publicada originalmente em 30/05/17

Entrevista com Ygor Coelho

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Entrevista publicada originalmente no site Surto Olímpico, em 20/05/17


Por Bruno Vieira, Daniel Barbosa, Juvenal Dias, Marcos Antônio e Regys Silva

Ygor Coelho foi um dos atletas que jogaram em 'casa' na Rio 2016. Carioca nascido e criado na comunidade da Chacrinha, na zona Oeste do Rio de Janeiro, Ygor teve apoio maciço da torcida brasileira e apesar de estar apenas adquirindo experiência, o que se viu e Ygor era um diamante bruto a ser lapidado. Em 2017, Ygor vem brilhando e atingindo grandes feitos, como o título inédito do Pan-americano de badminton e a entrada no top50 do ranking dos melhores do mundo, tudo isso com apenas 20 anos. Nessa entrevista concedida ao Surto Olímpico, Ygor fala sobre sua carreira, Rio 2016, o bom momento em que vive e suas expectativas para o ciclo olímpico até Tóquio 2020. Confira abaixo:

- Você começou muito cedo no esporte na comunidade da Chacrinha. Como foi o início? E acredita que começou numa idade apropriada para se adaptar ao Badminton?
Comecei a jogar Badminton aos 3 anos de idade. Meu pai tinha montado um projeto social chamado Miratus (www.miratus.org) e ensinava o badminton para as crianças da comunidade. Eu também queria jogar, então no inicio ele cortava o cabo das raquetes para elas ficarem do meu tamanho! Aos 6 comecei a treinar de verdade. Aos 9 ganhei minhas primeiras medalhas internacionais. Aos 11 eu era tricampeão Panamericano Jr. O projeto esta lá até hoje e continua atendendo muitas crianças e lhes dando oportunidade não só no esporte mas também na vida.

- Você evoluiu muito rapidamente em pouco tempo de carreira. A que você deve essa evolução no badminton? 
Devo esta evolução principalmente à base que meu pai (que foi meu treinador até os 18 anos) me deu neste esporte. Ele me ensinou primeiro a defender e assim desenvolvi uma variedade de golpes que foi muito importante para minha evolução.

- Que parte do seu jogo você considera sua melhor qualidade e o que acha você tem melhorar? 
Minha melhor qualidade é a defesa. O que tenho que melhorar?  Muita coisa!(risos).

-Seu esporte prima pela velocidade que a peteca viaja. Há um treinamento específico para melhorar seu tempo de reação? Conte-nos como funciona

Tem varias coisas que eu faço para trabalhar isto porque é muito importante durante um jogo. Um dos treinos que faço é o multi petecas onde faço series de 50 ou mais petecas uma atrás da outra. É bem cansativo mas ajuda muito a reagir rápido e bem.

- Como você avalia sua participação para a Rio 2016 e que lições você tirou dela para um possível participação em Tóquio?
Os Jogos Rio 2016 foram uma experiência maravilhosa. Infelizmente não consegui passar da fase de grupos (perdi para o irlandês Scott Evans e o alemão Marc Zwiebler) mas aprendi demais sobre o que é uma Olimpíada e com certeza isto deve me ajudar a chegar mais preparado em Tóquio.   

- Antes da Olimpíada, você era um ilustre desconhecido para muita gente. Como tem sido o assédio depois dos Jogos? Você tem sido reconhecido por onde passa?
(Risos) Até que alguns já me conheciam graças ao projeto do meu pai, que é bastante conhecido, mas é verdade que a visibilidade aumentou. Só que foi mais nos meses que antecederam os Jogos e durante eles. Cheguei a dar mais de 50 entrevistas para mais de 10 países entre Maio e Agosto de 2016. Foi bem legal. Agora, já esta muito mais tranquilo, mas é bacana ver que sou uma referência neste esporte aqui no Brasil.

- E você está sendo destaque em um esporte desconhecido do grande público. Acredita que o seu sucesso poderá impulsionar a prática do badminton no país?
Espero que sim, é um dos meus sonhos. Quero realmente ajudar a divulgar mais o meu esporte no pais e por isto tento comunicar bastante nas redes sociais. Aproveito alias para incentivar as pessoas a curtirem a minha pagina de atleta no Facebook (https://www.facebook.com/atletaygor/) para aumentarmos esta comunidade do badminton e podermos assim impulsionar a prática.
 
