A final dos sonhos é adiada... de novo

Publicado  quarta-feira, 13 de maio de 2015

Morata é o responsável da Juventus por postergar mais um ano a tão esperada final de Champions League entre os maiores times do planeta, Barcelona e Real Madrid. Justamente o atacante que foi revelado pelo time madrilenho foi o carrasco que os eliminou da decisão que ocorrerá dia 6 de junho, em Berlim.
O desejo da UEFA e de todos amantes do futebol seria ver essa "final dos sonhos", tanto que desde as semifinais da temporada 2011-12, eles vêm sido sorteados de lados opostos do chaveamento para chegarem juntos à final, mas mais uma vez não deu certo e terá que esperar outro ano para o tira-teima entre Messi e Cristiano Ronaldo.
Quando a bola saiu dos pés de Pirlo, numa falta pela direita, foi dividida entre Casillas e Chiellini, o mesmo Chiellini que tinha causado o pênalti (inexistente) no primeiro tempo convertido por Cristiano Ronaldo, ninguém poderia esperar que o rebote seria posto novamente na área, viajando até a cabeça de Pogba e servindo de assistência para o camisa 9 da Juve, que dominou no peito e bateu forte para baixo, Casillas ainda tocou, mas não foi suficiente. Gol de artilheiro, gol da classificação italiana, gol que impossibilita os merengues de defender o título conquistado na última temporada, os impede de ir atrás da décima primeira.
A Vecciha Signora volta a uma final de campeonato europeu depois de 12 anos, quando perdeu nos pênaltis para o Milan. Mais que isso, volta a ser triunfante no cenário europeu depois de ter passado por escândalos de manipulação de resultados, ter sido rebaixada no campeonato local, passar por um processo de reconstrução, incluindo um estádio novo. O time, que já vinha dominando o campeonato italiano nos últimos anos, tem a oportunidade de conquistar a competição continental pela terceira vez, feito que não ocorre há 19 anos. Isso passa muito pelos pés de Carlitos Tévez, que está jogando muito e é o símbolo dessa retomada, é o segundo argentino hoje, atrás apenas de Messi, e pelas mãos de Buffon, que viveu as glórias e decepções recentes do time, mas que lhe falta apenas esse troféu em sua vasta galeria.
A eliminação do Real Madrid ocorre em pleno Santiago Bernabeu, com um resultado agregado de 3-2 e com o time não tendo rendido tudo o que poderia, muito por mérito da tradicional escola de marcação italiana. O trio BBC esteve muito a baixo de outros tempos, com Cristiano Ronaldo tendo feito os dois gols do confronto, Bale correndo demais e Benzema voltando, mas não sendo decisivo. Com essa saída, o Real terá grandes chances de ficar sem nenhum título expressivo na temporada, já que empatou no último fim de semana pelo espanhol e deixou o rival Barça abrir quatro pontos, faltando duas rodadas, e está fora da final da Copa do Rei.
O Barcelona que fez sua parte, ao massacrar o Bayern de Munique em casa por 3 a 0 e, ontem, fazendo mais dois na casa do adversário, mesmo tendo sofrido três. O trio MSN tem funcionado muito bem, está completamente entrosado e em sua melhor forma na temporada. Messi, Suárez e Neymar já bateram recorde de gols em uma temporada com mais de 100 tentos. É o time que pode ter a tríplice coroa, que já pode começar neste fim de semana, se ganhar do Atlético de Madrid pelo espanhol. É favoritíssimo contra o time italiano em junho.
Essa final possibilita duas coisas interessantes: o trio MSN poderá ser indicado aos melhores do ano, mas é quase certo que Messi voltará a ser considerado o melhor, isso passa necessariamente pela conquista europeia e uma boa campanha da Argentina na Copa América. E novamente haverá o confronto entre Chiellini e Suárez, aquele da famosa mordida na última Copa, aqui no Brasil.

Os fins dos estaduais

Publicado  segunda-feira, 4 de maio de 2015

Quando o ano do futebol começou, os campeonatos estaduais sofreram mais críticas por serem torneios longos, pouco atrativos para o público, com regulamentos esdrúxulos, muitos defendem não ter mais esse tipo de competição, ser substituído por inter-regionais como tem a Copa do Nordeste, que tem sido um sucesso. Mas isso vai até quando começa os momentos decisivos desses campeonatos, que toda a mídia e os torcedores se animam, os jogadores ficam mais tensos. Concordo que deveriam ser revistos na forma como são disputados, principalmente em sua extensão, mas são parte importante da história do futebol nacional e, por isso, digo vida longa aos estaduais!
Sendo assim, uma análise dos principais torneios pelo país e que tiveram suas finais nesse domingo.

