Vem chegando a temporada de Mundiais

Publicado  sexta-feira, 9 de junho de 2017

Não tem nada mais chato para os amantes dos esportes olímpicos que o período pós-Jogos, já que é um tempo no qual os atletas se retiram para o merecido descanso, depois de terem se preparado para mostrar o melhor da sua forma e técnica no principal evento do planeta. Nessa época as entidades máximas de cada modalidade não promovem grandes competições, fica um hiato até podermos vê-los novamente em ação. Finalmente esse recesso chegou ao seu término. Claro que já temos acompanhado grandes esportistas correndo, lutando, nadando, saltando. Mas agora está aberta a temporada de campeonatos mundiais e poderemos matar saudades do clima do Rio-2016.
Deste fim de mês de maio até o final do ano, pelo menos um campeonato mundial por mês estará em disputa. Será campeonatos acontecendo ao redor do mundo de esportes olímpicos e paralímpicos, trazendo os melhores para saber quem será consagrado o número 1 individual ou coletivamente. O Brasil estará representado e com chances de pódio em alguns deles.

Trago aqui a sequência que virá para o deleite nosso, dos fãs esportivos:

Tênis de mesa – do dia 29 de maio até 5 de junho – O Mundial já está sendo disputado em Düsseldorf, na Alemanha. O Brasil terá representantes nos dois gêneros, em simples e duplas, além de duplas mistas. A questão é como bater os asiáticos, principalmente, os chineses. Vale acompanhar pela rapidez e plasticidade das jogadas e comparar com aquela atividade de recreação que muitos já tiveram oportunidade de jogar.

Golfe – de 15 a 18 de junho – Não é campeonato mundial, mas o US Open é um dos Majors do ano, então somente a nata vai competir nos gramados de Erin Hills, em Wisconsin, na 117ª edição de um dos mais importantes torneios do circuito PGA.

Tae kwon do – de 22 a 30 de junho – Talvez seja um dos mais esperados Mundiais nesse começo de novo ciclo. Ver os chutes voadores sendo desferidos no tatames da cidade de Muju, na Coreia do Sul vai ser interessante. Mas quem quiser acompanhar, terá algumas madrugadas em claro, principalmente para acompanhar a renovada seleção brasileira. Os 16 atletas tiveram um Camping de Treinamento no Rio de Janiero recentemente visando a preparação final. Maicon de Andrade, medalhista no Rio, é o principal nome da delegação, mas temos destaques entre as mulheres também, como Milena Titonelli, que vai para seu primeiro mundial adulto.

Vela – de 29 de junho a 9 de julho – Os Mundiais são fragmentados nas diversas categorias de barcos. Este primeiro será da classe Star, disputado nas águas de Svendborg, Dinamarca.

Vôlei – de 4 a 8 de julho – Na ausência de um Mundial este ano, a torcida é para que os comandados do novo técnico Renan Dal Zotto vençam a Liga Mundial em casa, jogando no estádio da Arena da Baixada, em Curitiba. A equipe já está na Itália para disputar os jogos de primeira fase, que usará para ganhar entrosamento, uma vez que está classificada às finais por ser país sede.

Atletismo paralímpico – de 14 a 23 de julho – Quer ver o hino nacional ser tocado em muitas competições? Essa foi uma das modalidades que mais trouxeram medalhas para o Brasil na Paralímpiada e certamente dará muitas alegrias, num cenário especial: estádio olímpico de Londres, revivendo 2012.

Esportes aquáticos – de 14 a 30 de julho – A capital da Hungria, Budapeste, irá receber os mais rápidos nadadores, os mais habilidosos saltadores, os mais fortes jogadores de polo aquático, os mais resistentes maratonistas aquáticos, as mais precisas nadadoras sincronizadas. É um evento grandioso que traz consigo astros famosos de diversos países. Talvez seja o mais esperado dos campeonatos. Resta saber como o Brasil será representado com a crise da Confederação que rege os esportes na água.