- Após os Jogos de 2016, boa parte dos atletas do Brasil vem sofrendo com pouca verba e pouco patrocínio. Como você tem passado por esse problema?
Pois é, a situação não esta simples mas eu posso dizer que tenho muita sorte com relação a este ponto porque sempre tive pessoas acreditando em mim. Hoje tenho 4 apoios muito grandes que me ajudam demais. Sou patrocinado por duas empresas grandes, Artengo e Nissan do Brasil que me apoiam financeiramente e com material/carro. Além disto sou 3° Sargento da Aeronáutica ha quase um ano e a Força Aérea brasileira esta me ajudando muito nesta fase da minha carreira e também recebo o Bolsa atleta do Ministério do Esporte. Mas preciso de tudo isto porque tenho hoje que bancar quase tudo. Outra entidade que esta sendo essencial na minha carreira hoje é a Federação francesa de Badminton que por três vezes nos últimos seis meses, me abriu as portas do seu centro de treinamento para eu treinar com seus atletas.

- Qual a sua expectativa para o campeonato mundial em agosto?
Vai ser mais um momento magico porque sera minha primeira participação a um mundial adulto. Não me coloco pressão porque não tenho nada a perder. Toda rodada passada sera lucro. Mas quero muito ter um bom desempenho lá e vou treinar muito para chegar bem preparado.

- Quais são suas metas para este ciclo olímpico? Você tem metas de terminar em qual posição no ranking neste ano?
Eu quero tentar chegar em Tóquio com um ranking no Top 20 mas tenho que pensar "etapa por etapa". Já estou super feliz hoje porque eu tinha três metas este ano, ser campeão pan-americano, participar do mundial e entrar no Top 50 e só estamos em Maio e eu já conquistei as três (só tenho que me manter no Top 50 até o final do ano. Sou o 47 do mundo hoje). Ou seja, vou poder investir no segundo semestre para treinar muito e já começar a ir buscar o Top 40 que a principio era a minha meta do ano que vem.

- O que significa para você entrar no Top 50 do mundo? E o que significa para o país ter um atleta nesse nível?
Significa muito para mim. Estar entre os 50 melhores jogadores do mundo para um jovem que começou a jogar descalço numa comunidade do Rio de Janeiro é algo grande. Estou super feliz. E para o pais também é bacana, estou abrindo portas e espero que outros seguirão o meu caminho e me ajudarão a desenvolver o esporte no nosso pais.

- Considera o Pan-americano de Badminton como o campeonato mais importante que já conquistou? Como foi sua trajetória nesse torneio?
Sim, este titulo pan-americano é provavelmente o titulo o mais importante que eu já conquistei e ele é inédito pois nenhum brasileiro tinha conseguido este titulo até agora. O torneio em si, não foi o torneio mais difícil que eu disputei mas teve a particularidade de enfrentar cubanos (donos da casa já que o torneio era em Havana) tanto na semifinal quanto na final, o que "apimentou" os confrontos. Na final ganhei de Osleni Guerrero, que foi durante muito tempo o número 1 das Américas e já tinha conquistado duas vezes este torneio.

-Em quem você se inspira dentro da modalidade para continuar crescendo e melhorando?
Eu tenho muita sorte porque um dos jogadores que tenho como grande referencia, é o meu técnico quando treino com a seleção francesa em Paris. Estou falando do Peter Gade, dinamarquês que já foi Número 1 do mundo e hoje é Diretor de Alto Rendimento da seleção francesa. Espero conseguir voltar a treinar com ele em agosto.

