Paralimpíada de Tóquio-2020: Análise do quadro de medalhas

Publicado  quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Passado pouco mais de dez dias do fim da Paralimpíada de Tóquio, com uma soberania chinesa e uma grande exibição dos paraatletas brasileiros, é interessante avaliar alguns números comparativos com o mesmo evento realizado há cinco anos no Rio de Janeiro.

Assim como nos Jogos Olímpicos, os Jogos Paralímpicos representam a excelência do alto rendimento. São carregados de simbolismos para quem não acompanha tão assiduamente, mas leva a mesma bandeira de inclusão sem capacitismo que, por exemplo, atletas transgêneros carregam. E, da mesma forma que o outro evento maior, essa Paralimpíada foi testemunha de grandes marcas alcançadas, inúmeros recordes batidos e geradora de novos heróis e heroínas. Vale ressaltar o contexto pandêmico vivido e que trouxe dificuldades para todos durante a preparação e adiamento das competições.
Tal como para os atletas sem nenhuma restrição física ou intelectual, Tóquio presenciou mais países medalhados em suas terras do que qualquer outra edição. Foi um um recorde de nações laureadas, 86 das 161 participantes, três a mais que em 2016. Também é interessante notar que há países que são potências olímpicas e mantém o desempenho como paralímpicas. Mas é mais nítido países que são super-fortes em um, mas não em outro. Um caso é o próprio dono da casa, o Japão é uma das cinco nações mais fortes nos esportes convencionais, apesar de ter crescido consideravelmente para essa Paralímpiada, não é igualmente forte nos esportes adaptados. A Ucrânia, por sua vez, vai muito melhor entre os paraatletas, assim como a Índia. O quanto um incidente longínquo como o ocorrido em Chernobyl ainda afeta a região e "produz" paraatletas competitivos? Os casos são diferentes em cada nação, já que é mais difícil detectar uma razão para explicar o maior sucesso do Brasil, por exemplo, neste segundo evento.
O fato é que o Brasil é ainda mais protagonista entre os americanos e toma o posto de segunda potência do Canadá. Estados Unidos é o principal país no continente, mas não chega perto de rivalizar com China ou Grã-Bretanha.
A África é o continente que mais sofre modificação entre os seis primeiros se comparado com o desempenho na Olimpíada. Tunísia, Argélia e Marrocos são países próximos à Europa, isso significa que estiveram mais próximos de grandes guerras e, possivelmente, acidentes com explosões. Pode ser apenas uma hipótese vinda de uma época mais antiga, mas pode explicar o melhor desempenho do que locais como Etiópia e Quênia.
Um aspecto que sempre chama atenção em Jogos Olímpicos é como vai ser o desempenho do próximo anfitrião, principalmente se há uma melhora no número de conquistas. Não acontece da mesma forma entre os Paralímpicos, mas o caso da França intriga porque não é nem uma potência dentro do próprio continente europeu.  
Como dito anteriormente, a China é soberana com larga vantagem para os britânicos em termos mundiais. No continente asiático, nem somando todo o restante chegaria perto do país. De qualquer forma, também é interessante avaliar que o Japão saiu de zero medalhas de ouro no Rio para 13 e teve o maior ganho de medalhas totais. 
A Oceania tem o menor número de países entre todos os continentes e reflete o número de medalhistas nos dois eventos. A diferença é que Fiji não foi contemplado como no Rugby olímpico. A Austrália, no final, quase ultrapassou o Brasil na sétima colocação, ficou há uma medalha de ouro de distância.

Quase todos os países que mais subiram posições, Japão (53), Israel (52), Jordânia (30) e Venezuela (27), saíram de nenhuma medalha dourada do Rio para 13, 6 , 4 e 3, respectivamente. 
Por outro lado, Egito (-34), Croácia (-24), Letônia (-21), Hong Kong (-28), Iraque (-31), Eslovênia (-13), Kuwait (-11), Namíbia (-18), Vietnã (-20), Lituânia (-32) e Quênia (-43) tiveram as respectivas perdas de colocações entre parênteses porque deixaram de ocupar o lugar mais alto do pódio. Todas essas nações conquistaram, ao menos, um ouro há cinco anos e não repetiram seu desempenho anterior.
Mas essa mudança é mais perceptível nos andares mais baixos. A China e a Grã-Bretanha foram os que mais perderam medalhas no total e mais ouro, especificamente, 11 e 23. Mesmo assim, mantiveram suas colocações em comparação aos Jogos passados.
Por fim, mais países estrearam no quadro de medalhas e ganharam seus primeiros ouros do que na Olimpíada, tinha sido apenas três novos países novos. Agora, além dos cinco novos, dois deles já conseguiram ouro, contra nenhum dentre os olímpicos. Também outros quatro países ouviram seus hinos, contra dois dos esportes convencionais.