Esgrima – de 19 a 26 de julho – As velozes espadas vão tilintar na cidade de Leipzig, na Alemanha. Italianos e franceses dominarão o pódio ou terá outras nações capazes de destronar os europeus neste nobre embate?

Ciclismo – de 25 a 29 de julho – Radical. Esta é a palavra para acompanhar os principais ciclistas de BMX que competirão em Rock Hill, nos Estados Unidos, em busca da coroa com as pequenas magrelas.

Vôlei de praia – de 28 de julho a 6 de agosto – Deixo para o fim desta coluna, o Mundial mais interessante para os brasileiros em termos de possibilidade de vitória. As areias de Viena, na Áustria, receberão as melhores duplas do circuito, tanto no masculino como no feminino para saber quem serão os reis e rainhas da praia. Como sempre, o Brasil é muito forte e tem possibilidades de ter duas duplas em cada pódio.

Como disse, haverá Mundiais até o fim do ano. Em agosto, trago um balaço do que foram esses que trouxe hoje e conto a expectativa dos próximos. Até lá, aprecie sem moderação!

Coluna publicada originalmente em 30/05/17

Entrevista com Ygor Coelho

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Entrevista publicada originalmente no site Surto Olímpico, em 20/05/17


Por Bruno Vieira, Daniel Barbosa, Juvenal Dias, Marcos Antônio e Regys Silva

Ygor Coelho foi um dos atletas que jogaram em 'casa' na Rio 2016. Carioca nascido e criado na comunidade da Chacrinha, na zona Oeste do Rio de Janeiro, Ygor teve apoio maciço da torcida brasileira e apesar de estar apenas adquirindo experiência, o que se viu e Ygor era um diamante bruto a ser lapidado. Em 2017, Ygor vem brilhando e atingindo grandes feitos, como o título inédito do Pan-americano de badminton e a entrada no top50 do ranking dos melhores do mundo, tudo isso com apenas 20 anos. Nessa entrevista concedida ao Surto Olímpico, Ygor fala sobre sua carreira, Rio 2016, o bom momento em que vive e suas expectativas para o ciclo olímpico até Tóquio 2020. Confira abaixo:

- Você começou muito cedo no esporte na comunidade da Chacrinha. Como foi o início? E acredita que começou numa idade apropriada para se adaptar ao Badminton?
Comecei a jogar Badminton aos 3 anos de idade. Meu pai tinha montado um projeto social chamado Miratus (www.miratus.org) e ensinava o badminton para as crianças da comunidade. Eu também queria jogar, então no inicio ele cortava o cabo das raquetes para elas ficarem do meu tamanho! Aos 6 comecei a treinar de verdade. Aos 9 ganhei minhas primeiras medalhas internacionais. Aos 11 eu era tricampeão Panamericano Jr. O projeto esta lá até hoje e continua atendendo muitas crianças e lhes dando oportunidade não só no esporte mas também na vida.

- Você evoluiu muito rapidamente em pouco tempo de carreira. A que você deve essa evolução no badminton? 
Devo esta evolução principalmente à base que meu pai (que foi meu treinador até os 18 anos) me deu neste esporte. Ele me ensinou primeiro a defender e assim desenvolvi uma variedade de golpes que foi muito importante para minha evolução.

- Que parte do seu jogo você considera sua melhor qualidade e o que acha você tem melhorar? 
Minha melhor qualidade é a defesa. O que tenho que melhorar?  Muita coisa!(risos).

-Seu esporte prima pela velocidade que a peteca viaja. Há um treinamento específico para melhorar seu tempo de reação? Conte-nos como funciona

Tem varias coisas que eu faço para trabalhar isto porque é muito importante durante um jogo. Um dos treinos que faço é o multi petecas onde faço series de 50 ou mais petecas uma atrás da outra. É bem cansativo mas ajuda muito a reagir rápido e bem.