As boas novas dos esportes de raquete

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Aos poucos o esporte brasileiro vai retomando a vida normal depois do Rio-2016 e suas subsequentes notícias ruins ou boas. Aos poucos, também, vão surgindo bons resultados em esportes que pouco imaginaria que poderiam acontecer. Dentre essas modalidades, vale ressaltar três que têm ganhado destaque nessas últimas semanas, badminton, tênis de quadra e tênis de mesa.
Começando com a peteca lá em cima, Ygor Coelho vem contrariando aquela máxima que badminton é um esporte que apenas asiáticos se dão bem. Quem poderia imaginar um brasileiro entre os 50 melhores do ranking mundial? Ainda mais com uma origem humilde, num lugar onde um projeto social conseguiu garimpar esse jovem talento de 20 anos que poderia ser como tantos outros e não ter grandes perspectivas na vida. Ygor é um daqueles exemplos que a formação esportiva transforma o caráter do indivíduo e que, através dessa base, pode se tornar alguém vitorioso, com notoriedade internacional e que nos enche de orgulho. Até onde ele pode chegar? É difícil prever. Já foi campeão Pan-Americano, uma conquista inédita. Não sei se chegará a disputar títulos mundiais ou lugares no pódio, mas é um nome a ser observado. Quem sabe não vira um daqueles famosos casos de brasileiros que despontam e estimulam jovens talentos na prática?
Nas quadras de saibro, um nome consolidado, outro que vem despontando e um mais desconhecido são os grandes destaques. Marcelo Melo mostra que é um duplista extremamente forte, nasceu para esse tipo de jogo em parceria. O mineiro trocou de parceiro no começo do ano e logo se adaptou bem com o novo companheiro Lucasz Kubot, da Polônia. Prova desse rápido entrosamento veio neste final de semana, quando a dupla conquistou o Masters 1.000 de Madri, o segundo dessa grandeza no ano. Com isso, assumiram a liderança no ranking das duplas. Há uma outra classificação que soma pontos individuais da dupla, uma vez que não é obrigatório a dupla jogar a temporada inteira juntos, e nessa situação, o brasileiro é terceiro do ranking.
Quem vem mostrando um tênis consistente e com notória evolução é a paulista Beatriz Haddad Maia. A jovem vem de dois torneios com resultados expressivos. No WTA de Praga, ela chegou as quartas-de-final, inclusive derrotando uma Top 20 pela primeira vez na carreira.  Já neste fim de semana, venceu sua segunda competição no ano, conquistou o título no ITF de Cagnes-Sur-Mer, na França (já havia vencido em Clare, na Austrália). Por mais que não seja uma conquista do principal calibre dentro do tênis mundial, é bem relevante em termos de confiança e, principalmente, para o ranqueamento. Esse resultado a coloca como centésima melhor tenista do mundo de forma inédita em sua trajetória. Isso é bastante para quem vai completar 21 anos e não encontra tanto apoio como há no tênis masculino.
Ainda da terra batida vem uma ótima notícia do desporto paralímpico. O mineiro Daniel Rodrigues fez dobradinha no torneio internacional da Itália e venceu tanto em simples como em duplas no Tênis de Cadeira de Rodas. Infelizmente, esse tipo de competição traz pouco retorno financeiro e, portanto, não é televisionado, é preciso seguir em sites especializados. O Surto Olímpico é o lugar que nos nutri dessas informações relevantes, inclusive para escrever essa coluna.
Por fim, trago a experiência de cobrir e conviver alguns dias com os melhores mesatenistas do país. Acompanhei o Brasil Open de Tênis de Mesa. Foi interessante como jornalista trabalhar no evento, teve um saudosismo de torcedor do Rio-2016 e nos faz ter esperanças num futuro promissor dentro do esporte a nível mundial. Ver Hugo Calderano jogando de modo consistente, Gustavo Tsuboi em seu jogo centrado, a sabedoria oriental de Lin Gui e a jovialidade de Bruna Takahashi, além de outros jovens talentos, incluindo sua irmã de 12 anos, Giulia Takahashi, mostra um trabalho bem feito pela Confederação. O próprio torneio foi muito elogiado pelos atletas daqui, pelos estrangeiros que vieram e pelo ícone da modalidade e técnico da equipe feminina, Hugo Hoyama.
Independentemente de quem veio disputar a competição, o Brasil vem mostrando uma evolução gradativa e constante. Mostra que está preparado para fazer um papel digno no Mundial da categoria que começa no fim do mês, em Liebherr, na Alemanha. É um esporte que é amplamente dominado primeiro pelos chineses e, em sequência, pelos asiáticos, de forma geral. A disputa é bem difícil para os brasileiros, mas se conseguirem mostrar o seu melhor já podemos considera-los vencedores, uma vez que, passado o ciclo olímpico houve uma diminuição dos investimentos na modalidade.

De qualquer forma, para um lugar que não é o país das raquetes, vamos mostrando resultado, fruto do talento e perseverança dos atletas que fazem petecas e bolinhas o seu meio de vida.

Coluna publicada originalmente em 16/05/17

Entrevista com Felipe Wu

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A entrevista foi publicada originalmente no site do Surto Olímpico, em 13/05/17


Por Regys Silva, Marcos Antônio e Juvenal Dias

Felipe Wu foi responsável pela primeira medalha olímpica do Brasil na Rio 2016 e também quebrou um jejum de 96 anos sem medalhas do Brasil no tiro esportivo. Um grande feito, que acabou passando despercebido entre muitos e que fez Felipe, em entrevista após os jogos olímpicos, dizer que as 'pessoas fatalmente vão esquecer de mim'. oito meses depois, ele fala se sua profecia se realizou e também sobre as expectativa de seu novo ciclo olímpico nessa entrevista concedida ao surto olímpico. Confira:

- Logo após a Rio 2016, você afirmou que 'fatalmente, vão esquecer de mim'. oito meses após os jogos, essa sua 'profecia' se realizou e o reconhecimento do público diminuiu ou foi diferente do que você previu? 
Acho que chegamos ao um meio termo. Depois da medalha, muita gente entrou em contato via redes sociais, havia um certo reconhecimento na rua e pela mídia, e com o passar do tempo o interesse foi diminuindo. Não posso dizer que fui esquecido, mas a luta pelo reconhecimento do tiro esportivo ainda segue. Ainda é um esporte com baixa visibilidade. 

