A Coreia é logo ali, já o Rio ficou pra lá

Publicado  quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Caramba! Já estamos a um ano dos Jogos de Inverno de Pyeongcyang, na Coreia do Sul. Como passa rápido! Parece que foi ontem os Jogos de Sochi, em 2014. Ainda lembro de Turim/2006, a primeira edição das Olimpíadas de Inverno que acompanhei com maior interesse. Logo menos estaremos ouvindo falar novamente de esqui alpino, esqui cross-country, patinação no gelo, bobsled , skeleton, luge, snowboard, hóquei, curling e tantos outras modalidades tão incomuns para quem sequer vê um floco de neve caindo e que usa gelo apenas para refrescar as bebidas.
As instalações para o evento seguem o cronograma metodicamente, típico da cultura asiática. Vem aí mais uma edição fantástica para ser recordada por muito tempo. O país está pronto para mostrar que é capaz de sediar mais um grande evento. Foi assim com os Jogos de verão de Seul/1988 e também com a Copa do Mundo de futebol realizada em conjunto com o Japão em 2002. Estou curioso para ver novos aparatos tecnológicos que sempre aparecem nas cerimônias, principalmente se tratando de um “Tigre Asiático”, que sempre é voltado para a modernidade, assim como também tenho grandes expectativas com nomes como Shaun White, multicampeão do snowboard half-pipe, Lindsay Vonn, uma lenda do esqui alpino, se alguém vai bater os alemães nos velozes e perigosos luge, se o Rei do Biatlon, o norueguês Ole Einar Bjørndalen vai aumentar seu número incrível de 13 medalhas. E os coreanos terão muitos motivos para comemorar, principalmente com a patinação de velocidade? Algum país tropical surpreenderá? Haverá muitas histórias de superação, recordes, fracassos, novos heróis. A contagem regressiva já começou com a inauguração do relógio na capital coreana. 
Nós que gostamos desses eventos temos a contagem em ciclos de quatro em quatro anos. Sendo o primeiro nessa regressiva, acompanhando diversos campeonatos mundiais, o seguinte com os Jogos de Inverno, no terceiro chega logo Pan-Americano para concluir na Olimpíada tradicional.
Assim como em Pequim/2008, serão madrugadas em claro, tentando acompanhar o maior número de eventos possíveis e dormindo pouco durante os 16 dias de competição. Isso será uma tendência nos próximos anos, afinal vem Tóquio/2020 e Pequim/2022, então haja café para aguentar esse período.
Lembro que nesta época de faltando um ano, em 2015, para os Jogos do Rio, estava ansioso, me organizando para comprar o máximo de ingressos possíveis, não sabia se me candidatava para ser voluntário ou se trabalharia de forma remunerada fazendo a cobertura. Me pergunto se alguém do povo coreano também vive essa ansiedade, se são tão fanáticos por esporte como nós do Surto Olímpico.