- Como você avalia sua participação para a Rio 2016 e que lições você tirou dela para um possível participação em Tóquio?
Os Jogos Rio 2016 foram uma experiência maravilhosa. Infelizmente não consegui passar da fase de grupos (perdi para o irlandês Scott Evans e o alemão Marc Zwiebler) mas aprendi demais sobre o que é uma Olimpíada e com certeza isto deve me ajudar a chegar mais preparado em Tóquio.   

- Antes da Olimpíada, você era um ilustre desconhecido para muita gente. Como tem sido o assédio depois dos Jogos? Você tem sido reconhecido por onde passa?
(Risos) Até que alguns já me conheciam graças ao projeto do meu pai, que é bastante conhecido, mas é verdade que a visibilidade aumentou. Só que foi mais nos meses que antecederam os Jogos e durante eles. Cheguei a dar mais de 50 entrevistas para mais de 10 países entre Maio e Agosto de 2016. Foi bem legal. Agora, já esta muito mais tranquilo, mas é bacana ver que sou uma referência neste esporte aqui no Brasil.

- E você está sendo destaque em um esporte desconhecido do grande público. Acredita que o seu sucesso poderá impulsionar a prática do badminton no país?
Espero que sim, é um dos meus sonhos. Quero realmente ajudar a divulgar mais o meu esporte no pais e por isto tento comunicar bastante nas redes sociais. Aproveito alias para incentivar as pessoas a curtirem a minha pagina de atleta no Facebook (https://www.facebook.com/atletaygor/) para aumentarmos esta comunidade do badminton e podermos assim impulsionar a prática.
 
- Após os Jogos de 2016, boa parte dos atletas do Brasil vem sofrendo com pouca verba e pouco patrocínio. Como você tem passado por esse problema?
Pois é, a situação não esta simples mas eu posso dizer que tenho muita sorte com relação a este ponto porque sempre tive pessoas acreditando em mim. Hoje tenho 4 apoios muito grandes que me ajudam demais. Sou patrocinado por duas empresas grandes, Artengo e Nissan do Brasil que me apoiam financeiramente e com material/carro. Além disto sou 3° Sargento da Aeronáutica ha quase um ano e a Força Aérea brasileira esta me ajudando muito nesta fase da minha carreira e também recebo o Bolsa atleta do Ministério do Esporte. Mas preciso de tudo isto porque tenho hoje que bancar quase tudo. Outra entidade que esta sendo essencial na minha carreira hoje é a Federação francesa de Badminton que por três vezes nos últimos seis meses, me abriu as portas do seu centro de treinamento para eu treinar com seus atletas.

- Qual a sua expectativa para o campeonato mundial em agosto?
Vai ser mais um momento magico porque sera minha primeira participação a um mundial adulto. Não me coloco pressão porque não tenho nada a perder. Toda rodada passada sera lucro. Mas quero muito ter um bom desempenho lá e vou treinar muito para chegar bem preparado.

- Quais são suas metas para este ciclo olímpico? Você tem metas de terminar em qual posição no ranking neste ano?
Eu quero tentar chegar em Tóquio com um ranking no Top 20 mas tenho que pensar "etapa por etapa". Já estou super feliz hoje porque eu tinha três metas este ano, ser campeão pan-americano, participar do mundial e entrar no Top 50 e só estamos em Maio e eu já conquistei as três (só tenho que me manter no Top 50 até o final do ano. Sou o 47 do mundo hoje). Ou seja, vou poder investir no segundo semestre para treinar muito e já começar a ir buscar o Top 40 que a principio era a minha meta do ano que vem.

- O que significa para você entrar no Top 50 do mundo? E o que significa para o país ter um atleta nesse nível?
Significa muito para mim. Estar entre os 50 melhores jogadores do mundo para um jovem que começou a jogar descalço numa comunidade do Rio de Janeiro é algo grande. Estou super feliz. E para o pais também é bacana, estou abrindo portas e espero que outros seguirão o meu caminho e me ajudarão a desenvolver o esporte no nosso pais.

