Melhor campanha do judô ainda é fraca

Publicado  quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Hoje, Mayra Aguiar conquistou a quarta medalha brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres, a terceira do judô. Ela foi bronze na categoria até 78 kg. Apesar da pouca idade, 21 anos recém completados, ela já acumula na bagagem duas Olimpíadas de experiência. Mayra é recordista de medalhas em campeonatos mundiais juniores, quatro, já tem duas em mundiais seniors. Ela venceu, na repescagem, a judoca holandesa Marhinde Verkerk com um belíssimo ippon (reveja a luta). Mayra tinha perdido na semifinal para a americana Kayla Harisson, por um ippon de chave de perna e por um yuko, que a desestabilizou na luta. Acabou machucando o ombro, mas conseguiu ter forças para se recuperar e conquistar a medalha de bronze, seu presente de aniversário.
A judoca ajudou na melhor campanha que o Brasil já teve na modalidade. Antes disso, a melhor participação brasileira tinha sido em Los Angeles-1984, com uma prata e dois bronzes. A atual já tem um ouro e dois bronzes. É um grande feito para a Mayra, que tem uma brilhante carreira pela frente e acredito que mais três ciclos olímpicos antes de começar a pensar em se aposentar. É bom saber que o Brasil está evoluindo e que os investimentos feitos no esporte estão sendo justificados. Prova disso é que o país, juntamente com o Japão e a França, foram os únicos que trouxeram atletas em todas as categorias, além da Grã-Bretanha, por ser sede. Nunca o Brasil tinha mandado 14 atletas, sete masculinos e sete femininos. E ainda pode ganhar mais uma medalha amanhã com Rafael Silva. Mas essa participação nestes Jogos foi um pouco decepcionante, ao meu ponto de vista. Explico:
O país mandou para Londres um time que tinha um atleta entre os Top10 em onze categorias, incluindo os líderes do ranking de suas respectivas categorias, Leandro Guilheiro e a própria Mayra Aguiar. Antes, a delegação conseguiu mandar judocas a todas principais competições, Grand Slam, Copa do Mundo, Mundial, Pan-Americano. Fez períodos de treinamento com seus principais concorrentes, França e Japão. Teve vitórias importantes contra concorrentes do mundo inteiro em finais significativas. 
Dentre os homens, mandou um time que mescla experiência de edições passadas, como Tiago Camilo, Luciano Correia e Leandro Cunha, com jovens como Felipe Kitadai, que talvez fosse o que tinha menos esperança ao lado de Bruno Mendonça, mas que até agora foi o único que conquistou um lugar no pódio. 
Já pelas mulheres, a geração é bem mais nova, com a Erika Miranda, de 25 anos, sendo a mais experiente. Então, me parece que foi uma aposta acertada levá-las agora para ter mais bagagem para competir em casa daqui quatro anos. Mesmo assim tiveram um desempenho satisfatório. Era esperado, talvez, uma inversão de medalhas entre a Mayra e a Sarah Menezes, que nos trouxe o único ouro brasileiro, até o momento. As demais, poderia se falar da Rafaela Silva e da própria Erika, mas seria pedir muito e se incluir Mariana Silva, Maria Portela e Maria Suelen, que ainda compete amanhã, é um pouco de covardia e muita pretensão.
Prova do que estou falando, basta ver o quadro de medalhas da modalidade. Japão e França são as que possuem maior número de conquistas, seis cada. O Brasil tem apenas metade. Surpreendentemente, nenhum dos países acima lidera, quem ocupa o posto mais alto é a Rússia com três ouros e um bronze. Seguida pela Coreia do Sul, com dois ouros e um bronze. Mesmo a escola russa ter vindo das grandes conquistas soviéticas, o judô vem passando por uma reformulação e pode ser colocado num patamar parecido com o do Brasil, muito por conta das condições financeiras do país.
Ficou claro o aspecto psicológico presente (ou no caso brasileiro, ausente) dos atletas, a destreza para encaixar um melhor golpe, a esperteza para livrar-se de uma pegada na manga, a frieza para reverter um placar adverso.
É obvio que, visando continuar como referência no esporte e as Olimpíadas Rio-2016, o trabalho está sendo bem preparado, tem dado resultado, mas há pontos-chave para melhorar, muito o que treinar e competir e tem que ter um prosseguimento contínuo do que está dando certo. Mas o balanço geral, foi um pouco abaixo do que eu esperava. Gostaria de ter visto mais atletas chegando até semifinais, lutas finais de repescagem e, claro, mais alguma medalha. Isso pode melhorar com os resultados de amanhã, mas a análise serve como um parâmetro geral da situação.

2 comentários:

Anônimo disse...

Juvenal concordo plenamente meu velho!
Eh tudo verdade, mas essa nao eh a 1a Olimpiada que levamos campeoes MUNDIAIS, ou atletas mto bem colocados no ranking, e temos um resultado tao adverso. O fato eh q o Brasil ainda nao sabe ter sangue frio, principalmente em fases finais de competicao. Outro exemplo claro disso eh a selecao feminina de futebol.

Uma vez gnocho, sempre gnonho!
Hehehehe

Juvenal Dias disse...

O judô é só mais um exemplo dessa fraqueza mental. Só gostaria de saber qual gnocho que escreveu o comentário, mas mesmo assim obrigado por prestigiar o texto.