Caramba! Já estamos a um ano dos Jogos de Inverno de Pyeongcyang, na Coreia do Sul. Como passa rápido! Parece que foi ontem os Jogos de Sochi, em 2014. Ainda lembro de Turim/2006, a primeira edição das Olimpíadas de Inverno que acompanhei com maior interesse. Logo menos estaremos ouvindo falar novamente de esqui alpino, esqui cross-country, patinação no gelo, bobsled , skeleton, luge, snowboard, hóquei, curling e tantos outras modalidades tão incomuns para quem sequer vê um floco de neve caindo e que usa gelo apenas para refrescar as bebidas.
As instalações para o evento seguem o cronograma metodicamente, típico da cultura asiática. Vem aí mais uma edição fantástica para ser recordada por muito tempo. O país está pronto para mostrar que é capaz de sediar mais um grande evento. Foi assim com os Jogos de verão de Seul/1988 e também com a Copa do Mundo de futebol realizada em conjunto com o Japão em 2002. Estou curioso para ver novos aparatos tecnológicos que sempre aparecem nas cerimônias, principalmente se tratando de um “Tigre Asiático”, que sempre é voltado para a modernidade, assim como também tenho grandes expectativas com nomes como Shaun White, multicampeão do snowboard half-pipe, Lindsay Vonn, uma lenda do esqui alpino, se alguém vai bater os alemães nos velozes e perigosos luge, se o Rei do Biatlon, o norueguês Ole Einar Bjørndalen vai aumentar seu número incrível de 13 medalhas. E os coreanos terão muitos motivos para comemorar, principalmente com a patinação de velocidade? Algum país tropical surpreenderá? Haverá muitas histórias de superação, recordes, fracassos, novos heróis. A contagem regressiva já começou com a inauguração do relógio na capital coreana. 
Nós que gostamos desses eventos temos a contagem em ciclos de quatro em quatro anos. Sendo o primeiro nessa regressiva, acompanhando diversos campeonatos mundiais, o seguinte com os Jogos de Inverno, no terceiro chega logo Pan-Americano para concluir na Olimpíada tradicional.
Assim como em Pequim/2008, serão madrugadas em claro, tentando acompanhar o maior número de eventos possíveis e dormindo pouco durante os 16 dias de competição. Isso será uma tendência nos próximos anos, afinal vem Tóquio/2020 e Pequim/2022, então haja café para aguentar esse período.
Lembro que nesta época de faltando um ano, em 2015, para os Jogos do Rio, estava ansioso, me organizando para comprar o máximo de ingressos possíveis, não sabia se me candidatava para ser voluntário ou se trabalharia de forma remunerada fazendo a cobertura. Me pergunto se alguém do povo coreano também vive essa ansiedade, se são tão fanáticos por esporte como nós do Surto Olímpico.
Abandono no Rio
Falando em Rio, nada como ver o descaso de políticas públicas com nosso desporto nacional para se sentir muito triste e indignado. Quando vemos atletas que reclamam que não têm apoio para competir, poderíamos pensar que era um exagero e que, com a vinda de um evento tão importante como foi o ano passado, a situação melhoraria para os competidores de elite e outros abaixo.
Mas o que se vê é que os dirigentes e governantes não estão ligando mais para nada, ainda mais que já passou seis meses e só ficará a história. Além de técnicos e outros especialistas estrangeiros que têm “largado o barco”, nesta semana foram divulgadas imagens do Parque Olímpico da Barra, que se encontra abandonado, quase inoperante. Você, leitor, pode pensar: “mas quem não sabia que viraria um monte de elefantes brancos?” A questão é que veio tudo de dinheiro público, só por isso já é o suficiente para cobrarmos uma atitude mais digna de quem está no poder.
Além disso, é um tapa na cara de todos os atletas, que por vezes não têm equipamentos ou locais adequados para treinamento e/ou competição em território nacional. Ver uma piscina de aquecimento dos nadadores como um brejo, um lago sujo. O complexo aquático com as telas rasgadas. Cadeiras de arquibancadas desmontadas e expostas às diversas condições climáticas. Eu não consigo me conformar com algo desse tipo. Lembro que quando viajei para Barcelona, em 2001, pude visitar algumas instalações, mergulhar na piscina que Gustavo Borges ganhou medalha em 92. Eram lugares que continuavam sendo utilizados e o turismo local aumentou consideravelmente por conta do evento e das instalações.
Teve recentemente um desafio de vôlei de praia na quadra principal de tênis. É pouco! Por que não há sequentes eventos para aproveitar todas as arenas que foram montadas? Não sou a favor de desmontar para criar escolas ou transferir equipamentos para outros locais. Aquele lugar é um marco, foi uma grande festa que agregou povos do mundo inteiro e que traz lembranças muito agradáveis a todos que puderam frequentar lá, com um motivo nobre que deve ser contínuo: o esporte. 
Por que não fazer partidas finais de NBB e de LBF na Arena Carioca 1? Por que não utilizar o Velódromo para campeonatos nacionais de ciclismo e tentar desenvolver o esporte? Por que não fazer Sul-Americano de clubes e seleções de handebol na Arena do Futuro? Pan-Americano de tae-kwon-dô na Arena Carioca 2? Seletiva de judô na 3? Rio Open de tênis no complexo, além de challengers? Desafio Brasil-Austrália de natação? Apresentação de gala do time russo de nado sincronizado? E tudo isso poderia ser cobrado para assistir. Em Wimbledon há uma taxa para você circular no complexo, além de ter que comprar ingressos. Não daria para fazer isso no Parque? 5 reais para uma visita esporádica, 15 com direito a tour pelas arenas e piscina, um plano de 30 reais para ir todos os dias de um mês ou finais de semana com a família, como se fosse um clube. Modalidades e possibilidades econômicas a serem exploradas não faltam, falta sim boa vontade dos responsáveis para tornar o local atrativo e aconchegante, como já foi um dia.
Esta coluna foi publicada dia 09/02/17, quando faltava exatamente um ano para os Jogos de Inverno de Peyongcyang
 
 