- Considera o Pan-americano de Badminton como o campeonato mais importante que já conquistou? Como foi sua trajetória nesse torneio?
Sim, este titulo pan-americano é provavelmente o titulo o mais importante que eu já conquistei e ele é inédito pois nenhum brasileiro tinha conseguido este titulo até agora. O torneio em si, não foi o torneio mais difícil que eu disputei mas teve a particularidade de enfrentar cubanos (donos da casa já que o torneio era em Havana) tanto na semifinal quanto na final, o que "apimentou" os confrontos. Na final ganhei de Osleni Guerrero, que foi durante muito tempo o número 1 das Américas e já tinha conquistado duas vezes este torneio.

-Em quem você se inspira dentro da modalidade para continuar crescendo e melhorando?
Eu tenho muita sorte porque um dos jogadores que tenho como grande referencia, é o meu técnico quando treino com a seleção francesa em Paris. Estou falando do Peter Gade, dinamarquês que já foi Número 1 do mundo e hoje é Diretor de Alto Rendimento da seleção francesa. Espero conseguir voltar a treinar com ele em agosto.

As boas novas dos esportes de raquete

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Aos poucos o esporte brasileiro vai retomando a vida normal depois do Rio-2016 e suas subsequentes notícias ruins ou boas. Aos poucos, também, vão surgindo bons resultados em esportes que pouco imaginaria que poderiam acontecer. Dentre essas modalidades, vale ressaltar três que têm ganhado destaque nessas últimas semanas, badminton, tênis de quadra e tênis de mesa.
Começando com a peteca lá em cima, Ygor Coelho vem contrariando aquela máxima que badminton é um esporte que apenas asiáticos se dão bem. Quem poderia imaginar um brasileiro entre os 50 melhores do ranking mundial? Ainda mais com uma origem humilde, num lugar onde um projeto social conseguiu garimpar esse jovem talento de 20 anos que poderia ser como tantos outros e não ter grandes perspectivas na vida. Ygor é um daqueles exemplos que a formação esportiva transforma o caráter do indivíduo e que, através dessa base, pode se tornar alguém vitorioso, com notoriedade internacional e que nos enche de orgulho. Até onde ele pode chegar? É difícil prever. Já foi campeão Pan-Americano, uma conquista inédita. Não sei se chegará a disputar títulos mundiais ou lugares no pódio, mas é um nome a ser observado. Quem sabe não vira um daqueles famosos casos de brasileiros que despontam e estimulam jovens talentos na prática?
Nas quadras de saibro, um nome consolidado, outro que vem despontando e um mais desconhecido são os grandes destaques. Marcelo Melo mostra que é um duplista extremamente forte, nasceu para esse tipo de jogo em parceria. O mineiro trocou de parceiro no começo do ano e logo se adaptou bem com o novo companheiro Lucasz Kubot, da Polônia. Prova desse rápido entrosamento veio neste final de semana, quando a dupla conquistou o Masters 1.000 de Madri, o segundo dessa grandeza no ano. Com isso, assumiram a liderança no ranking das duplas. Há uma outra classificação que soma pontos individuais da dupla, uma vez que não é obrigatório a dupla jogar a temporada inteira juntos, e nessa situação, o brasileiro é terceiro do ranking.
Quem vem mostrando um tênis consistente e com notória evolução é a paulista Beatriz Haddad Maia. A jovem vem de dois torneios com resultados expressivos. No WTA de Praga, ela chegou as quartas-de-final, inclusive derrotando uma Top 20 pela primeira vez na carreira.  Já neste fim de semana, venceu sua segunda competição no ano, conquistou o título no ITF de Cagnes-Sur-Mer, na França (já havia vencido em Clare, na Austrália). Por mais que não seja uma conquista do principal calibre dentro do tênis mundial, é bem relevante em termos de confiança e, principalmente, para o ranqueamento. Esse resultado a coloca como centésima melhor tenista do mundo de forma inédita em sua trajetória. Isso é bastante para quem vai completar 21 anos e não encontra tanto apoio como há no tênis masculino.
Ainda da terra batida vem uma ótima notícia do desporto paralímpico. O mineiro Daniel Rodrigues fez dobradinha no torneio internacional da Itália e venceu tanto em simples como em duplas no Tênis de Cadeira de Rodas. Infelizmente, esse tipo de competição traz pouco retorno financeiro e, portanto, não é televisionado, é preciso seguir em sites especializados. O Surto Olímpico é o lugar que nos nutri dessas informações relevantes, inclusive para escrever essa coluna.
Por fim, trago a experiência de cobrir e conviver alguns dias com os melhores mesatenistas do país. Acompanhei o Brasil Open de Tênis de Mesa. Foi interessante como jornalista trabalhar no evento, teve um saudosismo de torcedor do Rio-2016 e nos faz ter esperanças num futuro promissor dentro do esporte a nível mundial. Ver Hugo Calderano jogando de modo consistente, Gustavo Tsuboi em seu jogo centrado, a sabedoria oriental de Lin Gui e a jovialidade de Bruna Takahashi, além de outros jovens talentos, incluindo sua irmã de 12 anos, Giulia Takahashi, mostra um trabalho bem feito pela Confederação. O próprio torneio foi muito elogiado pelos atletas daqui, pelos estrangeiros que vieram e pelo ícone da modalidade e técnico da equipe feminina, Hugo Hoyama.
Independentemente de quem veio disputar a competição, o Brasil vem mostrando uma evolução gradativa e constante. Mostra que está preparado para fazer um papel digno no Mundial da categoria que começa no fim do mês, em Liebherr, na Alemanha. É um esporte que é amplamente dominado primeiro pelos chineses e, em sequência, pelos asiáticos, de forma geral. A disputa é bem difícil para os brasileiros, mas se conseguirem mostrar o seu melhor já podemos considera-los vencedores, uma vez que, passado o ciclo olímpico houve uma diminuição dos investimentos na modalidade.

