Ícones do esporte: Norberto "El Beto" Alonso

Publicado  quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Sexta coluna no Bola Parada

Beto é o segundo da esquerda para direita, na inesquecível volta olímpica na Bombonera

Estamos vivendo um grande clima de tensão na Copa Libertadores que está acontecendo esta semana. Vimos o Grêmio se classificar e ser o único brasileiro a seguir na competição. Vai enfrentar o Barcelona que, quem diria, eliminou o Santos, dentro da Vila Belmiro. Do outro lado da chave, um confronto argentino entre Lanús e San Lorenzo define outro semifinalista. O River Plate, um time que tenho grande empatia, tem uma dura missão de reverter um 3 a 0 contra o Jorge Wilstermann, jogo a ser disputado hoje à noite (21), no Monumental de Nuñez, para determinar se continua na busca pelo tetracampeonato. Falando no "Millionarios", o ícone esportivo de hoje têm grande identificação com o time, escreveu seu nome na história do clube e o ajudou a conquistar o mundo, em 1986. Estou falando de Norberto Osvaldo Alonso, ou para los hinchas de River, "El Beto".
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Norberto era o que mais se tem de clássico de um meio-campista. Canhoto, jogava com a 10, driblador, excelente passador e finalizador. Batia faltas e pênaltis com extrema maestria. Veja aqui um pouco do que estou falando. Acho que a comparação com o ex-meia Alex cabe aqui, já que tinham mesmo estilo de infiltração por dentro da zaga adversária, batiam na bola de forma colocada com força, eram mais pensadores do que corredores, geniais na faixa de campo da intermediária ofensiva até a meia-lua. A diferença é que Alonso não foi injustiçado na sua Seleção. Não tinha um porte físico avantajado, sofreu por diversas vezes com lesões e problemas de saúde. É um dos maiores ídolos do River Plate e formou, ao lado de Maradona e Bochini, a trilogia perfeita de camisas 10 do futebol argentino no final da década de 70 e 80.
Quando criança, jogava no bairro de Florida, na província de Buenos Aires, como ponta-esquerdo, mas se encontrou e ganhou destaque como meia. Estreou entre os profissionais do River em agosto de 1971, com 17 anos, pelo então técnico Didi, aquele brasileiro bicampeão mundial de 58 e 62. Esta primeira passagem pelo clube, das três que teve em sua carreira, foi a mais duradoura. Permaneceu até 1976 e conquistou os campeonatos Metropolitano e Nacional de 75 (uma espécie de primeiro e segundo turno do Brasileiro, ou o que eles têm hoje como Apertura e Clausura), fato que o River Plate não alcançava há 18 anos. Neste período há um lance marcante em sua trajetória - infelizmente não encontrei o vídeo da jogada - que Norberto fez o gol que Pelé não conseguiu. Sabe aquele drible da vaca que o brasileiro dá no goleiro uruguaio, na Copa de 70, sem tocar na bola, pega do outro lado e chuta cruzado, mas a bola sai? Pois bem, o argentino protagonizou a mesma jogada contra o Independiente, dois anos depois, e concretizou o gol, sendo um dos tentos da goleada de 7 a 2. Ele marcou 70 vezes em 174 partidas, antes de ser transferido para o Olympique de Marseille, onde permaneceu uma temporada. Não ficou mais por lá porque o então técnico da seleção argentina não convocava jogadores que atuavam fora do país. Conviveu com uma lesão no joelho e acabou jogando em poucas oportunidades.
Norberto_Alonso-ANNa volta, de 77 a 81, mostrou que vinha em uma crescente de atuações, marcando 12 gols em 14 jogos no primeiro semestre de 78, sendo suficiente para ser convocado para a Copa daquele ano, desbancando Diego Maradona. Naquele Mundial, disputou apenas as duas primeiras partidas, não foi até o final da inédita conquista como titular novamente por causa das lesões. Ajudou o River a angariar um tricampeonato seguido, os dois de 79 e o Metropolitano de 80, além do Nacional de 81. Atuou por 172 vezes com a camisa rubro-branca e 64 vezes colocou a bola na rede neste período. Depois disso, passou duas temporadas apagadas no Vélez Sarfield, antes de seu retorno aos gramados do Monumental e de conquistas mais importantes.