Abandono no Rio
Falando em Rio, nada como ver o descaso de políticas públicas com nosso desporto nacional para se sentir muito triste e indignado. Quando vemos atletas que reclamam que não têm apoio para competir, poderíamos pensar que era um exagero e que, com a vinda de um evento tão importante como foi o ano passado, a situação melhoraria para os competidores de elite e outros abaixo.
Mas o que se vê é que os dirigentes e governantes não estão ligando mais para nada, ainda mais que já passou seis meses e só ficará a história. Além de técnicos e outros especialistas estrangeiros que têm “largado o barco”, nesta semana foram divulgadas imagens do Parque Olímpico da Barra, que se encontra abandonado, quase inoperante. Você, leitor, pode pensar: “mas quem não sabia que viraria um monte de elefantes brancos?” A questão é que veio tudo de dinheiro público, só por isso já é o suficiente para cobrarmos uma atitude mais digna de quem está no poder.
Além disso, é um tapa na cara de todos os atletas, que por vezes não têm equipamentos ou locais adequados para treinamento e/ou competição em território nacional. Ver uma piscina de aquecimento dos nadadores como um brejo, um lago sujo. O complexo aquático com as telas rasgadas. Cadeiras de arquibancadas desmontadas e expostas às diversas condições climáticas. Eu não consigo me conformar com algo desse tipo. Lembro que quando viajei para Barcelona, em 2001, pude visitar algumas instalações, mergulhar na piscina que Gustavo Borges ganhou medalha em 92. Eram lugares que continuavam sendo utilizados e o turismo local aumentou consideravelmente por conta do evento e das instalações.
Teve recentemente um desafio de vôlei de praia na quadra principal de tênis. É pouco! Por que não há sequentes eventos para aproveitar todas as arenas que foram montadas? Não sou a favor de desmontar para criar escolas ou transferir equipamentos para outros locais. Aquele lugar é um marco, foi uma grande festa que agregou povos do mundo inteiro e que traz lembranças muito agradáveis a todos que puderam frequentar lá, com um motivo nobre que deve ser contínuo: o esporte. 
Por que não fazer partidas finais de NBB e de LBF na Arena Carioca 1? Por que não utilizar o Velódromo para campeonatos nacionais de ciclismo e tentar desenvolver o esporte? Por que não fazer Sul-Americano de clubes e seleções de handebol na Arena do Futuro? Pan-Americano de tae-kwon-dô na Arena Carioca 2? Seletiva de judô na 3? Rio Open de tênis no complexo, além de challengers? Desafio Brasil-Austrália de natação? Apresentação de gala do time russo de nado sincronizado? E tudo isso poderia ser cobrado para assistir. Em Wimbledon há uma taxa para você circular no complexo, além de ter que comprar ingressos. Não daria para fazer isso no Parque? 5 reais para uma visita esporádica, 15 com direito a tour pelas arenas e piscina, um plano de 30 reais para ir todos os dias de um mês ou finais de semana com a família, como se fosse um clube. Modalidades e possibilidades econômicas a serem exploradas não faltam, falta sim boa vontade dos responsáveis para tornar o local atrativo e aconchegante, como já foi um dia.

Esta coluna foi publicada dia 09/02/17, quando faltava exatamente um ano para os Jogos de Inverno de Peyongcyang

A incrível persistência dos atletas brasileiros

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Qualquer pessoa na vida tem seus desafios e suas razões para lutar por algo ou alguém. Quem é atleta fica ainda mais explicito essa força de vontade de superar seus limites, buscar um resultado, ser o melhor naquilo que se propõe a fazer, vemos em todas as competições, isso não é uma concepção nova. Atletas olímpicos brasileiros não terem incentivo e serem obrigados a tirar do próprio bolso para treinar e competir também não é novidade para ninguém. Mas o que tem sido visto chega ser um deboche de uma categoria trabalhadora, que tem como único instrumento seu corpo e que o coloca em risco todos os dias.
Dentre as notícias mais recentes, o anúncio da saída de três patrocinadores importantes do COB, a fornecedora de material esportivo, uma montadora de carros e um banco, é a nova cereja no bolo do descaso olímpico que os atletas terão de enfrentar. Agora lhes restam apenas as muletas do governo para se sustentarem e levarem a bandeira do nosso país em competições mundo afora. Se não fosse a Lei Piva, a Lei de Incentivo, as Forças Armadas, a Bolsa Atleta e os patrocínios de estatais, poderíamos falar que não teríamos mais esporte de alto rendimento no Brasil. Poderíamos mesmo?
Não acho que seja tão radical assim. É impressionante a capacidade que temos de produzir talentos para o esporte. Valores que surgem quase que ao acaso e que se destacam no cenário internacional a duras penas. Não somos uma fábrica de campeões como os Estados Unidos ou China em Jogos Olímpicos, mas fazemos mais do que poderia se esperar com pouco que temos.
Quem diria que teríamos uma campeã de patinação artística no gelo? Sim, Isadora Williams foi a autora desse feito, ao vencer o Sophia Thophy, na Bulgária. Foi a quinta medalha dela em competições internacionais, a primeira de ouro.
Quem diria que seríamos os melhores das Américas no pólo aquático? Sim, o time masculino venceu a Copa Uana, batendo o Canadá e se classificando para o Mundial da modalidade que ocorre em julho, também na Bulgária.
Quem diria que superaríamos os Estados Unidos nas praias deles? Sim, as duplas brasileiras do vôlei de praia ganharam ouro e prata, tanto no masculino como no feminino, nas areias de Fort Lauderdale. Foi o 60º título da Larissa em etapas do Circuito Mundial.
Agora imagina se tivéssemos rings de patinação adequados, se não tivéssemos escândalos em confederações como é o caso da CBDA, que rege os esportes aquáticos, se tivéssemos centros tecnológicos mais avançados para analisar e melhorar desempenho dos competidores, se as empresas acreditassem mais no nosso potencial e investissem não pensando em um ciclo, mas em três ou quatro, parcerias que durassem 20 anos. Muito provavelmente esses feitos seriam mais comuns, viríamos mais vezes nossa bandeira no alto dos pódios espalhados pelas competições. Devemos aplaudir de pé a força de vontade, a persistência que nossos atletas têm em ser ótimos naquilo que fazem.

