No último final de semana acabou mais uma edição do US Open de tênis, o Grand Slam mais antigo dos quatro torneios mais importantes do circuito. Com o seu final, a consagração dos campeões. Pelo lado masculino, Rafael Nadal se tornou tricampeão e ratificou sua excelente fase de número 1 do mundo. Mas acredito que o resultado mais surpreendente foi pelas mulheres com a coroação de uma campeã inédita, a americana Sloane Stephens, principalmente depois de ter passado por nomes mais conhecidos como Venus Williams, na semifinal, e Dominika Cibulková, na segunda rodada, sem contar a forma avassaladora que passou, na final, pela compatriota Madison Keys. Faz pensar que um grande talento possa estar surgindo e quem sabe se perpetue como uma das maiores vencedoras da nova geração.
- Chris Evert em ação nas quadras de Wimbledon
Isso faz revirar a história e procurar outros casos semelhantes. No tênis feminino não faltam exemplos. Escolhi falar de Christine Marie Evert Mill, a norte-americana que, ao lado de Serena Williams, é a maior vencedora do US Open da Era Aberta, com seis títulos entre 1975 e 1982, sendo que os quatro primeiros foram de forma consecutiva. Apenas duas tenistas superam-na em quadras estado-unidenses, Molla Bjurstedt, com oito troféus, e Helen Moody, com sete, ambas da Era Amadora.
Ela já tinha assombrado o mundo da bolinha amarela quando chegou pela primeira vez às semifinais do torneio juvenil com apenas 16 anos, em 1971, um ano antes de se tornar profissional. A partir daí, seu desempenho só melhorou pensando nos quatro Majors. Até que, menos de três anos depois, venceu pela primeira vez Roland Garros, torneio que deveria ser seu favorito, já que repetiu o feito em outras seis oportunidades, tornando-se a maior vitoriosa do saibro francês, de forma absoluta. De 74 a 86 sempre conquistou pelo menos um dos quatro Grand Slams, sendo dois Australian Open e três Wimbledon, além dos 13 já citados, totalizando 18 troféus. Isso a torna uma dos únicos sete atletas a obterem a Década Slam, seja entre mulheres ou homens, em simples ou duplas. Consiste em vencer qualquer um dos quatro torneios mais importantes por dez anos seguidos.
- Evert foi capa da revista Newsweek de 1972
Se formos analisar seus números, a óbvia conclusão que foi uma das maiores de todos os tempos, já que até o momento de sua aposentadoria, em 1989, alcançou mais 16 finais nesses campeonatos de maior relevância. Em 1984, chegou à final de todos, mas "só" levou o Australian Open. Foi tetracampeã e tetra-vice do WTA Finals, que reúne as melhores tenistas da temporada. Ganhou nada menos que 157 torneios de simples em toda carreira, feito único. Teve 1304 vitórias e apenas 144 derrotas. Chegou ao posto de número 1 do mundo antes de completar 21 anos. Encerrou cinco temporadas seguidas no topo do ranking, repetindo o feito em mais dois anos e permaneceu no top 3 de 1972 a 1988. Como se não bastasse tudo isso, ainda esteve no degrau mais alto do pódio em 32 campeonatos de duplas e também alcançou o posto mais alto no respectivo ranking. Três dessas conquistas vieram de quatro finais chegadas em Grand Slams. A mais emblemática delas foi em 1975, no saibro parisiense, ao lado de Martina Navrátinová, sua maior amiga e maior rival dentro das quadras. No confronto direto, 43-37 para a tcheca que se naturalizou americana. Apenas ela, Tracy Austin e Steffi Graf têm mais vitórias que derrotas perante Chris Evert. Para se ter noção do tamanho desta rivalidade, tem um artigo considerável do duelo Evert-Navrátilová escrito na Wikipédia, em inglês, que pode ser lido aqui.
- Chris e Martina prestes a iniciar mais um embate
Outros feitos de Chris foi ser eleita por quatro vezes "Atleta do Ano" e "Esportista Feminina do Ano" de 1976, pela renomada revista Sports Illustrated. Em 1995 foi nomeada para fazer parte do Hall da Fama da modalidade. Há uma série de outros reconhecimentos que a tenista alcançou ainda enquanto competia ou depois de seu retiro. Mas tudo o que foi falado já dá para ter dimensão do que representou a "Dama de Gelo", apelido que ganhou por sua seriedade e concentração dentro de quadra. Dona de golpes precisos e um jogo profundo de direita, além de uma esquerda firme, jogada com as duas mãos, estilo comumente visto nos dias atuais, Chris Evert pode ser considerada uma referência do tênis moderno feminino. Hoje tem 62 anos e reside em Boca Raton, na Florida, mas seu talento reside permanentemente em todos os terrenos de quadras pelo mundo.
Coluna publicada originalmente em 13 de setembro de 2017



 
 

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