Aí vem um marco grandioso, mas é preciso contextualizar a situação. Em 1983/84 quando regressou ao clube formador, três rivais já tinham conquistado o continente, o Independiente acabava de levar sua sétima taça de Libertadores da América e se sagrava bicampeão mundial; o Estudiantes já era tri da Liberta e campeão mundial de 68; e o arquirrival Boca Juniors já era bicampeão continental em 77 e 78 e também tinha um título mundial. Até o Argentinos Juniors venceria no ano seguinte o torneio continental. Já tinha passado da hora de um clube da grandeza do River Plate, dentro da Argentina, levar essa taça para sua galeria. Eis que vem o ano mágico de 1986, ano que inclusive encerraria a carreira de Beto.
River_Plate_campeón_de_América_1986O atleta contribuiu, e muito, para a conquista nacional daquele ano. A passagem mais simbólica é que a equipe já havia ganho o título por antecipação, mas a partida contra o Boca Juniors foi especial. Em plena Bombonera, Beto marcou os dois gols, comandou não só a vitória dos Millionarios como também a volta olímpica em torno do mítico gramado do rival. Não era suficiente. A Libertadores era disputada em moldes diferentes dos atuais. O grupo 1 tinha Montevideo Wanderers, Peñarol e Boca Juniors como adversários do River no primeiro estágio e apenas uma vaga para as fases finais. Não bastou o River se classificar, como teve a melhor campanha dessa fase, com 5 vitórias e um empate, justamente contra o Boca, na casa deles. No triangular semifinal, enfrentou o Argentinos Juniors, então campeão e o Barcelona de Guayaquil. Duas vitórias, um empate e uma derrota levaram o time da capital à inédita final, contra America de Cali. O site do River adjetiva o primeiro jogo como uma "vitória transcendental". 2 a 1 em pleno território colombiano. O segundo gol foi de autoria do capitão camisa 10. A volta, em 29 de outubro, era a elevação de patamar. 1 a 0 no Monumental, a consagração no topo da América. Já havia batido na trave em outras duas oportunidades, vinte e dez anos antes.
O que faltava? Conquistar o mundo, é claro! O adversário era a surpreendente equipe do Steaua Bucareste, da Romênia, que havia vencido o Barcelona na final da Champions League, nos pênaltis.
O estádio Nacional, em Tóquio, foi o palco da última atuação de Norberto Alonso como profissional. Ainda fizera uma partida de despedida na sua casa, no Monumental com mais de 85.000 torcedores, no ano seguinte, mas foram os japoneses os privilegiados do Grand Finale. Sua astúcia decidiu a partida. O River puxava um contra-ataque, que foi parado com falta na intermediária. Ao invés de esperar para alçar a bola na área, pegou e cobrou a falta rapidamente, lançando rasteiro o atacante Alzamendi e pegando a defesa desprevinida. O dianteiro chutou no canto esquerdo do goleiro, a bola bateu na trave, voltou e subiu após resvalar no goleio caído. O mesmo centroavante aproveitou o rebote de cabeça para determinar o placar do jogo e o título mundial ao clube argentino. Era a coroação que faltava para o jogador que havia ganho tudo o que disputara em território nacional. Até mesmo a Copa, que foi realizada em seu país, há quase uma década.
Hoje, com 64 anos, é dirigente no mesmo River Plate. Que sua linda história sirva de inspiração para os jogadores que logo mais entrarão em campo para tentar um difícil revés e continuar na caminhada de conquistar o continente mais uma vez.