- Você demonstrava preocupação com este ciclo olímpico de Tóquio, mas com a (re) contratação do seu técnico Bernardo Tobar, já dá pra ficar mais confiante para 2020? Como fica seu planejamento para este ciclo olímpico?
Com certeza o suporte de um treinador ajuda muito. Sem uma pessoa orientando, observando o que você está fazendo de errado e o que pode melhorar, fica muito difícil manter o bom desempenho e consequentemente a competitividade em eventos de alto nível. Esse ano o principal foco da temporada são as etapas da Copa do Mundo, estive na etapa de Nova Deli e estou classificado para as próximas etapas da Alemanha, em maio, e Azerbaijão, em junho. Ano que vem tem Mundial de Tiro Esportivo e depois disso veremos as provas que fazem parte da classificatória para os Jogos Olímpicos 2020. 

- Em 2018 já começam a ser distribuídas vagas para 2020 com o Mundial de tiro. Qual é a importância de se conseguir uma vaga com antecedência?
Você tem mais tempo para corrigir os erros e focar no que precisa ser melhorado, além de competir sem tanta pressão por um resultado. Você trabalha mais os detalhes que podem fazer a diferença lá na frente.

- O que a medalha te trouxe em termos de patrocínio e Como manter um bom planejamento diante essa crise financeira no país que afeta os investimentos nos esportes, para os Jogos de 2020? Como você avalia o desenvolvimento do Tiro esportivo do país diante dessa crise?
Após a medalha os patrocínios seguiram os mesmos. Não ganhei novos investidores mas também não perdi nenhum dos que já me apoiavam. O Brasil infelizmente ainda tem uma cultura muito imediatista. Já era meio esperado que os investimentos fossem diminuir após os Jogos Rio 2016 e como em outros ciclos, provavelmente os recursos virão mais próximos ao evento. O problema é que isso compromete os resultados. Um medalhista olímpico não é formado da noite para o dia, é preciso tempo para se desenvolver e preparar. 

- O que você acha dessa proposta de reformulação do programa do Tiro Esportivo para os Jogos de 2020, que busca a inclusão de eventos mistos?
Acho que toda mudança é válida para ampliar a competitividade. É normal algumas provas saírem, isso já ocorreu outras vezes. O ideal apenas é que essa mudança seja feita com antecedência para que todos tenham condições para se adaptarem com tranquilidade, planejando seus treinos e competições adequadamente. 

- Dentro de alguns meses haverá duas etapas de Copa do Mundo de tiro. Como está sua preparação para essas próximas competições?
Está caminhando bem. Vamos finalizar a preparação para a próxima etapa na Alemanha mesmo. O objetivo é trabalhar mais a parte técnica já que é um evento muito disputado. A meta em ambos eventos é passar para a final. 

- Você, recentemente, declarou que precisa melhorar a técnica para ganhar um ou dois pontos. Já tem ideia de como pode acrescentar melhorias em um esporte que cada detalhe influencia na pontuação?
Sempre é possível melhorar. Agora com a volta do treinador fica mais fácil detectar os erros e corrigi-los. A orientação de um profissional qualificado certamente influencia essa melhora da parte técnica que estamos buscando. 

- Uma curiosidade na sua carreira é que treinava na garagem de casa. De vez em quando ainda volta lá para dar uns tiros ou agora é só no stand?
As vezes treino em casa sim, pois voltei a ter uma rotina puxada na faculdade e o treinamento não pode parar. Mas sempre procuro acertar minha agenda para treinar no stand da Hebraica pois lá a metragem é correta (em casa são apenas 7 metros) e a estrutura é bem melhor.

Cobertura do Brasil Open de Tênis de Mesa

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Deixarei aqui os links de todas as matérias que produzi para o site Surto Olímpico feitas nos três dias de competição.

