Assuntos de fim de ano

Publicado  quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Chega dezembro, campeonatos no Brasil acabam, mas a quantidade de fatos esportivos que têm acontecido nesse período deixam pouca saudade das disputas futebolísticas aqui. Gostaria de dar uma passada geral em alguns deles que vi, mas não comentei.

Rugby
O Brasil venceu a Colômbia por 44 a 0, no Canindé, em partida válida pela repescagem sul-americana, e se manteve na elite continental da modalidade clássica masculina. Pude acompanhar esse jogo de perto, sem o glamour do Pacaembu, mas deu pra ver como a Seleção é forte comparado a outros adversários regionais, talvez esteja longe do restante da elite, Chile, Paraguai e Uruguai, ainda mais da Argentina, mas o crescimento é nítido, ano que vem tem o Six Nations da América, é um trabalho contínuo que vem surtindo resultado, tímido é verdade, mas que tem potencial.

Handebol
As meninas brasileiras, campeãs mundiais em 2013, não conseguiram repetir o bom desempenho neste ano e foram eliminadas do campeonato mundial nas oitavas de final, contra a Romênia, por 25 a 22. A Noruega bateu a Holanda na final por 31 a 23 e mostraram o quanto será difícil se equivaler às atuais bicampeãs olímpicas, campeãs europeias e mundiais nas Olimpíadas do ano que vem. Por mais que a Seleção Brasileira tenha a empolgação da torcida ao seu lado e a melhor jogadora de 2014, a armadora Duda Amorim, o sonho brasileiro tem que almejar uma medalha em casa e ficar contente com prata ou bronze. Já seria um feito gigantesco. Ouro já há candidatas mais fortes.

UFC
O lutador José Aldo não conseguiu defender novamente seu cinturão dos pesos-pena. Perdeu mais rápido do que se lê essa nota para o irlandês Conor McGregor, a luta durou 13s. Foi o tempo do adversário acertar dois golpes, um deles efetivo no queixo do brasileiro, que simplesmente apagou. Um combate que foi muito aguardado e comentado, mas seria exagero falar que foi um despreparo de Aldo? É difícil analisar uma vez que não foi massacrado durante os rounds. Aconteceu um soco bem encaixado num ponto vital. Todos que praticam artes marciais sabem que qualquer um está sujeito a isso. Mas essas lutas parecem aquelas coisas armadas de boxe, de fazer um circo antes, mas quando chega as declarações depois do confronto, todos são humildes e reconhecem o "grande campeão que é o oponente".
No fim de semana seguinte, Rafael dos Anjos manteve seu cinturão da categoria peso-leve. Venceu o americano Donald Cerrone no primeiro round. Foi a primeira defesa de título do niteroiense.

Surf
É impressionante como essa modalidade vem ganhando cada vez mais torcedores e praticantes no país. Graças a famosa "Brazilian Storm". A geração brasileira que vem sendo preparada para enfrentar os grandes surfistas mundiais em condições de igualdade em preparo e técnica. Prova disso foi o campeonato mundial WCT, conquistado pelo Adriano de Souza. O Mineirinho, de 28 anos, é considerado de uma geração mais avançada que Gabriel Medina e Filipe Toledo, que também chegaram à última etapa, no Havaí, com possibilidades de conquista do título. Mesmo com uma idade mais avançada, mostrou um surfe de alta qualidade e contou com a "ajuda" de Medina, campeão ano passado, para garantir o posto de número um da elite mundial.
Adriano venceu a tradicional etapa de Pipeline, na final brasileira contra Medina, algo inédito para o Brasil. Este, por sua vez, faturou a tríplice coroa havaiana, com a somatória de resultados de duas etapas da divisão de acesso mais a final na elite. Como se não bastasse essas conquistas, Italo Ferreira foi considerado o estreante do ano, terminando em sétimo no ranking principal. Seis das onze etapas tiveram um brasileiro no alto do pódio, três delas com Filipe Toledo. Ainda, Caio Ibelli foi o melhor na categoria de acesso, subindo com mais três atletas nacionais, serão dez entre os 34 do ano que vem.
Mineirinho teve como principal adversário, o australiano Mick Fanning, tricampeão mundial. O surfista de Sydney teve um ano de superação, com direito a ataque de tubarão em duas oportunidades, resgate de um surfista havaiano, antes de começar a última etapa do circuíto e morte do irmão mais velho no dia em que poderia ser campeão. Ainda assim, Mick foi eliminado por Medina somente na semifinal, ficando com o vice campeonato. Adriano também teve a perda de um amigo próximo, Ricardinho, morto no começo do ano por policiais.

