Na terceira corrida do ano da Fórmula 1, Charles Leclerc não encontrou adversários em Melbourne, venceu a segunda e se isolou na liderança do campeonato, que vai se desenhando com um tom de uma nota só, sinal das mudanças de regulamento.
Há duas temporadas que não era realizado um Grande Prêmio da Austrália, por causa das restrições impostas pela pandemia. Um mar de gente foi apoiar Daniel Riccardo e matar a saudade da principal categoria do automobilismo mundial. Cerca de 350 mil pessoas circularam nas dependências de Albert Park no último fim de semana. Falando em parque, a corrida foi um passeio que o monegasco propiciou com sua Ferrari, assim como Michael Schumacher fazia no começo do milênio com a mesma escuderia enquanto empilhava cinco títulos mundiais. Tal como o alemão, Leclerc foi imponente e não deu chance para os concorrentes, mesmo tendo duas entradas de Safety Car e todos se reagrupando. Foi tão dominante que deu voltas em alguns carros mais fracos e fez as voltas mais rápidas da prova seguidas vezes.

Assim, o desenho do campeonato vai traçando um rumo de campeão inédito e mais jovem da história. Contudo, isso não é uma certeza, tanto que a Red Bull aparenta estar nos calcanhares e não dá para desprezar o poder de desenvolvimento da Mercedes. O que está sendo visto por hora é uma Ferrari que conseguiu adaptar-se melhor às novas exigências e uma conjuntura de outros fatores que fizeram Leclerc somar 71 pontos e o segundo ter apenas 37.

Verstappen, que hoje é o principal concorrente e postulante ao bicampeonato, não concluiu as mesmas duas provas que Charles venceu. Assim como no Barhein, a unidade de potência não aguentou nos momentos finais e o holandês teve que abandonar pouco tempo depois de uma bandeira amarela. A Red Bull até enviou o motor de Max para os japoneses da Honda analisar, já que a fabricante tem partes do composto híbrido desenvolvido pela própria equipe austríaca. Um palpite é que ele não está sabendo administrar os componentes durante os momentos de baixa velocidade.
Outro que poderia ser apontado como favorito é Lewis Hamilton. O inglês está claramente desconfortável com sua Mercedes. Também pudera, já que não possui o mesmo desempenho de retas que as principais concorrentes e o bólido quica mais nos momentos que é mais exigido o "efeito-solo". Desde o ano passado, Lewis tem terminado algumas corridas exausto. Dirigir em alto nível com o preparo físico sendo extremamente desgastante, deve estar cobrando um preço, afinal estamos falando de um piloto de 37 anos, 15 temporadas seguidas disputando a parte da frente do grid. Alonso vai para 41 anos, mas está muito longe dessa disputa, mesmo continuando agressivo em sua pilotagem.
Dessa forma, George Russell, companheiro de Hamilton e com 13 anos a menos, surge como o segundo piloto mais consistente. Não teve nenhuma apresentação brilhante, mas fez uma boa apresentação na Austrália, com um terceiro lugar conquistado na estratégia e sorte de bandeira amarela na hora exata. 
Carlos Sainz, parceiro de equipe de Leclerc também deve figurar nos primeiros postos, se não cometer o mesmo erro desse domingo e afundar na brita. Vale lembrar que a próxima etapa, daqui duas semanas, é o GP da Emilia-Romagna, em Ímola, San Marino, uma das casas da Ferrari. Então começa a aumentar a pressão no espanhol, mesmo estando em terceiro no campeonato, com 33 pontos.
Se Verstappen não está respondendo como um campeão, Sergio Perez vai fazendo seu papel de segundo piloto e pontuando para a Red Bull, mostra uma crescente, com um quarto lugar na Arábia Saudita e um pódio no segundo lugar na Oceania. Hoje está com 30 pontos, dois a mais que Hamilton e cinco a mais que Max.
No mais, há uma interessante e intensa disputa para saber a qual a quarta equipe mais forte da temporada. Alpine, McLaren, Haas e Alfa Romeo vêm protagonizando um meio de grid animado com muitas ultrapassagens e alternando bons desempenhos de acordo com a característica de cada corrida. Até agora, um circuito nos moldes tradicionais, mas noturno. Outro que é pista de rua, também noturno. Este último, foi uma mistura de circuito com pista de rua, mas disputado à luz do dia e com um desgaste diferente de pneus. 
Tanto que Alexander Albon, com a Williams, surpreendeu largou em último, correu 57 das 58 voltas australianas com pneu duro e, só na última, colocou um composto macio. Foi premiado com o primeiro ponto da equipe no campeonato. O desgaste tem sido um fator determinante, principalmente pelo fato dos aros terem aumentado, então não tem uma equipe intermediária que tenha se mantido constantemente competitiva. É uma tendência a ser repetida nas próximas etapas.