De qualquer forma, para um lugar que não é o país das raquetes, vamos mostrando resultado, fruto do talento e perseverança dos atletas que fazem petecas e bolinhas o seu meio de vida.

Coluna publicada originalmente em 16/05/17

Entrevista com Felipe Wu

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A entrevista foi publicada originalmente no site do Surto Olímpico, em 13/05/17


Por Regys Silva, Marcos Antônio e Juvenal Dias

Felipe Wu foi responsável pela primeira medalha olímpica do Brasil na Rio 2016 e também quebrou um jejum de 96 anos sem medalhas do Brasil no tiro esportivo. Um grande feito, que acabou passando despercebido entre muitos e que fez Felipe, em entrevista após os jogos olímpicos, dizer que as 'pessoas fatalmente vão esquecer de mim'. oito meses depois, ele fala se sua profecia se realizou e também sobre as expectativa de seu novo ciclo olímpico nessa entrevista concedida ao surto olímpico. Confira:

- Logo após a Rio 2016, você afirmou que 'fatalmente, vão esquecer de mim'. oito meses após os jogos, essa sua 'profecia' se realizou e o reconhecimento do público diminuiu ou foi diferente do que você previu? 
Acho que chegamos ao um meio termo. Depois da medalha, muita gente entrou em contato via redes sociais, havia um certo reconhecimento na rua e pela mídia, e com o passar do tempo o interesse foi diminuindo. Não posso dizer que fui esquecido, mas a luta pelo reconhecimento do tiro esportivo ainda segue. Ainda é um esporte com baixa visibilidade. 