Mundial de Clubes
O Barcelona foi ao Japão e fez o que se espera do melhor time do mundo. Conquistou pela terceira vez em sua história o Mundial de clubes. Os culés se deram ao luxo de poupar Messi e Neymar na semifinal, com Suárez dando show solo e fazendo três gols contra os campeões asiáticos Guangzhou Evergrande. Na final, o River Plate mostrou a velha raça argentina, lutou bravamente, mas o trio MSN fez toda a diferença, aplicando um novo 3 a 0.
É o primeiro time a conquistar três vezes o Mundial desde quando a FIFA assumiu a organização do torneio. O uruguaio Suárez foi artilheiro da competição com cinco gol, eleito melhor da final e da competição. Neymar se junta a Cafu e Dida como os únicos brasileiros a conquistarem Libertadores, Champions e Mundial.
É o time que mais joga bonito, que mais faz gols, que bate recordes atrás de recordes. Não tem como contesta a superioridade dos catalães no mundo do futebol hoje. Têm dois dos três indicados ao prêmio de melhor jogador do ano. Têm um meio de campo fantástico composto com Iniesta, Rakitic e Busquets. Têm um goleiro que está defendendo bolas absurdamente difíceis. Bons laterais e zagueiros que atendem bem à proposta de jogo do eficiente técnico Luis Henrique. E não há perspectiva de alteração desse cenário tão cedo. O trio de ataque parece não saber quando será o auge de sua forma e entrosamento.

Brasil perde no rugby, em noite de recorde de público no Pacaembu

Publicado  quarta-feira, 9 de dezembro de 2015


No amistoso disputado na noite da última sexta-feira, a Alemanha venceu os “Tupis” por 31 a 7, em jogo de preparação para a Seleção Brasileira. Mesmo assim, o público compareceu com mais de dez mil pessoas

O Brasil disputou um amistoso de rugby tradicional, jogado com 15 atletas de cada lado, contra a Alemanha no Estádio Paulo Machado de Carvalho neste último dia 4 e perdeu de um resultado proporcionalmente menor ao fatídico 7 a 1 do futebol.
O time da casa começou perdendo por 10 a 0, resultados de um try e um penal. Esboçou uma reação no final do primeiro tempo, ao marcar seus primeiros e únicos pontos da partida, com a força bruta de seus jogadores, vencendo na força uma jogada de scrum contra os alemães e empurrando a bola até a linha final. No entanto, antes do intervalo, o adversário teve mais uma penalidade a seu favor e deixando o placar em 13 a 7.
No segundo tempo, a técnica mais apurada de quem está mais acostumado a jogar com as principais seleções do mundo prevaleceu e acabaram ampliando a diferença, mesmo sendo em seguidas penalidades e apenas mais um try. O placar final foi 31 a 7. O atleta Nicholas Smith analisou o jogo: “pode ser a Seleção que for, mas sempre vamos encarar com seriedade, foi uma ótima preparação para semana que vem, eles jogam com os melhores e, com certeza, subimos de nível com a partida de hoje, é mais uma lição para continuarmos nossa crescente”.
A partida contou pontos para o ranking internacional e serviu de preparação para o embate que o Brasil terá contra a Colômbia, sábado dia 12, válido pela repescagem sulamericana.
Apesar do resultado adverso, a torcida brasileira compareceu em peso, com 10.480 pessoas, que fizeram uma grande festa, com direito a bateria tocando, como uma torcida de futebol. Foi recode de público de uma partida da modalidade no país. O capitão da equipe, Fernando Henrique Portugal, disse estar surpreso com a quantidade de gente presente: “Foi sensacional ver a torcida, no meio do campo, no meio do jogo, olhava pra a arquibancada cheia, via gente entrando ainda e até comentei com nosso back que não parava de entrar gente, foi impressionante, acho que deu uma projeção do que o rugby pode se tornar no cenário nacional”.
Foi a última partida de Portugal pela Seleção, ao final recebeu uma homenagem pelos serviços prestados e garantiu que ainda atuará nos bastidores do esporte, fazendo os demais atletas treinarem como ele não pôde na carreira.
O evento foi prestigiado também por atletas de outras modalidades, Gustavo Borges, Maria Ester Bueno e o paraatleta Daniel Dias estiveram presentes e acompanharam o acontecimento. Todos se mostraram satisfeitos com a repercussão que teve, visando os Jogos Olímpicos do Rio-2016. Vale lembrar que a versão olímpica é jogada com 7 atletas na linha.