Dia 1 - Duplas

Dia 1 - Simples

Dia 2 - Duplas

Dia 2 - Simples

Finais - Feminino

Finais - Masculino

A renovação de campeões

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Abril termina com uma perspectiva muito positiva para o esporte brasileiro, principalmente em duas das modalidades que mais podemos ficar esperançosos com bons resultados. Estou falando do judô e vôlei, que trazem boas novas e a certeza de sermos competitivos em alto nível não só para este ciclo olímpico, mas também para os próximos.
Começando pela arte marcial do caminho suave, no último final de semana houve o campeonato Pan-Americano, disputado na cidade do Panamá, e o Brasil manteve a hegemonia continental, conquistando seis ouros e 12 medalhas em 14 possíveis, além do ouro por equipes no feminino e bronze no masculino. Mas se engana quem pensa que o time brasileiro foi com os nomes consagrados como Sarah Menezes, Rafaela Silva, Maria Portela, Mayra Aguiar, Maria Suelen Altheman, Felipe Kitadai, Charles Chibana, Victor Penalber, Thiago Camilo e Rafael “Baby” Silva. Os responsáveis por esse resultado expressivo em território americano foram novas caras, atletas que não estamos acostumados ainda a acompanhar, mas que vêm trabalhando duro não só para se tornarem os principais judocas do país, como também para fazer com que o esporte nacional permaneça sendo competitivo mundo a fora. Então, para quem não conhece tão a fundo, é bom nos acostumarmos a ouvir Stefanne Koyama, Jessica Pereira, Yanka Pascoalino, Samanta Soares, Beatriz Souza, Eric Takabatake, Daniel Cargnin, Eduardo Barbosa, Eduardo Santos, Rafael Macedo, Leonardo Gonçalves, Ruan Isquierdo e por aí vai. São nomes que muito em breve estarão trazendo mais alegrias para o judô brasileiro, quem sabe já não os veremos em Tóquio-2020 com uma medalha no peito e ouvindo mais uma vez o hino nacional?
Mesmo que não aconteça tão prontamente assim, o mais importante é que a CBJ sinaliza para a renovação de nomes e valores, preocupando-se com em manter o presente vitorioso e um futuro promissor. Mais que isso, há a manutenção na formação de cidadãos com caráter, disciplina, competitivos e que buscam o melhor de si, valores ensinados em todos os esportes, mais evidenciados em artes vindas do oriente, mas tão ausentes na situação político-econômica do país. Por esse motivo que é tão importante a formação esportiva nas escolas e universidades.
A prova dessa preocupação são os bons resultados nas categorias de base. Na sub-18, por exemplo, estava acontecendo a etapa da Copa Europeia em Berlim e o Brasil terminou com três ouros e uma prata, um excelente indicativo do que pode vir no Mundial da categoria que está por vir em agosto, em Santiago do Chile.
Outra modalidade que sinaliza a renovação e, neste caso até mais necessária, é o vôlei feminino. Passado as finais da Superliga, o técnico José Roberto Guimarães convocou algumas atletas para um período de preparação e adaptação, visando importantes competições que a Seleção brasileira terá ainda esse ano. Tirando a líbero Léia e a central Adenízia, as demais jogadoras não estavam na campanha do Rio-2016, que teve a fatídica eliminação para a China nas quartas-de-final e acabou com o sonho de um inédito tricampeonato olímpico. Talvez por esse trauma e também pensando no futuro, o técnico tenha pensado em novos nomes como a levantadora Naiane, a ponteira Rosamaria e a central Mara, vindas da equipe do Camponesa, de Minas Gerais. Ainda se apresentaram neste primeiro dia de maio a líbero Suelen, as ponteiras Edinara, Fernanda Tomé e Amanda. Certamente mais jogadoras serão escaladas e o Zé Roberto não abrirá mão de contar com talentos como Tandara, Natália, Fabiana, Dani Líns, Jaqueline, Sheila e tantas outras vencedoras. Mas é importante trazer novos conceitos, novas percepções e dar vivência à jogadoras menos experientes para que ocorra uma passagem de bastão mais suave e essas atletas mais novas possam oferecer seu potencial em sua plenitude quando estiverem disputando um campeonato importante com a camisa verde e amarela.

As próximas competições serão um Masters, na Suíça, o Grand-Prix (mais importante torneio no ano), o Sul-Americano e a Copa dos Campeões. Serão provas de fogo que testarão a capacidade e a técnica da Seleção, que apesar de ainda respeitada, vem sendo contestada por seu último resultado em competições maiores. Esse é o momento ideal para uma renovação aliada a competência de quem já se consagrou em outrora. Assim, com trabalho sério e renovação, poderemos pensar em retornar ao pódio olímpico, lugar que nunca deveríamos ter saído.

Coluna publicada originalmente em 02/05/17