Ontem o mundo todo acompanhou o desfecho que consagrou a Alemanha tetracampeã mundial, merecidamente, com a vitória, na prorrogação, contra a Argentina por 1 a 0, no Maracanã. Vimos a supremacia do futebol planejado com mais de uma década de trabalho e investimentos certos se consumando.
A Copa foi o um grande acontecimento correspondendo às expectativas do maior evento esportivo.
Quantos críticos e jornais estrangeiros que temiam pela organização, segurança, estádios tiveram que se render à hospitalidade, alegria e calor humano dos brasileiros. Pudemos mostrar ao mundo que somos capazes de organizar uma grande competição, à nossa maneira, e que passa uma impressão de ter sido bem feita, mesmo com problemas, a ponto de deixar todos com saudades antes de acabar.
Pessoas que nunca foram a estádios por medo de violência, tiveram uma oportunidade de vivenciar essa experiência, com golaços como o de Van Persie na goleada da Holanda contra a Espanha, o de Cahill na difícil derrota da Austrália contra a própria Holanda, ou o de James Rodríguez nas oitavas contra o Uruguai, na minha opinião os três gols mais bonitos do torneio. As histórias mais incríveis foram contadas, filmadas e relatadas. Mesmo com tantos gols bonitos, os goleiros tiveram grandes destaques com defesas e atuações espetaculares. Heróis surgiram como foi a Costa Rica, outros foram desfeitos como a, então campeã, Espanha. Personagens protagonizaram partidas inesquecíveis. Messi, Müller, Navas, Neymar, Cristiano Ronaldo, Howard, Robben, Suárez, Pinilla, Zuñiga. Vimos Miroslav Klose se tornar o maior artilheiro da história das Copas, justamente contra nós. Vimos um vexame maior que o Maracanazo de 1950, muito mais doloroso e marcante, que jamais se apagará. Um final tragicômico para o brasileiro escolher por quem torcer: ou era quem havia lhe aplicado a maior goleada de sua história, um sonoro 7 a 1, ou era o seu maior rival, "su Papá" Argentina, que trouxe cantos para as arquibancadas e estimulou a criatividade do brasileiro para criar seus próprios gritos.
Gente do mundo inteiro se reuniu para torcer e celebrar o esporte em nossa casa. Houve uma invasão de latino-americanos fervorosos que entoavam seus cantos nos estádios. Europeus e toda sua pompa vieram em peso. Norte-americanos, asiáticos, africanos e oceânicos também marcaram presença. Gente inclusive que não tinha seu país representado na Copa, mas que mesmo assim veio prestigiar, torcer pelo Brasil.
Aliás torcer pelo Brasil passou a ser um exercício feito pelos brasileiros, que tinham desacostumado a gritar juntos por um gol, sofrer numa partida dura e cantar o hino nacional. Sabiámos que não erámos favoritos, mesmo assim, quando começou a Copa, vestimos a camisa, juntamos famílias, amigos, conhecidos para festejar ou chorar, pintamos ruas e calçadas, enfeitamos casas, carros e comércios com nossa bandeira. Juntamos todos numa celebração, fosse dentro de metrô ou ônibus, fosse nas praias, nas Fan-Fest, nas ruas.
A expressão "a Copa das Copas" nunca caiu tão bem. Merecemos uma Copa dessas. Para quem não viveu 50, podemos dizer para as próximas gerações que vivemos na nossa casa um grande acontecimento e que essa Copa foi nossa. É difícil acostumar com a rotina sem esses jogos incríveis. Mas um evento desse só é especial porque é um mês a cada quatro anos. Então que venha logo Rússia 2018! 


 
 

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