A incrível persistência dos atletas brasileiros

Publicado  quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Qualquer pessoa na vida tem seus desafios e suas razões para lutar por algo ou alguém. Quem é atleta fica ainda mais explicito essa força de vontade de superar seus limites, buscar um resultado, ser o melhor naquilo que se propõe a fazer, vemos em todas as competições, isso não é uma concepção nova. Atletas olímpicos brasileiros não terem incentivo e serem obrigados a tirar do próprio bolso para treinar e competir também não é novidade para ninguém. Mas o que tem sido visto chega ser um deboche de uma categoria trabalhadora, que tem como único instrumento seu corpo e que o coloca em risco todos os dias.
Dentre as notícias mais recentes, o anúncio da saída de três patrocinadores importantes do COB, a fornecedora de material esportivo, uma montadora de carros e um banco, é a nova cereja no bolo do descaso olímpico que os atletas terão de enfrentar. Agora lhes restam apenas as muletas do governo para se sustentarem e levarem a bandeira do nosso país em competições mundo afora. Se não fosse a Lei Piva, a Lei de Incentivo, as Forças Armadas, a Bolsa Atleta e os patrocínios de estatais, poderíamos falar que não teríamos mais esporte de alto rendimento no Brasil. Poderíamos mesmo?
Não acho que seja tão radical assim. É impressionante a capacidade que temos de produzir talentos para o esporte. Valores que surgem quase que ao acaso e que se destacam no cenário internacional a duras penas. Não somos uma fábrica de campeões como os Estados Unidos ou China em Jogos Olímpicos, mas fazemos mais do que poderia se esperar com pouco que temos.
Quem diria que teríamos uma campeã de patinação artística no gelo? Sim, Isadora Williams foi a autora desse feito, ao vencer o Sophia Thophy, na Bulgária. Foi a quinta medalha dela em competições internacionais, a primeira de ouro.
Quem diria que seríamos os melhores das Américas no pólo aquático? Sim, o time masculino venceu a Copa Uana, batendo o Canadá e se classificando para o Mundial da modalidade que ocorre em julho, também na Bulgária.
Quem diria que superaríamos os Estados Unidos nas praias deles? Sim, as duplas brasileiras do vôlei de praia ganharam ouro e prata, tanto no masculino como no feminino, nas areias de Fort Lauderdale. Foi o 60º título da Larissa em etapas do Circuito Mundial.
Agora imagina se tivéssemos rings de patinação adequados, se não tivéssemos escândalos em confederações como é o caso da CBDA, que rege os esportes aquáticos, se tivéssemos centros tecnológicos mais avançados para analisar e melhorar desempenho dos competidores, se as empresas acreditassem mais no nosso potencial e investissem não pensando em um ciclo, mas em três ou quatro, parcerias que durassem 20 anos. Muito provavelmente esses feitos seriam mais comuns, viríamos mais vezes nossa bandeira no alto dos pódios espalhados pelas competições. Devemos aplaudir de pé a força de vontade, a persistência que nossos atletas têm em ser ótimos naquilo que fazem.

Esta coluna foi publicada originalmente dia 20/02/17

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