Coluna originalmente publicada dia 21 de setembro de 2017

Ícones do esporte: Chris Evert

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Quinta coluna no Bola Parada

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No último final de semana acabou mais uma edição do US Open de tênis, o Grand Slam mais antigo dos quatro torneios mais importantes do circuito. Com o seu final, a consagração dos campeões. Pelo lado masculino, Rafael Nadal se tornou tricampeão e ratificou sua excelente fase de número 1 do mundo. Mas acredito que o resultado mais surpreendente foi pelas mulheres com a coroação de uma campeã inédita, a americana Sloane Stephens, principalmente depois de ter passado por nomes mais conhecidos como Venus Williams, na semifinal, e Dominika Cibulková, na segunda rodada, sem contar a forma avassaladora que passou, na final, pela compatriota Madison Keys. Faz pensar que um grande talento possa estar surgindo e quem sabe se perpetue como uma das maiores vencedoras da nova geração.
Chris Evert em ação nas quadras de Wimbledon
Chris Evert em ação nas quadras de Wimbledon
Isso faz revirar a história e procurar outros casos semelhantes. No tênis feminino não faltam exemplos. Escolhi falar de Christine Marie Evert Mill, a norte-americana que, ao lado de Serena Williams, é a maior vencedora do US Open da Era Aberta, com seis títulos entre 1975 e 1982, sendo que os quatro primeiros foram de forma consecutiva. Apenas duas tenistas superam-na em quadras estado-unidenses, Molla Bjurstedt, com oito troféus, e Helen Moody, com sete, ambas da Era Amadora.
Ela já tinha assombrado o mundo da bolinha amarela quando chegou pela primeira vez às semifinais do torneio juvenil com apenas 16 anos, em 1971, um ano antes de se tornar profissional. A partir daí, seu desempenho só melhorou pensando nos quatro Majors. Até que, menos de três anos depois, venceu pela primeira vez Roland Garros, torneio que deveria ser seu favorito, já que repetiu o feito em outras seis oportunidades, tornando-se a maior vitoriosa do saibro francês, de forma absoluta. De 74 a 86 sempre conquistou pelo menos um dos quatro Grand Slams, sendo dois Australian Open e três Wimbledon, além dos 13 já citados, totalizando 18 troféus. Isso a torna uma dos únicos sete atletas a obterem a Década Slam, seja entre mulheres ou homens, em simples ou duplas. Consiste em vencer qualquer um dos quatro torneios mais importantes por dez anos seguidos.
Evert foi capa da revista Newsweek de 1972
Evert foi capa da revista Newsweek de 1972
Se formos analisar seus números, a óbvia conclusão que foi uma das maiores de todos os tempos, já que até o momento de sua aposentadoria, em 1989, alcançou mais 16 finais nesses campeonatos de maior relevância. Em 1984, chegou à final de todos, mas "só" levou o Australian Open. Foi tetracampeã e tetra-vice do WTA Finals, que reúne as melhores tenistas da temporada. Ganhou nada menos que 157 torneios de simples em toda carreira, feito único. Teve 1304 vitórias e apenas 144 derrotas. Chegou ao posto de número 1 do mundo antes de completar 21 anos. Encerrou cinco temporadas seguidas no topo do ranking, repetindo o feito em mais dois anos e permaneceu no top 3 de 1972 a 1988. Como se não bastasse tudo isso, ainda esteve no degrau mais alto do pódio em 32 campeonatos de duplas e também alcançou o posto mais alto no respectivo ranking. Três dessas conquistas vieram de quatro finais chegadas em Grand Slams. A mais emblemática delas foi em 1975, no saibro parisiense, ao lado de Martina Navrátinová, sua maior amiga e maior rival dentro das quadras. No confronto direto, 43-37 para a tcheca que se naturalizou americana. Apenas ela, Tracy Austin e Steffi Graf têm mais vitórias que derrotas perante Chris Evert. Para se ter noção do tamanho desta rivalidade, tem um artigo considerável do duelo Evert-Navrátilová escrito na Wikipédia, em inglês, que pode ser lido aqui.
Chris e Martina prestes a iniciar mais um embate
Chris e Martina prestes a iniciar mais um embate
Outros feitos de Chris foi ser eleita por quatro vezes "Atleta do Ano" e "Esportista Feminina do Ano" de 1976, pela renomada revista Sports Illustrated. Em 1995 foi nomeada para fazer parte do Hall da Fama da modalidade. Há uma série de outros reconhecimentos que a tenista alcançou ainda enquanto competia ou depois de seu retiro. Mas tudo o que foi falado já dá para ter dimensão do que representou a "Dama de Gelo", apelido que ganhou por sua seriedade e concentração dentro de quadra. Dona de golpes precisos e um jogo profundo de direita, além de uma esquerda firme, jogada com as duas mãos, estilo comumente visto nos dias atuais, Chris Evert pode ser considerada uma referência do tênis moderno feminino. Hoje tem 62 anos e reside em Boca Raton, na Florida, mas seu talento reside permanentemente em todos os terrenos de quadras pelo mundo.

