Todos sabem que o Taiti, campeão da Oceania, veio para o Brasil como mero participante da competição, não almeja nada e que será saco de pancadas de todas as outras seleções do grupo. Seus jogadores não são profissionais, vivem de outros trabalhos, nove deles estão desempregados, jogam por amor ao esporte, mas são os que trazem as lições mais valiosas para todos envolvidos na competição.
No primeiro jogo, no Mineirão, contra a Nigéria, pouco importava o resultado de 6 x 1 para os africanos. Importava que eles estavam lá, representando a principal ilha da Polinésia Francesa, representando 280 mil pessoas, representando todos que jogam futebol amador, representando a inclusão social. Por toda a simplicidade, humildade e simpatia ganharam a torcida brasileira.
Antes de começar o jogo, durante o protocolo da FIFA de apresentação dos times, eles levaram cordões típicos de seu país para presentear todos os seus adversários africanos, talvez desejando boa sorte ou oferecendo proteção de seus deuses. Isso poderia ser um exemplo para outros países, já pensou o Brasil oferecendo fitas do Senhor do Bonfim às outras seleções?
Durante o jogo, o time mostrou-se empolgado, fez algumas boas jogadas e chegou até a pressionar a Nigéria, mas com cinco minutos a realidade voltou e os Águias Negras abriram o placar com um chute de fora da área de Echiejile que desviou em dois defensores taitianos antes de entrar. O primeiro tempo terminou 3 a 0. Mas a festa para o Taiti continuava.
| Comemoração do gol taitiano com canoa polinésia | 
No segundo tempo, o momento talvez mais mágico de toda a Copa, que todos gostariam de ver: o gol dos taitianos. Escanteio pela esquerda do ataque, cruzamento na segunda trave e cabeçada de Jonathan Tehau para baixo, como ensina o manual do bom cabeceador. Ele deve virar herói nacional quando voltar, mesmo que tenha marcado um gol contra pouco tempo depois, foi o primeiro a fazer um gol em competições intercontinentais. E um grande barato foi ver a comemoração do time todo imitando remadas de canoa polinésia. Se voltarmos no tempo, na nossa infância, jogávamos futebol por jogar, sem se importar com aplicação tática, com a competição e se refletirmos sobre o Taiti, é exatamente assim que eles jogam, no mais puro futebol e esse gol é a coroação dessa pureza.
Ainda houve tempo para a Nigéria fazer mais dois, de consagrar Oduamadi como grande artilheiro da primeira rodada com um hat-trick, quando alguém faz três gols na mesma partida. O resultado pôs os africanos em primeiro lugar, pelo saldo e, se ganhar do Uruguai na próxima rodada, se classificarão antecipadamente para a próxima fase.
O Taiti pega simplesmente a Espanha e a especulação é de quanto vai ser a goleada, mas quem se importa? A festa deles e os presentes continuarão.
Melhor em campo: Jonathan Tehau
Veja os melhores momentos da partida aqui.
 
 

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