Entrevista publicada originalmente no site Surto Olímpico, em 20/05/17
Por Bruno Vieira, Daniel Barbosa, Juvenal Dias, Marcos Antônio e Regys Silva
Ygor Coelho foi um dos atletas que jogaram em 'casa' na Rio 2016. Carioca nascido e criado na comunidade da Chacrinha, na zona Oeste do Rio de Janeiro, Ygor teve apoio maciço da torcida brasileira e apesar de estar apenas adquirindo experiência, o que se viu e Ygor era um diamante bruto a ser lapidado. Em 2017, Ygor vem brilhando e atingindo grandes feitos, como o título inédito do Pan-americano de badminton e a entrada no top50 do ranking dos melhores do mundo, tudo isso com apenas 20 anos. Nessa entrevista concedida ao Surto Olímpico, Ygor fala sobre sua carreira, Rio 2016, o bom momento em que vive e suas expectativas para o ciclo olímpico até Tóquio 2020. Confira abaixo:
Ygor Coelho foi um dos atletas que jogaram em 'casa' na Rio 2016. Carioca nascido e criado na comunidade da Chacrinha, na zona Oeste do Rio de Janeiro, Ygor teve apoio maciço da torcida brasileira e apesar de estar apenas adquirindo experiência, o que se viu e Ygor era um diamante bruto a ser lapidado. Em 2017, Ygor vem brilhando e atingindo grandes feitos, como o título inédito do Pan-americano de badminton e a entrada no top50 do ranking dos melhores do mundo, tudo isso com apenas 20 anos. Nessa entrevista concedida ao Surto Olímpico, Ygor fala sobre sua carreira, Rio 2016, o bom momento em que vive e suas expectativas para o ciclo olímpico até Tóquio 2020. Confira abaixo:
- Você começou muito cedo no esporte na comunidade da Chacrinha. Como foi o início? E acredita que começou numa idade apropriada para se adaptar ao Badminton?
Comecei a jogar Badminton aos 3 anos de idade. Meu pai tinha montado um projeto social chamado Miratus (www.miratus.org) e ensinava o badminton para as crianças da comunidade. Eu também queria jogar, então no inicio ele cortava o cabo das raquetes para elas ficarem do meu tamanho! Aos 6 comecei a treinar de verdade. Aos 9 ganhei minhas primeiras medalhas internacionais. Aos 11 eu era tricampeão Panamericano Jr. O projeto esta lá até hoje e continua atendendo muitas crianças e lhes dando oportunidade não só no esporte mas também na vida.
- Você evoluiu muito rapidamente em pouco tempo de carreira. A que você deve essa evolução no badminton?
- Você evoluiu muito rapidamente em pouco tempo de carreira. A que você deve essa evolução no badminton?
Devo esta evolução principalmente à base que meu pai (que foi meu treinador até os 18 anos) me deu neste esporte. Ele me ensinou primeiro a defender e assim desenvolvi uma variedade de golpes que foi muito importante para minha evolução.
- Que parte do seu jogo você considera sua melhor qualidade e o que acha você tem melhorar?
- Que parte do seu jogo você considera sua melhor qualidade e o que acha você tem melhorar?
Minha melhor qualidade é a defesa. O que tenho que melhorar?  Muita coisa!(risos).
-Seu esporte prima pela velocidade que a peteca viaja. Há um treinamento específico para melhorar seu tempo de reação? Conte-nos como funciona
-Seu esporte prima pela velocidade que a peteca viaja. Há um treinamento específico para melhorar seu tempo de reação? Conte-nos como funciona
Tem varias coisas que eu faço para trabalhar isto porque é muito importante durante um jogo. Um dos treinos que faço é o multi petecas onde faço series de 50 ou mais petecas uma atrás da outra. É bem cansativo mas ajuda muito a reagir rápido e bem.
- Como você avalia sua participação para a Rio 2016 e que lições você tirou dela para um possível participação em Tóquio?
- Como você avalia sua participação para a Rio 2016 e que lições você tirou dela para um possível participação em Tóquio?
Os Jogos Rio 2016 foram uma experiência maravilhosa. Infelizmente não consegui passar da fase de grupos (perdi para o irlandês Scott Evans e o alemão Marc Zwiebler) mas aprendi demais sobre o que é uma Olimpíada e com certeza isto deve me ajudar a chegar mais preparado em Tóquio.   
- Antes da Olimpíada, você era um ilustre desconhecido para muita gente. Como tem sido o assédio depois dos Jogos? Você tem sido reconhecido por onde passa?
- Antes da Olimpíada, você era um ilustre desconhecido para muita gente. Como tem sido o assédio depois dos Jogos? Você tem sido reconhecido por onde passa?
(Risos) Até que alguns já me conheciam graças ao projeto do meu pai, que é bastante conhecido, mas é verdade que a visibilidade aumentou. Só que foi mais nos meses que antecederam os Jogos e durante eles. Cheguei a dar mais de 50 entrevistas para mais de 10 países entre Maio e Agosto de 2016. Foi bem legal. Agora, já esta muito mais tranquilo, mas é bacana ver que sou uma referência neste esporte aqui no Brasil.
- E você está sendo destaque em um esporte desconhecido do grande público. Acredita que o seu sucesso poderá impulsionar a prática do badminton no país?
- E você está sendo destaque em um esporte desconhecido do grande público. Acredita que o seu sucesso poderá impulsionar a prática do badminton no país?
Espero que sim, é um dos meus sonhos. Quero realmente ajudar a divulgar mais o meu esporte no pais e por isto tento comunicar bastante nas redes sociais. Aproveito alias para incentivar as pessoas a curtirem a minha pagina de atleta no Facebook (https://www.facebook.com/atletaygor/) para aumentarmos esta comunidade do badminton e podermos assim impulsionar a prática.
 