- Você demonstrava preocupação com este ciclo olímpico de Tóquio, mas com a (re) contratação do seu técnico Bernardo Tobar, já dá pra ficar mais confiante para 2020? Como fica seu planejamento para este ciclo olímpico?
Com certeza o suporte de um treinador ajuda muito. Sem uma pessoa orientando, observando o que você está fazendo de errado e o que pode melhorar, fica muito difícil manter o bom desempenho e consequentemente a competitividade em eventos de alto nível. Esse ano o principal foco da temporada são as etapas da Copa do Mundo, estive na etapa de Nova Deli e estou classificado para as próximas etapas da Alemanha, em maio, e Azerbaijão, em junho. Ano que vem tem Mundial de Tiro Esportivo e depois disso veremos as provas que fazem parte da classificatória para os Jogos Olímpicos 2020. 

- Em 2018 já começam a ser distribuídas vagas para 2020 com o Mundial de tiro. Qual é a importância de se conseguir uma vaga com antecedência?
Você tem mais tempo para corrigir os erros e focar no que precisa ser melhorado, além de competir sem tanta pressão por um resultado. Você trabalha mais os detalhes que podem fazer a diferença lá na frente.

- O que a medalha te trouxe em termos de patrocínio e Como manter um bom planejamento diante essa crise financeira no país que afeta os investimentos nos esportes, para os Jogos de 2020? Como você avalia o desenvolvimento do Tiro esportivo do país diante dessa crise?
Após a medalha os patrocínios seguiram os mesmos. Não ganhei novos investidores mas também não perdi nenhum dos que já me apoiavam. O Brasil infelizmente ainda tem uma cultura muito imediatista. Já era meio esperado que os investimentos fossem diminuir após os Jogos Rio 2016 e como em outros ciclos, provavelmente os recursos virão mais próximos ao evento. O problema é que isso compromete os resultados. Um medalhista olímpico não é formado da noite para o dia, é preciso tempo para se desenvolver e preparar. 

- O que você acha dessa proposta de reformulação do programa do Tiro Esportivo para os Jogos de 2020, que busca a inclusão de eventos mistos?
Acho que toda mudança é válida para ampliar a competitividade. É normal algumas provas saírem, isso já ocorreu outras vezes. O ideal apenas é que essa mudança seja feita com antecedência para que todos tenham condições para se adaptarem com tranquilidade, planejando seus treinos e competições adequadamente. 

- Dentro de alguns meses haverá duas etapas de Copa do Mundo de tiro. Como está sua preparação para essas próximas competições?
Está caminhando bem. Vamos finalizar a preparação para a próxima etapa na Alemanha mesmo. O objetivo é trabalhar mais a parte técnica já que é um evento muito disputado. A meta em ambos eventos é passar para a final. 

- Você, recentemente, declarou que precisa melhorar a técnica para ganhar um ou dois pontos. Já tem ideia de como pode acrescentar melhorias em um esporte que cada detalhe influencia na pontuação?
Sempre é possível melhorar. Agora com a volta do treinador fica mais fácil detectar os erros e corrigi-los. A orientação de um profissional qualificado certamente influencia essa melhora da parte técnica que estamos buscando. 

- Uma curiosidade na sua carreira é que treinava na garagem de casa. De vez em quando ainda volta lá para dar uns tiros ou agora é só no stand?
As vezes treino em casa sim, pois voltei a ter uma rotina puxada na faculdade e o treinamento não pode parar. Mas sempre procuro acertar minha agenda para treinar no stand da Hebraica pois lá a metragem é correta (em casa são apenas 7 metros) e a estrutura é bem melhor.

Cobertura do Brasil Open de Tênis de Mesa

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Deixarei aqui os links de todas as matérias que produzi para o site Surto Olímpico feitas nos três dias de competição.

