Quanto vale um clássico? Geralmente muito. Agora, quanto vale um clássico no começo da Libertadores? Vale um diagnóstico para a temporada e uma perspectiva de quanto os times podem ir longe.
O ano mal começou para o futebol brasileiro e já tiveram três clássicos paulistas que podem mostrar as pretensões de cada time esse ano. O Corinthians se mostra como o grande favorito e o time mais disposto a conquistar novamente o posto de melhor das Américas, venceu o Palmeiras na casa palestrina e passou fácil pela primeira fase da Libertadores contra o Once Caldas. O São Paulo vinha embalado no Paulista, mas no primeiro teste contra o Santos, na Vila Belmiro, esbarrou num 0 a 0 em que foi, na maioria do tempo, dominado pelas ações praianas e teve em seu goleiro, Rogério, o grande destaque.
Sendo assim, era de se esperar que, no encontro entre Corinthians e São Paulo, justamente pela primeira rodada da fase de grupos da Libertadores, o Timão fosse superior ao Tricolor, jogando em casa, com o time mais arrumado e com uma proposta mais ofensiva.
De fato o Corinthians ganhou por 2 a 0, na Arena Corinthians, e abriu boa vantagem no grupo da morte. Mas foi muito mais que isso, mais que os gols de Elias e Jadson, um em cada tempo, foi uma lição de quem está atualizado com o futebol mundial em cima de quem teve medo e abdicou de atacar.
Tite, em sua volta ao Corinthians, soube entender a características dos jogadores que tinha em mãos e armou um sistema tático em que consegue se defender perfeitamente, como um time que não quer jogo, mas, principalmente, sabe atacar com uma eficiência sem igual, que é letal em qualquer partida e tem que ser muito bem estudada para se quebrar esse sistema. O tal do 4-1-4-1, armado sem a presença de um centroavante de ofício, ocupou todos os espaços do campo e contou com a extrema vontade e dedicação de todos para atacar de forma envolvente e defender com dez atrás da linha da bola, o que não permitiu nenhum lance de perigo contra sua meta.
Por outro lado, Muricy Ramalho mudou o esquema no qual vinha jogando, recuando o meia Michel Bastos para a lateral esquerda e acrescentando um volante a mais para compor o sistema defensivo. O resultado foi desastroso, com todos os integrantes da defesa batendo cabeça e apenas um meia para criar jogadas para os dois atacantes, o que tornava o jogo previsível, fosse com ligação direta, fosse com o Ganso armando as jogadas.
A vontade, a gana de vitória apresentada pelos jogadores do Timão, faltou aos atletas do Tricolor, como admitiu o próprio Muricy. Um, jogou como se fosse o jogo mais importante da temporada, o outro, como se fosse um jogo de cumprir tabela num campeonato sem importância. Por mais que o segundo gol tenha sido injusto, já que houve falta no começo do lance que originou o gol, o Corinthians já estava em vantagem, como bem enxergou o jogo o capitão Rogério Ceni na entrevista após o jogo. De quebra, o time de Itaquera continua defendendo uma invencibilidade nos clássicos em casa desde quando estreou em seu estádio.
Para os alvinegros, basta seguir como vem jogando, para encaminhar sua classificação de modo antecipado. Mesmo que tenha jogos difíceis contra San Lorenzo e Danubio. Para os são-paulinos, há de continuar o trabalho de melhora, buscar o crescimento, principalmente a transição rápida da defesa para o ataque e surpreender mais a defesa adversária. Tem mais gente para entrar e jogar, como Centurión e Pato, portanto, tem mais futebol a se apresentar. Então deve conseguir a classificação, mesmo que de forma sofrida. E tem o jogo da volta, ao final desta fase, para devolver o resultado.

 
 