- Após os Jogos de 2016, boa parte dos atletas do Brasil vem sofrendo com pouca verba e pouco patrocínio. Como você tem passado por esse problema?
- Após os Jogos de 2016, boa parte dos atletas do Brasil vem sofrendo com pouca verba e pouco patrocínio. Como você tem passado por esse problema?
Pois é, a situação não esta simples mas eu posso dizer que tenho muita sorte com relação a este ponto porque sempre tive pessoas acreditando em mim. Hoje tenho 4 apoios muito grandes que me ajudam demais. Sou patrocinado por duas empresas grandes, Artengo e Nissan do Brasil que me apoiam financeiramente e com material/carro. Além disto sou 3° Sargento da Aeronáutica ha quase um ano e a Força Aérea brasileira esta me ajudando muito nesta fase da minha carreira e também recebo o Bolsa atleta do Ministério do Esporte. Mas preciso de tudo isto porque tenho hoje que bancar quase tudo. Outra entidade que esta sendo essencial na minha carreira hoje é a Federação francesa de Badminton que por três vezes nos últimos seis meses, me abriu as portas do seu centro de treinamento para eu treinar com seus atletas.
- Qual a sua expectativa para o campeonato mundial em agosto?
- Qual a sua expectativa para o campeonato mundial em agosto?
Vai ser mais um momento magico porque sera minha primeira participação a um mundial adulto. Não me coloco pressão porque não tenho nada a perder. Toda rodada passada sera lucro. Mas quero muito ter um bom desempenho lá e vou treinar muito para chegar bem preparado.
- Quais são suas metas para este ciclo olímpico? Você tem metas de terminar em qual posição no ranking neste ano?
- Quais são suas metas para este ciclo olímpico? Você tem metas de terminar em qual posição no ranking neste ano?
Eu quero tentar chegar em Tóquio com um ranking no Top 20 mas tenho que pensar "etapa por etapa". Já estou super feliz hoje porque eu tinha três metas este ano, ser campeão pan-americano, participar do mundial e entrar no Top 50 e só estamos em Maio e eu já conquistei as três (só tenho que me manter no Top 50 até o final do ano. Sou o 47 do mundo hoje). Ou seja, vou poder investir no segundo semestre para treinar muito e já começar a ir buscar o Top 40 que a principio era a minha meta do ano que vem.
- O que significa para você entrar no Top 50 do mundo? E o que significa para o país ter um atleta nesse nível?
Significa muito para mim. Estar entre os 50 melhores jogadores do mundo para um jovem que começou a jogar descalço numa comunidade do Rio de Janeiro é algo grande. Estou super feliz. E para o pais também é bacana, estou abrindo portas e espero que outros seguirão o meu caminho e me ajudarão a desenvolver o esporte no nosso pais.
- Considera o Pan-americano de Badminton como o campeonato mais importante que já conquistou? Como foi sua trajetória nesse torneio?
- Considera o Pan-americano de Badminton como o campeonato mais importante que já conquistou? Como foi sua trajetória nesse torneio?
Sim, este titulo pan-americano é provavelmente o titulo o mais importante que eu já conquistei e ele é inédito pois nenhum brasileiro tinha conseguido este titulo até agora. O torneio em si, não foi o torneio mais difícil que eu disputei mas teve a particularidade de enfrentar cubanos (donos da casa já que o torneio era em Havana) tanto na semifinal quanto na final, o que "apimentou" os confrontos. Na final ganhei de Osleni Guerrero, que foi durante muito tempo o número 1 das Américas e já tinha conquistado duas vezes este torneio.
-Em quem você se inspira dentro da modalidade para continuar crescendo e melhorando?
-Em quem você se inspira dentro da modalidade para continuar crescendo e melhorando?
Eu tenho muita sorte porque um dos jogadores que tenho como grande referencia, é o meu técnico quando treino com a seleção francesa em Paris. Estou falando do Peter Gade, dinamarquês que já foi Número 1 do mundo e hoje é Diretor de Alto Rendimento da seleção francesa. Espero conseguir voltar a treinar com ele em agosto.

 
 

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