Esta coluna foi publicada originalmente dia 20/02/17

Sorteio da Copa Sul-americana é favorável para brasileiros

Publicado  quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Nesta segunda-feira (31), foi realizado na sede da CONMEBOL, no Paraguai, o sorteio da primeira fase da Copa Sul-americana. Seis equipes brasileiras participarão do segundo torneio mais importante do continente, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Ponte Preta, São Paulo e Sport Recife.
De certa forma, o sorteio foi bom para os times brasileiros, já que quase todos jogarão a primeira partida do mata-mata em casa, podendo levar uma vantagem no placar agregado para o embate de volta.
O Corinthians jogará contra o tradicional Universidad de Chile, o mais conhecido dos adversários brasileiros. mas que terminou em sétimo no último apertura. O Timão terá seu primeiro confronto em Itaquera e depois viaja até Santiago.
Já o Cruzeiro pega o Nacional (PAR), que não apresentou um bom futebol no último campeonato local. A Raposa faz o primeiro jogo no Mineirão e define seu destino na capital Assunción.
A equipe do Fluminense terá o Liverpool (URU) no começo de sua jornada. O time das Laranjeiras joga a primeira em casa, ainda sem local definido, e vai até Montevidéu para tentar avançar de fase.
A Ponte Preta terá os argentinos do Gimnasia como seu adversário. A Macaca, que já foi finalista da competição em 2013, vai ter o Moisés Lucarelli como trunfo para a primeira partida e decide a volta na cidade de La Plata.
Único representante do Nordeste, o Sport recebe os uruguaios do Danubio no Recife e fazem o jogo da volta contra a pressão da torcida rival, que virá empolgada pelo terceiro lugar no campeonato nacional mais recente.
Por fim, o São Paulo será o único que fará a primeira partida fora de casa e decidirá no Morumbi, mas enfrentará o desconhecido Defensa Y Justicia, time de pouca expressão na Argentina e que não deve apresentar maiores dificuldades.
Vale lembrar que o regulamento do torneio mudou para este ano, com um calendário mais longo e novo formato de confrontos. Nessa primeira fase, serão 22 embates, que ocorrerão entre os dias 28 de fevereiro e 1 de junho. Em seguida, juntarão aos vencedores mais dez equipes vindas da Copa Libertadores para realização de um novo sorteio dos encontros de 16 avos de final. A partir daí, o campeonato segue em eliminatórias no sistema ida e volta até as finais nos dias 6 e 13 de dezembro.
Nesta primeira fase, há cinco clubes que já foram campeões: Arsenal de Sarandí (2007), LDU (2009), Independiente (2010), Universidad de Chile (2011) e São Paulo (2012).
Além de um título interclubes continental, o vencedor terá o direito de disputar a Recopa Sul-americana contra o ganhador da Libertadores, garantirá vaga já na fase de grupos da Libertadores do ano seguinte e jogará a Copa Suruga contra o campeão japonês.