Corinthians justifica o título conquistado e humilha o São Paulo

Publicado  segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Corinthians e São Paulo tiveram uma temporada de 2015 muito distinta. O Timão mostrou capacidade de reação, confiança no treinador, recuperação dos jogadores e crescimento do jogo. Já o Tricolor, foi a personificação da desorganização, sem capacidade de contratar ou promover jogadores, não traz o torcedor para perto no estádio, virou motivo de piada contra seus principais rivais.
O time alvinegro não teve um começo fácil, sendo eliminado no Paulistão e Libertadores. Mas a diretoria bancou o técnico que retornava há pouco tempo. Tinha jogadores contestados como Jadson, que oscilava muito, Renato Augusto, com suas seguidas contusões, Guerrero e Emerson que estavam de saída, um ataque em xeque com Vagner Love, Malcom e Luciano. Tite soube trabalhar o elenco para o Brasileirão e extrair o melhor que havia em cada atleta. Tanto que se tornou a equipe com melhores números ofensivos e defensivos da competição. Quando assumiu a liderança no decorrer das rodadas, não deixou mais esse posto, só ampliou a distância para o segundo. Passou a chamar atenção do técnico da Seleção Brasileira, que vem convocando três ou quatro jogadores da equipe para disputar classificatória da Copa. E os reservas deram conta do recado quando eram solicitados. Resultado: conquista do hexacampeonato nacional com três rodadas de antecedência. É bem verdade que a eliminação precoce da Copa do Brasil ajudou, pois enquanto seus adversários tiveram que jogar toda semana quarta e domingo, o Corinthians teve diversas semanas cheias para trabalhar e jogar apenas nos finais de semana. Nada que tire o mérito do título.
O time do Morumbi teve o início do ano semelhante em termos de resultado, com eliminações nas duas competições que participou. Chegou até a liderar o Brasileirão, mas a má gestão do ex-presidente Aidar, que entre outros atos, vendeu muitos jogadores de forma seguida, aliado com mudanças seguidas de comando técnico, falta de captação de recursos financeiros, jogadores desinteressados ou incompetentes tornaram o clube alvo de seguidas humilhações, lembrando épocas tenebrosas de seus rivais estaduais.
Ontem foi o encontro desses dois no Majestoso que entregaria as medalhas e taça ao Timão. Tite optou por poupar a maioria dos titulares. O São Paulo foi para Itaquera com o melhor disponível, querendo estragar a festa. Mas o que se viu em campo, foi uma surpreendente (por que não?) goleada dos reservas da casa por 6 a 1 nos visitantes. Uma lavada. A maior goleada da história do clássico. Um jogou futebol de alto nível, empolgado pelos quase 45 mil torcedores que empurraram durante toda a partida, o outro apenas esteve em campo, na maioria do tempo perdido e taticamente desorientado.
Não poderia ter jogo melhor para que o Corinthians pudesse comemorar. Quem diria que seu time reserva aplicaria sonoros seis gols num rival para celebrar seu sexto título? Um jogo em que até o goleiro Cássio "marcou um gol" ao defender uma cobrança de pênalti no final da partida. Com a vitória, chegam a 80 pontos, igualando a marca do Cruzeiro, maior pontuação do formato atual do campeonato. Ainda restam dois adversários para obter uma vitória a mais, batendo o recorde com 25 triunfos e isolando-se como a maior pontuação alcançada numa edição.
Não tinha situação pior para o São Paulo terminar a temporada completamente humilhado e devastado. Um futuro incerto ronda o Tricolor, com a aposentadoria eminente de seu maior ídolo, perdendo peças importantes, como o artilheiro da temporada Alexandre Pato, jogadores que vivem de lampejos tipo Ganso e Wesley, torcedores que não se motivam a incentivar o time. Resta buscar a classificação para a Libertadores nas duas rodadas que faltam, para salvar o que sobrou da honra.

PS: Joinville se tornou o primeiro rebaixado desta edição do campeonato. É um time que ascendeu bem rápido com apoio de investimento da cidade, mas viu o quanto é difícil permanecer na elite. Sendo este o objetivo para o ano que vem, o JEC terá que repensar o planejamento e se estruturar ainda mais.

Quando o esporte faz parte da história

Publicado  terça-feira, 17 de novembro de 2015

O Twitter da seleção francesa postou "torcedores ingleses e
franceses juntos vestidos de azul, branco e vermelho"
Hoje, o amistoso entre Inglaterra e França teve um significado muito maior do que apenas um jogo de futebol. A palavra amistoso nunca se valeu tanto. Era para ser um jogo ríspido entre dois rivais históricos, mas os acontecimentos da última sexta-feira 13 fizeram que esse jogo ganhasse mais importância do que uma mera preparação para a Euro-2016. O resultado passou a ser um mero detalhe.
Os ingleses mostraram muita civilidade e tolerância. Quem diria que um dia dois povos que protagonizaram inúmeras guerras entre si (cito duas: Guerra dos Cem Anos e Guerra dos Sete Anos) pudessem cantar juntos um hino de uma dessas nações, no caso a Marselhesa (canto controverso pela incitação "às armas cidadãos! Formai vosso batalhões! Marchemos, marchemos! Nossa terra do do sangue impuro se saciará!", mas que representa a cultura francesa)? Quem poderia imaginar que o símbolo do futebol moderno inglês, o estádio de Wembley teria as cores francesas em seu arco e dentro os torcedores fariam um mosaico com a bandeira do país vizinho? Que o Duque de Cambrigde, príncipe Willian, levaria flores ao lado dos dois técnicos antes do jogo?
Apesar de ser reticente com essas demonstrações e acreditar que há um cunho político, principalmente pelos ataques da França à Síria pós ataque terrorista, acho que era importante mostrar que o esporte pode se mostrar influente para o lado do bem na nossa sociedade, que não é uma esfera alheia a todos os acontecimentos e que pode propiciar momentos de alegria, mesmo em tempos tão difíceis.
Como presente para esse jogo histórico, o meia inglês Dele Alli acertou um chutaço de fora da área, no ângulo do goleiro Lloris, indefensável. Veja aqui, O jogo terminou 2-0 para Inglaterra, Rooney completou o placar. Faltou um gol francês.
Um outro exemplo que ocorreu há alguns anos foi a visita da Seleção brasileira ao Haiti, que pelo menos por aqueles dias em que os jogadores desfilaram em carros militares e jogaram contra a seleção local, foi esquecido a miséria e todos os problemas sociais que assolam o país mais pobre das Américas, puderam mostrar sorrisos sinceros de crianças e adultos haitianos.
Por outro lado, o esporte saiu derrotado duas vezes hoje: a partida que teria entre Bélgica e Espanha foi cancelada ontem, por aumento no nível de alerta de segurança emitido pelo governo belga. E há poucas horas de realizar o embate entre Alemanha e Holanda, em Hannover, foi descoberto um carro-bomba disfarçado de ambulância e depois um artefato explosivo numa estação de metrô, que teve de igualmente cancelar o evento. Uma pena, pois são quatro seleções que estiveram na última Copa, seriam jogos interessantes de se assistir.