Final à mineira, Tricolor na semi

Publicado  quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Nesta quarta-feira (05), foram definidos os finalistas da Copa do Brasil. Depois de duas semifinais emocionantes, o Cruzeiro avançou com o empate em 3 a 3 fora de casa contra o Santos, depois de ter vencido o primeiro jogo por 1 a 0. No outro confronto, o Atlético-MG atropelou o Flamengo com o placar de 4 a 1 no Mineirão, poderia ter sido até mais, superando a desvantagem de 2 a 0, obtida pelos cariocas no Rio.
Falar em clássico Atlético-MG x Cruzeiro, já por si próprio, seria um jogo incrível, que não precisa de motivação para um grande duelo, mas, como se não bastasse toda a história, vão decidir a Copa do Brasil de forma inédita. Os dois times, que vêm dominando o cenário nacional desde o ano passado, vão fazer o fatídico estádio do Mineirão, do eterno 7 a 1, tremer de emoção, podendo ser lá o lugar de ressurgimento do futebol brasileiro.
Interessante as campanhas dos dois times até agora. Ambos já entraram nas oitavas. A Raposa chegou sorrateira, passando pelo inexpressivo Santa Rita de Alagoas, depois com dificuldades pelo ABC, até chegar contra o Santos. Diferentemente, o Galo teve adversários mais tradicionais, venceu bem o Palmeiras, depois teve que se superar igualmente contra Corinthians e Flamengo, tendo perdido o primeiro jogo fora por 2 a 0 e se recuperando em casa, fazendo o 4 a 1, depois de tomar o primeiro gol e quase deixando seu torcedor sem esperanças. Ambos chegaram com descrição e lutas, características mineiras.
Os motivos para essa conquista de ambas as partes são muitos: o Cruzeiro almeja a Tríplice Coroa nacional, depois de ter ganho o Mineiro e estar encaminhado o título do bicampeonato nacional, estando na liderança cinco pontos a frente do segundo, faltando seis rodadas, a Copa seria a cereja no bolo de um ano espetacular e consagração de um trabalho bem feito. Além disso, pode se tornar o maior campeão dessa competição, se isolando com cinco conquistas, uma a mais que o Grêmio. E há a possibilidade de tirar o rival de uma vaga para a Libertadores do ano que vem. Pelo lado atleticano, cabe não dar o gosto das três conquistas ao adversário, feito já conseguido em 2003, busca um título que ainda não possui, aliás nunca havia chegado na final, já provou que é possível reverter resultados adversos dentro da competição, quer salvar o ano, depois de perder o estadual e ser eliminado nas oitavas da Libertadores pelo Atlético Nacional da Colômbia.
O time colombiano, aliás, será o oponente do São Paulo na semifinal da Copa Sulamericana. Mais uma vez o Tricolor Paulista mostra sua força em competições internacionais. Pelo terceiro ano seguido chega às semifinais, tendo ganho o título em 2012 e sido eliminado pela Ponte Preta ano passado. Ontem jogou contra o Emelec, no Equador, perdeu por 3 a 2, em um jogo com duas viradas, mas como tinha vencido no Morumbi por 4 a 2, ficou com a vaga pelo saldo de gols. Em 2013, enfrentou e eliminou o mesmo Atlético Nacional nas quartas. Os colombianos se classificaram com duas vitórias por 1 a 0 no Univ. Cesar Carrillo do Peru e tem em seu goleiro o principal destaque da equipe. O São Paulo é favorito para passar à final e com possibilidade de pegar Boca Juniors, River Plate, Estudiantes ou Cerro Porteño, todos adversários tradicionalíssimos no continente.
O Tricolor se empenha para conquistar um título no ano, que se torna cada vez mais importante, pela afirmação do time brasileiro com mais triunfos internacionais, seria o décimo terceiro, pela breve volta do ídolo Kaká, pelo M1T0 e capitão Rogério Ceni, que vai se aposentar e nada melhor para encerrar a carreira vitoriosa do que com esse bicampeonato, pela possibilidade de disputar outros campeonatos internacionais em 2015, incluindo a Libertadores, pela dupla recuperação de Muricy Ramalho, que veio ano passado para salvar o time de um rebaixamento eminente e que esse ano foi internado com problemas cardíacos no meio da temporada, pelo que vem jogando o time inteiro.

Como precisávamos de uma Copa!