São Paulo
Foi o campeonato que pude acompanhar, com uma final que seria surpreendente se dissesse que Santos e Palmeiras chegariam no início da temporada. Verdão com uma reformulação completa do time, que quase foi rebaixado no Brasileiro do ano passado e contratou 20 atletas. O Peixe tinha salários atrasados, não conseguia contratar ninguém, contou com a volta de Ricardo Oliveira e reviveu um time que fez sucesso no passado com Robinho, Renato e Elano além dos novos meninos da Vila, que sempre trazem velocidade e qualidade em todos os setores.
A decisão teve todos os elementos emocionantes que uma final merece. No primeiro jogo, o Palmeiras jogou melhor, venceu por 1 a 0, mas teve um pênalti desperdiçado por Dudu. Jogando em seus domínios, o Santos se impôs e dominou o primeiro tempo, abrindo 2 a 0, vantagem necessária para ser campeão no tempo normal. Mas o mesmo Dudu foi expulso junto com Geuvânio e o alvinegro perdeu sua velocidade para contra-atacar na segunda etapa. O time da capital voltou melhor e conseguiu um gol com belo passe de Valdivia. Faltando dez minutos, o zagueiro alviverde Vitor Ramos foi expulso, aumentando a tensão do jogo. Por fim, nada mais nervoso que decidir nas cobranças de penalidades alternadas. A esperança verde era o mesmo Fernando Prass que tinha sido herói contra o Corinthians, na mesma situação, na semifinal. Mas o goleiro Vladimir, reserva do Santos, defendeu uma cobrança e a ineficiência de Jackson ao acertar o travessão decidiram a favor da equipe praiana, já que todos os cobradores santistas converteram seus chutes. Foi o sexto título em dez anos e o 21º geral, igualando o São Paulo. O Timão continua o maior vencedor com 27 conquistas e em segundo vem o Palmeiras, com 22.
O Santos ganha com todos os merecimentos de um campeão, apesar de não ter feito a melhor campanha na fase inicial, ficando atrás do Corinthians apenas, teve somente uma derrota até chegar à final, teve o ataque mais eficiente e positivo da competição, seu atacante Ricardo Oliveira foi artilheiro isolado, isso aos 34 anos. A equipe soube superar adversidades que encontrou pelo caminho, tal como perder jogadores por não ter dinheiro para pagá-los, a mudança de técnico no meio do torneio, apostando no assistente Marcelo Fernandes, "prata da casa", que o elenco confiou, ou mesmo a ausência de alguns jovens talentos que serviram à Seleção de base e até quando seu goleiro principal se machucou, não podendo jogar e criando uma desconfiança sobre seu substituto, que defendeu a meta santista de maneira eficiente e foi herói. Tem um jogador decisivo e ganhador de títulos, completamente identificado com o clube, Robinho, que toda vez que volta, ergue taças e escreve seu nome como um dos grandes da história alvinegra. É um time que vem sabendo jogar essa competição, nos últimos anos são sete finais seguidas. Cresceu na hora certa, sendo imponente contra XV de Piracicaba e São Paulo, nas quartas e semifinal, respectivamente, e, depois, mais vibrante e alegre que seu adversário da final. Ganha moral para o restante da temporada e se credencia a novas conquistas.
Já o Verdão, tem sua alto-estima recuperada, voltou a brigar por títulos e dar orgulho ao seu torcedor, que lota e impressiona seu novo estádio com o programa bem sucedido de sócio-torcedor.

Rio de Janeiro
Um campeonato polêmico, em que os times que foram contra a Federação carioca, Flamengo e Fluminense, coincidentemente ficaram fora da final, perdendo para Botafogo e Vasco. O primeiro, recém rebaixado, o segundo, voltando de série B e com o presidente Eurico Miranda de volta ao comando.
Tirando esse lado, mais de 66 mil pessoas encheram o Maracanã, recorde de público no ano do futebol brasileiro, viram um bom espetáculo, com o time cruz-maltino não sentando na vantagem adquirida na primeira partida, vencendo o jogo por 2 a 1 e conquistando seu 23º título, doze anos após sua última conquista. Com o técnico Doriva, que havia ganhado o Paulistão do ano passado com o Ituano, e nomes como o zagueiro Rodrigo, Guiñazu e Dagoberto, o alvinegro da Colina pode fazer um bom papel no resto do ano, já o Fogão terá que concentrar suas forças para voltar à elite do futebol nacional.