Coluna publicada originalmente em 13 de setembro de 2017

Ícones do esporte: Luisinho

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Quarta coluna no Bola Parada


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Semana passada o Sport Clube Corinthians Paulista comemorou mais um ano de vida. Fiquei pensando aqui com meus botões: "quem que eu poderia trazer de ícone de um dos maiores clubes do país com uma história tão rica? Poderia ser Rivelino, tido como o maior de todos a passar pelo Timão, mas prefiro guardar para outra ocasião. Poderia ser Sócrates, mas achei batido demais. Poderia ser Marcelinho, mas é muito recente e tem um pênalti..." Fui pesquisar um pouco mais para trás na história e cheguei a este grande personagem: Luís Trochillo, ou mais conhecido como Luisinho.
Luisinho é o segundo da esquerda para direita do esquadrão corinthiano
Luisinho é o segundo da esquerda para direita do esquadrão corinthiano
A história que lhes conto hoje é de um atacante que tem alta identificação com o time da Zona Leste de São Paulo e é um daqueles casos que a Fiel adora por sua origem e seus feitos no clube. A começar por onde nasceu. O bairro do Brás, que faz parte da mesma região da cidade, foi onde tudo começou, em 7 de março de 1930. Lá, jogou em campos de várzea e aprendeu as técnicas e malícias do jogo, desenvolveu sua notável habilidade com a bola. Foi direto para o Corinthians com 18 anos e permaneceu, em sua primeira passagem, 14 anos seguidos no clube, de 1948 a 1962. Durante este período, em uma excursão que o time fez pela Europa em 1952, ganhou apelido de "Pequeno Polegar", devido a seus 1,64 m, uma alusão ao herói do livro que facilmente se desvencilhava dos ogros, tal como o atacante fazia com os brutamontes europeus.
Nesta época também que ganhou todos os títulos de sua carreira, fosse pelo clube paulista que defendia fosse pela sua breve passagem na Seleção. Os principais foram os Campeonatos Paulistas de 1951, no qual fez parte do ataque dos sonhos corinthiano, ao lado de Cláudio e Baltazar, ataque responsável por marcar 103 gols em uma edição do torneio, recorde que dificilmente será alcançado; de 1952, o bicampeonato; e 1954, esta edição especial do IV Centenário da cidade e ele foi o autor do gol de cabeça da vitória sobre o maior rival, Palmeiras. Rival este que ele adorava marcar seus tentos, ao todo foram 21 bolas postas nas redes alviverdes, o maior carrasco da história do Derby. Diz a lenda que, de tão habilidoso e atrevido, pôs um marcador palmeirense para dançar, colocando a redonda através das pernas do adversário algumas vezes, que acabou caindo no chão. Luisinho resolveu esperar sentado na bola para continuar driblando o jogador, tamanho era o deboche. Além destes Paulistas, destaca-se os Torneios Rio-SP de 1950, 53 e 54. Depois disso até ganhou outros troféus de menor expressão, mas amargou boa parte do que é considerado o período de maior jejum da história do clube, que só seria sanado em 77.
Raro registro de Luisinho (direita) com a camisa do Juventus, ao lado de Joaquimzinho
Raro registro de Luisinho (direita) com a camisa do Juventus, ao lado de Joaquimzinho
Só saiu do time porque teve um desentendimento com o técnico que o comandava na época. Teve uma passagem de dois anos pelo Juventus da Moóca, mas não há muitos registros a respeito de seus jogos com o clube.
Regressou em 1964 para o Timão e encerrou sua carreira três anos mais tarde. Ao todo, disputou 603 partidas com a camisa alvinegra, é o segundo atleta que mais vezes vestiu essa camisa, tendo sido superado apenas por Wladimir nos anos 80. Fez 175 gols, o que o torna o sétimo maior artilheiro da história corinthiana. Nunca se desligou do clube, foi chamado para ser técnico interino em algumas oportunidades. Em 1994, ganhou um busto dentro do Parque São Jorge.
Despedida no Pacaembu
Despedida no Pacaembu
Uma curiosidade interessante foi que, em 25 de janeiro 1996, quando já tinha 65 anos, na partida amistosa entre Corinthians e Coritiba, disputada no Pacaembu, ele foi chamado para jogar e esteve em campo por cinco minutos, se tornando o jogador mais velho a atuar pelo time. Esta partida marcou a estreia do atacante Edmundo pelo Timão.
Serviu à Seleção brasileira em onze oportunidades e marcou um gol, justamente contra a Argentina, em 1956, e pôs fim a dez anos sem vencer os hermanos. Com a amarelinha conquistou quatro títulos de pouca expressão, o mais conhecido a Copa Rocca de 57. Até chegou a ser cotado para o Mundial de 58, mas não entrou na lista final.
Morreu com 67 anos, em janeiro de 1998, por conta de complicações respiratórias. Mas certamente está vivo na memória dos torcedores mais antigos do time de Itaquera e é um dos mais queridos. Sua história está devidamente guardada e reconhecida. É um grande personagem que serve para homenagear um pouco dos 107 anos recém completados do "time do povo".