Dia 1 - Duplas

Dia 1 - Simples

Dia 2 - Duplas

Dia 2 - Simples

Finais - Feminino

Finais - Masculino

A renovação de campeões

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Abril termina com uma perspectiva muito positiva para o esporte brasileiro, principalmente em duas das modalidades que mais podemos ficar esperançosos com bons resultados. Estou falando do judô e vôlei, que trazem boas novas e a certeza de sermos competitivos em alto nível não só para este ciclo olímpico, mas também para os próximos.
Começando pela arte marcial do caminho suave, no último final de semana houve o campeonato Pan-Americano, disputado na cidade do Panamá, e o Brasil manteve a hegemonia continental, conquistando seis ouros e 12 medalhas em 14 possíveis, além do ouro por equipes no feminino e bronze no masculino. Mas se engana quem pensa que o time brasileiro foi com os nomes consagrados como Sarah Menezes, Rafaela Silva, Maria Portela, Mayra Aguiar, Maria Suelen Altheman, Felipe Kitadai, Charles Chibana, Victor Penalber, Thiago Camilo e Rafael “Baby” Silva. Os responsáveis por esse resultado expressivo em território americano foram novas caras, atletas que não estamos acostumados ainda a acompanhar, mas que vêm trabalhando duro não só para se tornarem os principais judocas do país, como também para fazer com que o esporte nacional permaneça sendo competitivo mundo a fora. Então, para quem não conhece tão a fundo, é bom nos acostumarmos a ouvir Stefanne Koyama, Jessica Pereira, Yanka Pascoalino, Samanta Soares, Beatriz Souza, Eric Takabatake, Daniel Cargnin, Eduardo Barbosa, Eduardo Santos, Rafael Macedo, Leonardo Gonçalves, Ruan Isquierdo e por aí vai. São nomes que muito em breve estarão trazendo mais alegrias para o judô brasileiro, quem sabe já não os veremos em Tóquio-2020 com uma medalha no peito e ouvindo mais uma vez o hino nacional?
Mesmo que não aconteça tão prontamente assim, o mais importante é que a CBJ sinaliza para a renovação de nomes e valores, preocupando-se com em manter o presente vitorioso e um futuro promissor. Mais que isso, há a manutenção na formação de cidadãos com caráter, disciplina, competitivos e que buscam o melhor de si, valores ensinados em todos os esportes, mais evidenciados em artes vindas do oriente, mas tão ausentes na situação político-econômica do país. Por esse motivo que é tão importante a formação esportiva nas escolas e universidades.
A prova dessa preocupação são os bons resultados nas categorias de base. Na sub-18, por exemplo, estava acontecendo a etapa da Copa Europeia em Berlim e o Brasil terminou com três ouros e uma prata, um excelente indicativo do que pode vir no Mundial da categoria que está por vir em agosto, em Santiago do Chile.
Outra modalidade que sinaliza a renovação e, neste caso até mais necessária, é o vôlei feminino. Passado as finais da Superliga, o técnico José Roberto Guimarães convocou algumas atletas para um período de preparação e adaptação, visando importantes competições que a Seleção brasileira terá ainda esse ano. Tirando a líbero Léia e a central Adenízia, as demais jogadoras não estavam na campanha do Rio-2016, que teve a fatídica eliminação para a China nas quartas-de-final e acabou com o sonho de um inédito tricampeonato olímpico. Talvez por esse trauma e também pensando no futuro, o técnico tenha pensado em novos nomes como a levantadora Naiane, a ponteira Rosamaria e a central Mara, vindas da equipe do Camponesa, de Minas Gerais. Ainda se apresentaram neste primeiro dia de maio a líbero Suelen, as ponteiras Edinara, Fernanda Tomé e Amanda. Certamente mais jogadoras serão escaladas e o Zé Roberto não abrirá mão de contar com talentos como Tandara, Natália, Fabiana, Dani Líns, Jaqueline, Sheila e tantas outras vencedoras. Mas é importante trazer novos conceitos, novas percepções e dar vivência à jogadoras menos experientes para que ocorra uma passagem de bastão mais suave e essas atletas mais novas possam oferecer seu potencial em sua plenitude quando estiverem disputando um campeonato importante com a camisa verde e amarela.