Minas Gerais
A Caldense fez um excelente campeonato, com a melhor campanha, superando os tradicionais Cruzeiro e Atlético-MG, que tiveram de se enfrentar para apenas um ir à final. O Galo levou a melhor e teve a incumbência de evitar a zebra na decisão. Depois de um 0 a 0 no Mineirão, o segundo jogo em Varginha estava em aberto e a Caldense estava levando a melhor com o 1 a 1, mas Jô, depois de um ano de jejum sem gols, marcou um tento irregular validado pela arbitragem e deu o 43º título mineiro e a quinta conquista de diferentes torneios desde 2013.

Rio Grande do Sul
O tradicional Gre-Nal decidiu o campeão gaúcho. Mais de 41 mil pessoas bateram o recode do novo Beira-Rio para ver o pentacampeonato do Inter sobre o arquirrival, com uma vitória de 2 a 1. Apesar da boa iniciativa de criar um setor de torcida mista, o clássico de número 406 viu novamente cenas de violência entre vândalos. Foi a 44ª conquista colorada e o técnico Diego Aguirre foi o quarto estrangeiro a faturar um troféu no clube, fato que não acontecia desde 1950.

Outros
O Coritiba perdeu para o Operário, que venceu pela primeira vez o paranaense, com um resultado de 3 a 0, em pleno Couto Pereira.
Figueirense e Joinville esperam a decisão no "tapetão" para saber quem será campeão catarinense. Tendência de confusão.
Bahia goleou por 6 a 0 o Vitória da Conquista e sagrou-se campeão pela 46ª vez.
Fortaleza empatou com o Ceará por 2 a 2 e levou o campeonato, mas o destaque vai para a briga generalizada no final da partida.
O Santa Cruz, que tem uma das torcidas mais vibrantes, bateu o Salgueiro, no pernambucano.
Mesmo com o empate com o Aparecidense, o Goiás mantem sua hegemonia no estado.
Remo é bicampeão paraense, vencendo o Independente. 
Parabéns a todos os campeões!

Muita expectativa para pouca luta

Publicado  domingo, 3 de maio de 2015

Nesta madrugada de sábado para domingo, ocorreu a luta mais esperada dos últimos tempos no mundo do boxe, entre o invicto Floyd Mayweather e o filipino Manny Pacquiao, com vitória (contestável) do americano, que unificou os cinturões do Conselho Mundial, da Associação Mundial e da Organização Mundial de Boxe pelo peso meio-médio, este último pertencia ao desafiante.
Por se tratar de dois ícones do esporte conhecidos mundialmente, o tanto que se esperou para a luta acontecer, os valores astronômicos movimentados entre apostas e bolsas pagas, criou-se muita expectativa para ver um grande combate. Muitos chamaram de "luta do século". Outros falaram que não tinha uma luta tão grandiosa desde o fim da trilogia entre Muhammad Ali e Joe Frazier há 40 anos. Talvez um grande exagero. Mas a verdade é que a nobre arte merecia um embate mais empolgante do que o que foi visto na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas.
A luta, que era programada para doze rounds, teve alternância entre os dois lutadores de quem se portava melhor, por isso era difícil prever um resultado, ainda mais com uma diferença acentuada de pontuação, mas ninguém nunca chegou perto de nocautear o adversário. No fim, os juízes foram unânimes, com 118-110, 116-112 e 116-112 a favor do lutador da casa, que agora conta com 48 triunfos.
Previsivelmente, era para ser uma luta burocrática, por ter muito em jogo e lutas desse tipo terem um ar suspeito em torno do resultado. Tanto que Mayweather disse ao ser perguntado sobre a luta: "Eu não vou aqui dar palpite. Se ele se interessou mais pela luta, eu lutei de forma inteligente". De fato, se viu um Pacquiao tomando mais iniciativa e o americano contragolpeando mais, o que gera uma tendência a acreditar que "Pac-man" merecia mais a vitória. O auge da luta foi no quarto assalto, no qual o filipino encaixou uma sequência de golpes e empolgou o público presente.
Mas foi muito pouco de luta efetiva de ambos para o tanto que se falou desse combate. Nenhum dos dois saiu com sinais aparentes, cortes no supercílio, nariz sangrando, sequer um inchaço no rosto.
O boxe mostra-se ainda muito mais forte do que o tão famigerado UFC, basta ver o quanto de pessoas comentavam sobre o assunto nas redes sociais e quanto foi vendido de pacotes em Pay-Per-View. Mas a decepção também é proporcionalmente grande.