Coluna publicada originalmente em 7 de setembro de 2017

Ícones do esporte: Rocky Marciano

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Terceira coluna publicada no Bola Parada

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No último sábado, pudemos assistir ao circo - quase pode-se dizer a luta - entre o boxeador norte americano Floyd Mayweather e o lutador de artes marciais irlandês Conor McGregor, que resultou na esperada vitória do pugilista. Com isso, "Money" Mayweather somou sua 50ª vitória na nobre arte e concluiu sua carreira de forma invicta com o cartel de 50-0-0, sendo 27 dessas vitórias por nocaute.
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Mas venho aqui trazer um nome que é uma lenda no esporte e que é muito mais representativo. Estou falando de Rocco Francis Marchegiano, ou simplesmente Rocky Marciano. Ele pode não ter alcançado as cifras que Floyd tem, mas o ítalo-americano foi muito mais avassalador em sua época. Conquistou 49 vitórias e também encerrou sua carreira sem sequer empatar um embate. No entanto, superou 43 de seus oponentes nocauteando-os, o que significa aproximadamente 70% de seus combates tiveram que ser interrompidos pelo árbitro, uma vez que o outro lutador não tinha mais condições de continuar.
Nasceu no dia 1º de setembro de 1923, em Brockton, no estado de Massachusetts, e morreu um dia antes de completar 46 anos, num desastre aéreo, em Iowa. Mesmo assim, seu 94º aniversário vem ser recordado nesta semana. É tido como um dos maiores peso pesados de toda história, faz parte do Hall da Fama do Boxe desde 1990, quando foi criado este memorial. Pode ser colocado na mesma prateleira de Joe Frazier, Mike Tyson, Joe Louis (a quem, inclusive, venceu por nocaute em 1951), George Foreman e Evander Holyfield. Só não o coloco no mesmo patamar de Muhammad Ali, por acreditar que este foi o maior de todos os tempos.
18119350_1255299524569336_7702770856492960824_nEra dono de um estilo destemido, concentrado e respeitoso para com os adversários. Quem viveu nesta época, diz que, apesar de não ter um corpo tão característico de lutadores da categoria, tinha uma das mãos mais pesadas de toda história. Veja aqui um compilado de suas lutas e entenda a potência de seus golpes. Tanto fazia qual era a mão, seus diretos causavam grande estrago em quem subia no ringue para enfrentá-lo. Ele também tinha uma alta capacidade de resistir às pancadas que sofria.
Começou a lutar profissionalmente com 23 anos. Em 17 de março de 1947 fez sua primeira vítima, Lee Epperson. Lutou em alguns lugares importantes, como no templo da modalidade, o Madson Square Garden, e o Yankee Stadium. Em setembro de 1952 superou Jersey Joe Walcott, no Municipal Stadium, na Philadelphia e passou a ser detentor do cinturão, status que não o deixou até o fim de sua carreira. Sua última luta foi quatro anos mais tarde contra Archie Moore, no bairro do Bronx. Parou de lutar por conta das marcas em seu rosto e em consideração à esposa Barbara e à filha Marie Anne, fato que é comum em tantos lutadores.
g1_u5989_rocky_marcianoA Philadelphia é o local onde morava o personagem que Marciano serviu de inspiração. Sim, ele é o responsável por Sylvester Stallone protagonizar Rocky Balboa em sete filmes no cinema. [Aquele momento em que vem à cabeça a música e a cena clássica de subir as escadarias correndo até o topo]. Todo mundo já assistiu ou ouviu falar na franquia que tanto fez sucesso e impulsionou ainda mais o esporte. Outra curiosidade sobre Rocky é que ele foi imortalizado também em uma edição de selos postais dos correios americanos.Tirando o personagem, tem um filme de 1999 chamado "Rocky Marciano", alguns DVDs e pelo menos sete livros que contam mais sobre sua carreira. Nada mais justo para ícone que está no Olimpo daqueles que usaram luvas para fazer arte.

Coluna publicada originalmente em 29 de agosto de 2017