Guerreiros campeões

Publicado  quarta-feira, 17 de junho de 2015

Tenho de confessar que basquete não é um dos meus esportes favoritos, a não ser quando é campeonato mundial ou olímpico. No entanto, é notável a quantidade de fãs dessa modalidade aqui no Brasil, principalmente com a NBA. Não à toa, há tantos canais que adquiriram os direitos de transmissão da competição. E há muito tempo que uma final não era tão comentada e tão esperada como a que foi dessa temporada, com o Golden State Warriors vencendo o Cleveland Cavaliers por 4 a 2 na série de sete jogos.
O Golden State foi o melhor time e teve o armador Stephen Curry como MVP da temporada regular. Contra o gênio da atualidade, LeBron James, capaz de atuações memoráveis e quase levar o time sozinho nas costas a um título inédito.
A conquista da equipe de Oakland foi mais que merecida, já que duas vitórias da série foram na casa do adversário, incluindo o último jogo, ontem, por 105-97. Teve outro jogador eleito o MVP das finais, Andre Iguodala. O triunfo da franquia não vinha há 40 anos e mantém o jejum dos Cavs por mais uma edição. De quebra, Leandrinho, mesmo reserva do Warriors, tornou-se o segundo brasileiro campeão da NBA, o primeiro foi Thiago Splitter, ano passado, com o San Antonio Spurs.
O que mais interessa é que, no ano que vem, todos esses nomes citados estarão nos jogos olímpicos no Rio, próximos ao público brasileiro, juntamente com Kyrie Irving e Anderson Varejão, que estavam contundidos e não puderam ajudar LeBron, além de Kevin Durant, James Harden, Anthony Davis, Dwight Howard e Chris Paul, que certamente farão parte do Dream Team americano. Ainda tem os irmãos Gasol jogando pela Espanha.
Apesar dos Estados Unidos serem sempre favoritos ao ouro, e nesta vez não será diferente, será uma grande competição, com o Brasil candidato a ser protagonista e pleitear um lugar ao pódio. Feliz de quem poderá ver esses astros em ação.

A partir desse post, faltando pouco mais de um ano para o Rio-2016, vou dar mais atenção para a preparação olímpica, mostrando atletas e equipes que poderão ser notícia com suas conquistas e feitos no evento que reúne os melhores de cada modalidade num só local. E eu estarei lá, para contar, in loco, algumas dessas histórias. Sem deixar de falar do futebol tradicional e outros esportes que não fazem parte do universo olímpico.

Quando a política interfere no esporte

Publicado  terça-feira, 2 de junho de 2015

Eu tenho uma conduta de relatar/comentar fatos que considero mais relevantes dentro do mundo esportivo, pura e simplesmente esporte. Apesar de entender que não é uma esfera isolada, que há grande influência, principalmente, da política e da economia dentro desse meio, não gosto de comentar esse lado dos bastidores, que envolvem dirigentes, patrocinadores, escândalos, dopings. Isso não significa uma alienação ou falta de engajamento, acompanho o máximo de notícias que trafegam nesse ambiente, mas há outros companheiros de imprensa mais envolvidos e que relatam os ocorridos com a devida competência. A minha torcida é que sempre o esporte sirva de exemplo, de preferência positivo, para outros segmentos da sociedade.
No entanto, é impossível dissociar o que vem acontecendo desde a semana passada, culminando com a renúncia de hoje do presidente da FIFA, órgão máximo do futebol, Joseph Blatter.
Denúncias de corrupção, compra e venda de votos em escolhas de sedes de Copas do Mundo, desvio de dinheiro, sonegação de impostos. Os crimes são os mais variados e, ao que aparenta, todos os principais dirigentes da entidade estão envolvidos. Na última quarta-feira, sete dirigentes foram presos numa ação conjunta do FBI e da polícia da Suíça, entre eles José Maria Marin, ex-presidente da CBF. Isso vem provocando mais denúncias e vazamentos de documentos. A Polícia Federal do Brasil e o Ministério Público passaram a agir internamente, atrás das contas de Ricardo Teixeira e outros cartolas que possam estar envolvidos em casos de corrupção interna ou desvios referentes à Copa do ano passado.
Em seguida, houve a eleição, que Blatter venceu e faria seu quinto mandato. A UEFA ameaçou boicote ao mundial de clubes, especulou-se também de uma não participação no Mundial de 2018. Os europeus declararam apoio ao candidato de oposição, o príncipe da Jordânia Ali bin Al-Hussein. 
Mas essa reeleição seguida da renúncia pode ser considerada uma manobra política do próprio Blatter, para enfraquecer a oposição e dar tempo de criar um candidato da situação para a continuidade, já que o presidente ainda continuará exercendo suas funções até uma reunião extraordinária do Comitê Executivo, que deve acontecer entre dezembro e próximo março. Se tivesse desistido da candidatura, fatalmente, o opositor restante venceria.
Muitas dúvidas pairam a respeito de todo o ocorrido.
A política de inclusão de todos os países à FIFA, levando a Copa do Mundo em lugares com pouca ou nenhuma tradição futebolística, África do Sul, Rússia e Qatar, é realmente benéfico ou faz com quem já esteja no poder se perpetue ainda mais tempo? Uma vez que o voto é igualitário, independentemente do tamanho do país ou da importância dele no futebol, e nações menores acabam escolhendo nomes mais conhecidos em troca de contribuições monetárias.
Blatter renunciou porque já não encontrava mais respaldo de dirigentes que se encontram abaixo na hierarquia e se "cansou" após 40 anos de serviços prestados ou sabe que uma hora ou outra vai sobrar para ele, já que até Jerome Valcke, secretário geral, está envolvido no repasse de dez milhões de dólares da África para federações caribenhas? A renúncia amenizaria uma possível acusação, traria de volta o dinheiro?
Como ficam as competições organizadas pela entidade daqui para frente? Os contratos assinados? Os patrocinadores tem relação com os casos apresentados até agora?
Por que veio à tona esse escândalo às vésperas da eleição? Ninguém sabia disso antes ou é uma forma de oportunismo para atender outros interesses ocultos? De quem seria esses interesses?
Ao que cabe aos Estados Unidos, isso foi porque mexeram nos cofres e sentiram o golpe ou, além disso, tem o fato das próximas Copas serem realizadas em um país historicamente rival (arque inimigo) e um país árabe, respectivamente?
Qual o impacto desse episódio para os lados de cá? Quem estaria no meio da história?
O fato é que o futebol está em descrédito, há muito tempo vem sido afetado, antes num âmbito nacional, agora de forma generalizada. Já era difícil de aceitar as 'trambicagens' feitas por empresários, dirigentes e outros figurões dentro do universo que tínhamos mais acesso, por isso que o futebol brasileiro vem decaindo e se deteriorando, prova disso é só assistir o campeonato local. Mas a situação agora vai mostrando as ruínas de uma rede de corrupção mundial. Se isso vai trazer algum benefício ao esporte ou, depois de um tempo, as coisas vão sossegar e as forças conservadoras voltarão ao poder e à normalidade, ainda vai demorar para saber o desfecho.
Volto a repetir. Que o futebol sirva de exemplo para outros segmentos da sociedade, que sejam punidos os culpados e justiça seja feita, mas que, principalmente, o futebol volte a ser um grande orgulho e motivo de festa, afinal tem torneios importantes acontecendo e o espetáculo continua, aqui, na Europa ou em qualquer lugar do planeta.