As próximas competições serão um Masters, na Suíça, o Grand-Prix (mais importante torneio no ano), o Sul-Americano e a Copa dos Campeões. Serão provas de fogo que testarão a capacidade e a técnica da Seleção, que apesar de ainda respeitada, vem sendo contestada por seu último resultado em competições maiores. Esse é o momento ideal para uma renovação aliada a competência de quem já se consagrou em outrora. Assim, com trabalho sério e renovação, poderemos pensar em retornar ao pódio olímpico, lugar que nunca deveríamos ter saído.

Coluna publicada originalmente em 02/05/17

Parabéns ao eterno campeão

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Neste domingo de páscoa, o ginasta Arthur Zanetti celebrou mais um ano de vida, chegando à 27 primaveras. Uso esse espaço da coluna Lógos Olympikos como forma de homenagear este campeão olímpico e herói do esporte nacional. Não somente eu, mas toda equipe do Surto Olímpico, acreditamos que todas as formas de reconhecimento para quem tanto se esforça em representar o Brasil, levar o nome de nossa nação para competições internacionais e ainda é responsável por colocar a bandeira verde e amarela no alto do pódio diversas vezes sejam válidas e justas. Então fica aqui a saudação para o atleta.
Arthur foi convocado por Marcos Goto, coordenador técnico de Seleções de Ginástica Artística da Confederação e treinador do atleta, para fazer parte da equipe masculina que vai para as etapas de Copa do Mundo da Eslovênia e Croácia que ocorrem em maio, visando a preparação para o Campeonato Mundial, que acontece em outubro em Montreal, Canadá, e será a competição mais importante no começo do novo ciclo olímpico. Juntamente com o ginasta de São Caetano do Sul, foram chamados Francisco Barretto Júnior e Lucas Bitencourt dentre os homens e Flávia Saraiva, Rebeca Andrade e Thais Fidelis dentre as mulheres. Serão as primeiras competições para a seleção masculina, a feminina já estreou (e bem) na Itália, no início de abril.
As competições ganham maior importância uma vez que houve alterações no código de pontuação e nas regras de classificação para os Jogos Olímpicos, então torna-se a oportunidade ideal para se adaptar às mudanças. Além disso, para Zanetti é importante para medir seu nível de competição pós-cirurgia, perceber a força em seu ombro, característica que foi tão significativa para a conquista do ouro em Londres e prata no Rio, nas argolas. Inclusive ele declarou que está treinando elementos novos para acrescentar um grau de dificuldade maior à sua série.
Na última coluna, escrevi que dentre as modalidades que podemos ter esperanças de medalhas, a ginástica artística seria uma das mais fortes. Muito disso se deve justamente porque Arthur é um nome muito respeitado e temido dentro da categoria que compete. É tido como um dos mais consistentes e com uma série das mais difíceis dentre os competidores do aparelho. Sua principal característica é a estabilidade nos momentos de maior resistência, essencial para os jurados que avaliam as competições.
E o mais admirável é que ele treina em sua cidade natal, não precisou morar no exterior, buscar novos métodos ou treinadores estrangeiros para conquistar esse status, é a prova que muito trabalho e dedicação podem fazer um campeão olímpico e mundial. Zanetti mostra-se ainda muito determinado em ser competitivo por pelo menos até Tóquio-2020, quando terá 30 anos, tempo de vida que considera ideal para atingir o auge de sua força física.
Então, vida longa Rei (das argolas) Arthur, que essa data possa ser celebrada mais vezes, principalmente com muita saúde e disposição para continuarmos vendo-o competir em alto nível por muitos anos e ser motivo de inspiração para novas gerações de quem quer seguir por esse esporte, que se tornou um dos favoritos de se acompanhar dos brasileiros em Olimpíada.

Coluna originalmente publicada em 17/04/17