Publicado  segunda-feira, 14 de julho de 2014

Ontem o mundo todo acompanhou o desfecho que consagrou a Alemanha tetracampeã mundial, merecidamente, com a vitória, na prorrogação, contra a Argentina por 1 a 0, no Maracanã. Vimos a supremacia do futebol planejado com mais de uma década de trabalho e investimentos certos se consumando.
A Copa foi o um grande acontecimento correspondendo às expectativas do maior evento esportivo.
Quantos críticos e jornais estrangeiros que temiam pela organização, segurança, estádios tiveram que se render à hospitalidade, alegria e calor humano dos brasileiros. Pudemos mostrar ao mundo que somos capazes de organizar uma grande competição, à nossa maneira, e que passa uma impressão de ter sido bem feita, mesmo com problemas, a ponto de deixar todos com saudades antes de acabar.
Pessoas que nunca foram a estádios por medo de violência, tiveram uma oportunidade de vivenciar essa experiência, com golaços como o de Van Persie na goleada da Holanda contra a Espanha, o de Cahill na difícil derrota da Austrália contra a própria Holanda, ou o de James Rodríguez nas oitavas contra o Uruguai, na minha opinião os três gols mais bonitos do torneio. As histórias mais incríveis foram contadas, filmadas e relatadas. Mesmo com tantos gols bonitos, os goleiros tiveram grandes destaques com defesas e atuações espetaculares. Heróis surgiram como foi a Costa Rica, outros foram desfeitos como a, então campeã, Espanha. Personagens protagonizaram partidas inesquecíveis. Messi, Müller, Navas, Neymar, Cristiano Ronaldo, Howard, Robben, Suárez, Pinilla, Zuñiga. Vimos Miroslav Klose se tornar o maior artilheiro da história das Copas, justamente contra nós. Vimos um vexame maior que o Maracanazo de 1950, muito mais doloroso e marcante, que jamais se apagará. Um final tragicômico para o brasileiro escolher por quem torcer: ou era quem havia lhe aplicado a maior goleada de sua história, um sonoro 7 a 1, ou era o seu maior rival, "su Papá" Argentina, que trouxe cantos para as arquibancadas e estimulou a criatividade do brasileiro para criar seus próprios gritos.
Gente do mundo inteiro se reuniu para torcer e celebrar o esporte em nossa casa. Houve uma invasão de latino-americanos fervorosos que entoavam seus cantos nos estádios. Europeus e toda sua pompa vieram em peso. Norte-americanos, asiáticos, africanos e oceânicos também marcaram presença. Gente inclusive que não tinha seu país representado na Copa, mas que mesmo assim veio prestigiar, torcer pelo Brasil.
Aliás torcer pelo Brasil passou a ser um exercício feito pelos brasileiros, que tinham desacostumado a gritar juntos por um gol, sofrer numa partida dura e cantar o hino nacional. Sabiámos que não erámos favoritos, mesmo assim, quando começou a Copa, vestimos a camisa, juntamos famílias, amigos, conhecidos para festejar ou chorar, pintamos ruas e calçadas, enfeitamos casas, carros e comércios com nossa bandeira. Juntamos todos numa celebração, fosse dentro de metrô ou ônibus, fosse nas praias, nas Fan-Fest, nas ruas.
A expressão "a Copa das Copas" nunca caiu tão bem. Merecemos uma Copa dessas. Para quem não viveu 50, podemos dizer para as próximas gerações que vivemos na nossa casa um grande acontecimento e que essa Copa foi nossa. É difícil acostumar com a rotina sem esses jogos incríveis. Mas um evento desse só é especial porque é um mês a cada quatro anos. Então que venha logo Rússia 2018!

Ansiedade e convocação

Publicado  sexta-feira, 30 de maio de 2014

Já há algum tempo o assunto tem se intensificado, mas agora, praticamente, não há outro no meio esportivo. Falta menos de duas semanas para o começo da Copa do Mundo e gostaria de dividir meus sentimentos nesse momento importante.
Estou empolgado com o maior evento de um esporte único do planeta acontecendo na nossa casa. Terei a oportunidade de acompanhar cinco jogos da primeira fase, infelizmente nenhum do Brasil, e mais infelizmente ainda, nenhum da fase de playoff. Verei Uruguai x Costa Rica, Irã x Nigéria, Suíça x França, Costa Rica x Inglaterra e Coreia x Bélgica. Terei a oportunidade de ver grandes jogadores como Luis Suárez, Edinson Cavani,Wayne Rooney, Franck Ribéry e Karim Benzema. Verei três campeões mundiais em ação, acompanharei sulamericanos, centro-americanos, europeus, africanos e asiáticos. Passarei por aeroportos, rodoviárias, hotéis, estádios novos. Trarei todas as impressões da experiência.
E gostaria de fazer uma convocação aos brasileiros.
Entendo o momento histórico pelo qual passamos, a oportunidade de chamar a atenção do mundo e dos nossos políticos para a falta de prioridade para coisas triviais que deveriam existir no nosso país: educação, saúde, transportes, igualdade social, melhores condições de trabalho, a punição pela corrupção, o não-uso de dinheiro público para construir estádios tão monumentais quanto suas contas. Entendo que ano passado, na Copa das Confederações, serviu para acordar toda a população e incentivar os protestos por melhorias e que, esse ano, será ainda mais forte tal movimento. Que bom.
Mas... apesar de tudo, pense na enorme festa que teremos em casa. Todos os continentes serão representados aqui. Se tiver contato com algum estrangeiro, receba-o bem, faça-o se sentir bem, confortável, que ele tenha vontade de voltar e trazer amigos. Nos jogos do Brasil, se você não estiver trabalhando, reúna a galera para fazer um churrasco, vá para um lugar com bastante gente, ao sair um gol, comemore, berre, abrace quem nem conhece. Pinte ruas e muros de verde e amarelo. Saia de casa com a amarelinha, com bandeira, cante o hino a plenos pulmões, se emocione, torça como se fosse sua última Copa. Se uma seleção ficar concentrada por perto, divida um pouco de sua torcida com ela. Estaremos com quase todos os melhores jogadores do mundo circulando em nossos gramados e cidades. Chame a torcida de fora para entrar no samba, reveja gente que não via há tempos, conheça gente nova. Caso vá aos estádios, pule, faça a festa, dê tchau se aparecer na câmera, o mundo inteiro estará assistindo, se fantasie, pinte o rosto, respeite as regras, não deprede a construção (lembra que tem dinheiro seu nela?).
Pense que será uma oportunidade única de aproveitarmos todo esse clima, toda essa empolgação. Eu gostaria que, ao passar tudo isso, possamos olhar para trás e nos orgulhemos de termos feito um evento grandioso, digno de sua história, tendo consagrado um campeão mundial com todas as honras (torcendo para que seja o Hexa do Brasil).